Adora até então somente observava a cena, calada. Qualquer um que a visse de longe notaria que estava paralisada olhando na direção de ambos que se falavam euforicamente. Poderiam interpretar como ciúmes do noivo com a terceira presença ali, todavia...
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O feriado de Natal havia enfim chegado. Há apenas alguns dias, tanto si quanto a loira que, agora, ansiosamente olhava o forno para não estragar o assado dentro dele, receberam a notícia de que não seriam somente elas naquela casa mórbida. Um presente para ambas, mesmo que, Adora ainda se apavorasse com a ideia de ser mãe. Também havia chego uma carta da base onde Kyle se instalava no momento, desejando um ótimo feriado para a morena, para os pais e para a futura esposa. Ainda ponderavam se deveriam ou não imediatamente dizer ao pai da criança sobre a existência dela, pois Catra sentia que Adora ainda queria manter uma certa descrição por receio de ser julgada. Motivo esse que a levou não participar da ceia em família na casa de sua sogra pois se, seus "sintomas" resolvessem dar o ar de sua graça, teria dificuldades para se explicar e, evitando o transtorno, ambas optaram por permanecer ali, fazendo receitas tradicionais da época como biscoitos de canela, ouvindo a rádio natalina e conversando trivialidades sobre os últimos tempos. Algo que Adora sentia muita diferença em relação a Kyle: conseguia ser extremamente honesta com a morena, sobre qualquer coisa. Se sentia confortável com aquela presença amável.
- Hummm, o cheirinho está delicioso, Adora! - Elogiou a mais baixa, em seu visual despojado em estilo rockabilly, puxando a cadeira para se sentar - Não sinto cheiro tão caseiro e maravilhoso assim há anos...
- Se me lembro bem, sua mãe costumava fazer assados incríveis! Adorava ir até sua casa aos finais de semana para beliscar algo...
- Sim... - Brincava com a maçã que tinha na bandeja de frutas posta sobre o móvel - Ela quando queria sabia ser uma boa mãe.
Adora, que mantinha os braços cobertos pela blusa de lã vermelha cruzados à frente do avental florido, analisava a mulher que agora focava no chão. Catra era uma mulher forte e isso não precisava conhecê-la para saber. Seu estilo, seus traços, tudo nela inspirava confiança e poder. Ainda sim, Adora via através daquele olhar que a morena sofreu mais do que aparenta externamente. Tinha dor naqueles olhos, tinha sofrimento real. E, Adora gostaria de ajudar, porém não sabia como. Era horrível se tratando de diálogos muito íntimos, uma vez que não os tinha até conhecer - ou reconhecer - Catra Applesauce Weaver.
- Você sente falta dela? - Chamou a atenção de Applesauce - Sua mãe?
- Todos os dias. - Foi sincera, sorrindo pesarosa - Mas acho que foi melhor assim... Agora ela está em um hospital psiquiátrico... Não fica muito feliz em me ver quando tento ir visitar, logo, eu não vou mais.
- Se um dia você quiser... - Timidamente, os sapatos confortáveis da loira a levaram até meio metro da que melancolicamente lembrava da progenitora - Podemos ir vê-la. Talvez, comigo lá, ela aceite melhor a visita. Não que eu seja grande coisa, só que... Bem, ela gostava muito de mim, se me lembro bem.
