Capítulo 3 - O Reino de Soretsey

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 O som da porta se abrindo pegou de surpresa os criados que ali estavam, quando seus olhos viram quem era:

—Vossa alteza! —Todas ali e o homem de cabelos grisalhos se reverenciarão assim que seguiram a princesa com o olhar.

—Não precisa de tanta formalidade... —Pronunciou a moça de cabelos longos trançados num tom loiro branco. Com passos ágeis que faziam seu vestido –de tom turquesa escuro e desenhado, com escamas perfeitamente colocadas, – balançar o longo saiote. Ela se aproximou com uma pequena preocupação em seu olhar. —Como ele está, grande Meistre?

—Está melhor, a febre abaixou com o remédio que lhe dei, vossa alteza! —Respondeu com as mãos unidas a frente de sua túnica escura.

—Faz um dia que está nessa condição... –Comentou ao chegar mais perto para olhar, –se curvando com seus ombros um tanto amostra–, seu rosto e depois voltou sua atenção para o Meistre.

Daemon acabou despertando ao som de vozes perto de sua cama. Ainda estava fraco e com um gosto horrível na boca. Entreolhou para a moça de corpo afeiçoado parada alguns centímetros dali conversando com aquele homem idoso, contudo, sua visão ainda estava turva.

—Entendo... —Comentou ela.

—Vossa alteza, não devia estar aqui nos aposentos desse homem. Seu pai irá... —Comentou o Meistre aflito.

—Grande Meistre, não ligo para o que meu pai acha. Vim ver se esse lorde melhorou! —Pronunciou séria. —E visitei cada um dos feridos, para ter certeza de que estavam bem!

Daemon tentava piscar para que sua retina voltasse ao normal. E acabou por vislumbrar uma beleza que chamou sua atenção, mesmo que a face estivesse de lado. E diferente da que viu primeiramente, essa estava vestida adequadamente para uma mulher.

—Não diga que estive aqui, Meistre. —Se distanciou com as mãos abaixo do peito unidas uma na outra. —Suspirou. —E se ele acordar, me avisem!

—Certo, vossa alteza! —Disse ao reverenciá-la, assim que as portas se fecharam voltaram a arrumar o local.

—Eu... —Pronunciou Daemon alguns minutos depois da saída da princesa.

—Senhor? —O Meistre agilmente foi ao seu lado.

—Estou em Westeros? —Perguntou com dificuldade na fala, como se estivesse rouco.

—Não meu, senhor. Aqui é Soretsey! —Respondeu o senhor.

—Hum... —Novamente aquele nome, que confirmou a Daemon que não estava sonhando ou alucinando. —O que aconteceu?

—O senhor foi resgatado junto com parte de sua tripulação do navio!

—Sede... Quero água! —Pediu ao sentir sua garganta seca e lábios, como se estivesse engolindo areia com a saliva.

—Água aqui! —Pediu o homem a empregada que encheu uma taça de metal e o entregou. —Devagar, senhor! —Indicou assim que o lorde se ergueu lentamente, mostrando seu peitoral enfaixado, e tomou goles pausadamente.

—Quem... é o rei? —Questionou ao empurrar o cálice não querendo mais o líquido.

—Nosso rei se chama Kaernon Targaryen! —Falou com orgulho.

—Kaernon... —Comentou remoendo numa careta. —Na arvore da minha família não tem esse nome!

—Posso lhe mostrar a arvore genealógica dessa família, assim que o senhor falar com nosso rei. Sua majestade, o rei, está ansioso para lhe falar!

—Diga então que quero me reunir, quero entender o que está acontecendo! —Fechou e abriu seus olhos. —Ainda estou confuso de tudo isso que aconteceu!

—Calma, meu lorde... —Preocupou-se ao observa-lo arrancar os lençóis e jogar as pernas para fora do leito.

—Estou bem! —Falou ao erguer-se mostrando sua nudez com faixas nas pernas, mão esquerda, coxas e pé direito. As duas empregadas pararam espantadas ao observar o corpo escultural do homem.

—Vocês duas, avisem ao cavaleiro para mandar a mensagem que o lorde acordou e está bem, para nosso rei! —As duas ainda continuavam ali encarando o corpo de Daemon. —Agora!

—Sim, senhor! —Disseram ao despertar e saírem rapidamente dos aposentos.

—Esse lugar... —Comentou ao chegar perto da sacada e espantar-se com aquela vista. A construção era extensa, de pedras chapiscada se perdendo entre um tipo de nevoeiro. Os criados e cavaleiros de armadura que andavam por aquele lugar pareciam formigas lá embaixo. —Esse é o castelo? E o reino?

—O reino, meu lorde. Está perguntando sobre a cidade?

—Sim! —Disse ao se apoiar no parapeito com as duas mãos.

—Está abaixo. O castelo fica em uma enorme montanha de rochas que se estendem mais ainda para os lados! —Pronunciavam com esmero.

—Aqui tem uma atmosfera diferente... —Sentiu uma brisa soprar em seu rosto e eriçar suas mechas claras e bagunçadas. O cheiro de maresia e flores intensificavam junto ao vento.

—É o que dizem, que o ambiente parece até ser mágico. —Gracejou o senhor de idade.

—Meus senhores! —Bateu a lança um cavaleiro ao adentrar o local. —Sua majestade, o rei, irá marcar uma reunião amanhã juntamente com suas mãos para recepcioná-lo!

Daemon o observou de soslaio, e voltou a encarar novamente aquela vista.

—Obrigado! —Agradeceu o Meistre. O homem de armadura acenou com a cabeça e saiu ao puxar a porta junto.

—Meu lorde, precisa descansar. Suas feridas ainda estão cicatrizando!

—Me sinto bem! —Disse sério ao vislumbrar o pôr-do-sol. Sua atenção se voltou para um caminho de pedras desenhado ao observar uma moça jovem com um cavaleiro armado ao seu lado, parar e conversar com algumas pessoas. Notou seus olhos diferentes do que já havia visto, e um sorriso que lhe lembrava alguém. —Quem é a moça? —Indagou curioso.

Meistre se aproximou da sacada e olhou na direção que o homem estava a encarar.

—Meu lorde, essa é nossa alteza, a jovem princesa Laienys. A única filha de nosso rei! —Enfatizou.

—Princesa Laienys... —Comentou ao dar um sorrisinho oculto, com um olhar soberbo e ao mesmo tempo intrigado para com a jovem garota que dava as costas para seguir em frente.

Targaryen: Terras perdidas além Westeros [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora