Parte 02

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Apesar da minha proximidade com Guilherme, tanto eu quanto ele tínhamos uma vida independente da nossa amizade.

Eu fiquei sabendo por meio de um colega de Gui que várias meninas da sua escola eram apaixonadas por ele, como, aliás, eu já imaginava. Era comum também ele receber olhares nos lugares por onde passávamos. Sempre que eu lhe apontava o fato - Olha lá, Gui, aquela gatinha tá olhando pra você -, sua reação era se retrair, em vez de se animar. Isso não combinava muito com sua personalidade solar, pois essa timidez parecia ser bem específica e circunstancial.

Nesse tempo em que convivemos, Guilherme nunca chegou a namorar sério, mas eu já o tinha visto beijando meninas em festas ou shows algumas poucas vezes.

Mesmo depois que meus sentimentos mudaram e eu passei a sentir atração sexual por meu cunhado, essas coisas não me incomodavam. E, embora eu me interessasse por sua vida amorosa, Guilherme pouco falava disso e não parecia se envolver com ninguém além da superficialidade de uns beijinhos, em ocasiões esporádicas, o que não é exatamente um absurdo na idade dele.

No aniversário de 17 anos de Amanda, três meses depois de eu já ter feito 18, ela realizou uma comemoração na sua casa. Foi uma recepção modesta, para poucos convidados.

Guilherme trouxe um amigo chamado Rafael, seu colega de escola.  Eu já o tinha visto algumas vezes, quando eles faziam trabalhos escolares juntos. Também, quando íamos a shows, ele integrava a turma de Gui. O loirinho era simpático e bonito, apesar de possuir um nariz bem grande, o que, de modo algum, atrapalhava sua aparência, antes o deixava até mais charmoso, por mais improvável que isso parecesse. Sendo mais baixo e mais magro, parecia ser mais novo que meu cunhado, embora ambos tivessem a mesma idade.

Logo depois que ele parabenizou Amanda, saiu junto com Guilherme para o quarto. Eles passaram um tempo sozinhos lá, enquanto nós outros estávamos na sala.

Aquela demora começou a me incomodar. Vê-lo beijando uma menina não me causou o mesmo impacto de imaginá-lo trancado no quarto com outro garoto bonito. 

- Átila! Não está me ouvindo? - indagou Amanda segurando firmemente o meu queixo.

- Desculpa, Manda, eu estava distraído... - Em verdade, os dois garotos sozinhos eram o real motivo da minha distração.

- Vai querer ou não? - perquiriu Amanda, com o braço esticado segurando uma taça de vinho tinto.

- Obrigado! - peguei a taça e bebi tudo de uma vez só. Já era a terceira.

Amanda começou a conversar com as amigas e eu me afastei por um instante.

Inventei um pretexto para me intrometer no quarto de Gui. Quando entrei, os dois estavam jogando entusiasmados, fazendo movimentos rápidos com o controle nas mãos, o que foi interrompido com uma gargalhada de Guilherme e um suspiro do companheiro.

- Merda! - esbravejou o amigo que tinha acabado de ser derrotado. - Quer jogar, Átila? - perguntou gentilmente Rafael, me oferecendo o controle que estava usando. - Perdi pra esse viciado!

- Ah!, não, valeu! Eu também não consigo competir com ele nesse jogo.

- Eu é que já tô cansado de jogar com "noob" - desdenhou Guilherme, referindo-se a quem não é habilidoso no jogo.

- Então vamos lá pra fora - sugeri.

Os dois se levantaram e saíram pela porta. Guilherme ia na frente e Rafael deu um pulo nas suas costas, como quem pegasse uma carona. Minha vontade era derrubar o garoto de lá com um chute... "Por acaso não sabe andar?", pensei. Gui o carregou ainda por uns 3 metros até que ele desceu. O loiro parecia gostar muito de Guilherme, mas também eu nunca conheci alguém que não gostasse.

O Cunhado (conto gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora