"Ao contrário do que dita a sociedade, alguns homens realmente admiram mulheres que dizem exatamente o que pensam".
— Lady Joan Morrison
Joan Morrison não via nenhum problema em trabalhar duro e ganhar seu próprio dinheiro, mas, definitivamente, estava exausta após ter cumprido um turno de quase dez horas. Tudo que a lady realmente necessitava, era de um banho e uma boa noite de descanso. Todavia, lá estava ela, caminhando a contragosto, rumo o luxuoso salão de jantar destinado apenas aos ricos detentores de todo o poder. Joan soube, em determina circunstância, que realmente era difícil pertencer a classe trabalhadora, sem ter o privilégio de recusar os serviços quando solicitado. Porém, aquela foi a vida em que lady Morrison escolheu e tinha de aceitar que o mundo jamais foi um lugar fácil e se tornaria muito mais difícil, pois ela já não possuía os recursos de sua família. Cansada ou não, tinha de trabalhar.
Conforme fora instruída, Joan evitou entrar pela porta da frente e foi logo para o acesso destinado aos empregados, chegando até a grande cozinha caótica em pleno movimento e gritaria, até que encontrou a senhora Gibson, do outro lado, acenando para ela.
Com muito cuidado, a jovem percorreu e caminho, evitando se chocar com os garçons esbaforidos e finalmente alcançou a superior.
— Venha aqui, mocinha, transmitir as instruções. — disse a senhora Gibson, já adentrando pela porta ao final do cômodo.
Ali, na grande dispensa, encontrava-se quatro homens impecavelmente vestidos com uma camisa branca abaixo do colete preto, trajando a calça da mesma cor, e no colarinho, havia uma gravata borboleta. Joan fora orientada a usar o mesmo vestido cinza, sem graça, acompanhado pelo avental branco. Os cabelos permaneceram amarrados em um coque firme, embora, por mais que tentasse ajeitar, os fios indomáveis sempre acabavam escapando, fazendo-a ajeitá-los com frequência.
Joan colocou-se ao lado de Alice cuja garota apenas lhe sorriu em um gesto de cumplicidade.
— Essa noite, vocês serão responsáveis por servir um jantar muito importante o qual ocorrerá na saleta privativa. Servirão pessoas de extrema importância, como o senhor George Robson, proprietário desde navio e outros empreendimentos navais, que estará acompanhado do capitão William Russel e de lorde Albert Davies, o conde de Bastille. É esperado de vocês nada mesmo que a perfeição. Tudo deve estar em perfeita ordem e sincronia. Não me envergonhe. — advertiu Gibson, com seriedade.
Joan, pela primeira vez desde que deixou Londres, realmente ficou muito nervosa. Sendo uma lady, ela já havia participado de vários jantares importantes, cresceu sendo servida por seus empregados, mas nunca esteve na situação oposta, na qual teria de servir outras pessoas. Estava tão apavorada, que mal ouviu a senhora Gibson delegar as responsabilidades, até que a mulher parou de frente a ela e disse:
— Senhora Taylor, será responsável pela bebida. Não deve deixar nenhum copo vazio, a menos que seja solicitado. O senhor Robson exigiu que seja servido o vinho de sua vinícola, na Itália. Sirva-os, afaste-se rapidamente, evite o contato visual e mantenha a boca fechada. — instruiu, e voltou a atenção a todos quando declarou: — Sejam praticamente invisíveis.
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Como Domar Lorde Devil
Historical FictionNo final do século XIX, a sociedade britânica passava por significativas mudanças, todavia um fato continuava imutável: mulheres eram pressionadas a se casar. Na década de 1890, lady Katherine Morrison, mãe do importante duque de Hereford, decidiu q...