Capítulo 5 - Caraxes: O Wyrm de Sangue

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         Daemon descansou mais um dia, para seu desgosto. Seus ferimentos não eram tão profundos, mas dito pelo grande Meistre aquilo poderia lhe ocasionar uma infecção e febre. E o lorde não queria ficar um minuto a mais doente e em seu leito. O idoso lhe tirava a última faixa em seu peitoral com cuidado naquele momento.

—As feridas estão cicatrizadas, meu lorde... —Constatou ao ver os arranhões e marcas roxas desaparecendo.

—Grande Meistre, queria lhe perguntar algo... —Enquanto se vestia com suas roupas, retirando as de dormir.

—Sim, meu lorde? —Indagava ao colocar a faixa na bandeja de prata ao lado.

—Queria perguntar se por aqui tem algum rato ou algo do tipo?

—Não, meu lorde. Os empregados fazem uma limpeza minuciosa e nunca ouvimos falar sobre, a não ser abaixo do castelo. Mas, por quê?

—Eu não sei, achei ter ouvido algum barulho. Ainda mais vindo daquele lado! —Apontou ele com a cabeça para onde jazia uma porta sanfonada de madeira com minúsculos buraquinhos. —Mas acho que foi coisa da minha cabeça!

—Às vezes acontecem de o vento bater entre as brechas das paredes e fazer barulhos.

—Entendo...

—Se não precisar mais de mim, irei me retirar.

—Pode ir... —Disse sério ao lembrar da noite passada, enquanto o homem de cabelos grisalhos fechava a porta. —Eu devo estar ficando louco ou devia estar sonhando. —Falou para si ao recordar-se que vislumbrou um olhar dourado encarando-o pela a aquela porta sanfonada, ao estar deitado em seu leito.


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—Com cuidado... —Pronunciou Laienys em frente a grande caverna onde dormia os dragões. Caraxes vinha, em correntes, todo esguio ao soltar rugidos amedrontadores para os que observavam aquele grande lagarto de escamas duras de tom sangue sair ao bater suas imensas asas.

—Vossa alteza, ele está melhor. Se alimentando normalmente e as feridas que tinha já estão curadas! —Respondeu-lhe o homem de cabelos curtos com um bigode fino e preto. Usava uma proteção especial de tom preto que reluzia no símbolo em vermelho dos Targaryen.

—Bom... —Disse ao se aproximar daquela imensa criatura.

—Princesa, não acho uma boa alternativa se aproximar. Já que o dragão não teve convivência com vossa alteza! —Comentou preocupado.

—Senhor, eu já convivi tanto com meus dragões que até sei como são seus pensamentos! —Dizia ao esfregar os dedos um nos outros. Seu vestido de um vinho profundo brilhava perante a luz do sol. A moça se aproximou do animal que começou a se sacudir. —"Oh, oh... Tudo bem. Venho dizer que seu lorde Daemon está bem, Caraxes!". —Falava na língua valiriana. Aquele ser parecia entender o que a princesa dizia, ao abaixar a cabeça querendo algum carinho. —"Você é um lindo dragão, Caraxes. Sua cor é tão bela!" —Levou suas mãos e alisou parte de seu rosto escamoso, que estranhamente o fez fechar os olhos aceitando aquilo.

Daemon chegou com Mysaria ao seu lado. Ambos estavam acompanhados de Sor Marl, um homem grande vestido em sua armadura que trazia o brasão dos dragões no metal na frente e atrás, com uma espada longa em sua cintura na esquerda. Pararam surpreso, a alguns metros dali ao vislumbrarem a princesa perto do imenso dragão lhe acariciando. Mas Sor Marl achou aquilo algo comum ao respirar fundo e só observar. Já que a princesa era impulsiva em seus feitos.

Daemon deu alguns passos em direção aos dois.

—Em toda minha vida, nunca vi alguém chegar perto de Caraxes sem mim por perto! —Pronunciou a voz dando um sobressalto na princesa. —E ainda mais deixá-lo tão calmo para fechar os olhos!

A presença do lorde de cabelos loiros de tom quase branco deixou-a sem jeito e sem saber o que dizer.

—Lorde Daemon! —Disse sem olhá-lo ao continuar acariciando o dragão, e morder parte do lábio inferior.

—Vossa Alteza... —Disse ao reverenciá-la, mas a princesa não quis olhar.

—Não precisa dessa formalidade comigo, Lorde. Não sou meu pai... —Respondeu ainda sem encará-lo. Parecia temer algo enquanto sua mão deslizava de baixo dos olhos até o nariz de Caraxes, ao encontrar a mão de Daemon no caminho e parar de repente.

—Você é a princesa, que devo minha vida. —Comentou ao colocar seus dedos sobre os dela de maneira doce ao deslizar mais, com um sorriso de canto de boca. —Vossa alteza...

Foi nesse breve momento que os olhares de ambos se cruzaram, deixando a moça sem respirar por alguns segundos enquanto seu sangue esquentava.

Targaryen: Terras perdidas além Westeros [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora