"O destino realmente possuí um senso de humor irônico".
— Lorde Albert Davies
No outro dia, Joan, apesar de ter dormido muito pouco, levantou-se tão logo ouviu Alice descer pela escada aos pés de sua cama. Obviamente, por conta da noite mal dormida, ela estava evidentemente de péssimo humor, desejava apenas se afundar na cama e não fazer nada o dia todo, porém, já não era mais a privilegiada lady Morrison, tornara-se a senhorita Jolie Taylor, uma mera serviçal que tinha de trabalhar. A contragosto, Joan respirou fundo, levantou-se, arrumou-se como a empregada que era, e partiu para fora da cabine, junto de sua companheira Alice.
Entretanto, antes que Joan começasse o expediente, a senhora Garrison se aproximou das garotas e disse:
— Senhorita Taylor, o capitão Russel procurou-me essa manhã e pediu para eu alterasse o seu posto de trabalho. Parece-me que houve certos problemas entre a senhorita e conde de Bastille. Por acaso tal homem faltou lhe faltou respeito?
Alice, que ainda permanecia ao lado de Joan, ficou mais vermelha que o próprio cabelo ao ouvir aquele questionamento.
— Não foi por falta de respeito, senhora Gibson. Trata-se apenas de incompatibilidade social. Ambos sequer somos capazes de respirar o mesmo ar. — respondeu a moça, com um leve balançar de ombros.
— Devo lembrar que a senhorita é uma serviçal, sendo obrigada a servir qualquer hospede nesse navio com um sorriso no rosto?
Joan, claramente envergonhada, baixou o olhar para os pés e sussurrou:
— Desculpe-me, senhora Gibson. Mas, em minha defesa, devo dizer que eu tenho realizado meu trabalho com muita seriedade, jamais me atrasei, nunca neguei qualquer pedido dos superiores, por vezes permaneci a postos além do meu expediente, estou sempre sorrindo, sendo educada, nenhum cliente reclamou de meus serviços, além de conde, é claro. Eu sinto muito, contudo, não posso aceitar ser tratada de forma condescendente por um homem que acredita ser superior a mim. Só tenho problemas com lorde Davies e ninguém mais. De qualquer forma, sinto muito se eu a desapontei.
De fato, a senhora Gibson gostava da sinceridade da senhorita Taylor. Não importava a ocasião, ela sempre se defendia, nunca permitia que a silenciasse. Taylor tinha um futuro muito promissor.
— Escutem bem o que vou lhes dizer, mocinhas. — começou Gibson, lançando um olhar para ambas. — Aqui, nesse navio, vocês são apenas empregadas, tendo a obrigação de servir os clientes da melhor forma possível. No entanto, jamais permitam que te humilhem e que as tratem como se fossem nada. Antes de tudo, são seres humanos que merecem o devido respeito. Se alguém ousar menosprezá-las por conta de suas posições, não tenham o receio de se defender. E se a outra parte não gostar do que dirão, mandem me procurar, eu terei o prazer de colocar o infeliz em seu devido lugar. Vocês me entenderam?
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Como Domar Lorde Devil
Historical FictionNo final do século XIX, a sociedade britânica passava por significativas mudanças, todavia um fato continuava imutável: mulheres eram pressionadas a se casar. Na década de 1890, lady Katherine Morrison, mãe do importante duque de Hereford, decidiu q...