Virei a cabeça lentamente em sua direção.
Eu podia sentir o fulgor do olhar esmeralda de Tamlin me esquadrinhando, nervoso. Alguma coisa urgente ardia dentro de si.
— Se você quiser... — respondi, meio vagamente, acenando com a cabeça.
Toda aquela desconfiança ainda latejava dentro de mim, o jeito aéreo e distante do rapaz durante todo o jantar parecia quase um reflexo oposto ao fae que me acudira pela manhã ou o que me buscara nos meus aposentos para o jantar. Aquele mesmo fae que falara sobre não querer barreiras entre nós.
Tamlin soltara um suspiro resignado e suas feições, por um momento, se tornaram duras.
Depois de um longo segundo de silêncio o rapaz desviou seu olhar, constrangido, e murmurou — Perdoe-me.
— Está tudo bem. — menti, tentando me desvencilhar dele. De alguma forma, a segurança que Tamlin sempre me passara havia esvaído naquele instante.
Não era como se eu tivesse deixado de confiar e acreditar no homem diante de mim, mas algo dentro de mim parecia ferido com a maneira que Tamlin lidara com meu desabafo, com meu pedido de ajuda.
— Não, não está — ele retrucou, sucinto. Seu olhar esmeralda agora ardia em mil centelhas em minha direção. Forte, confiante — Por isso pedi para levá-la ao quarto. Preciso conversar com você. Me justificar.
— Você não precisa me justificar nada — disse, com a voz embargada. Algo se revolvia dentro de mim como uma maré agitada.
Meu coração se acelerou quando vi, lentamente, a mão de Tamlin se direcionar para dentro de seu colete, recolhendo o papel que eu o entregara mais cedo.
— Sim, eu preciso.
Com um aceno positivo de cabeça, lhe direcionei a mão e novamente Tamlin me conduzira, desta vez no caminho inverso, em direção à saída e as escadarias, longe do tumulto da contenda entre Will e Oberon.
☙❧
— Estou tendo de lidar com alguns problemas esta semana — Tamlin começara, quando eu silenciosamente o indagara, depois de um longo instante de silêncio enquanto caminhávamos pelo largo corredor.
Arqueei uma sobrancelha, confusa, em sua direção.
Uma suave e breve gargalhada escapara pela garganta do rapaz — Está me olhando igualzinho à Oberon! — alfinetou.
Depois de um beliscão como punição – que fizera ambos rirmos e me fizera retomar um pouco daquele sentimento de leveza que sempre sentia quando com Tamlin – o jovem continuou, agora novamente sério — São as fronteiras.
— Como assim?
Um suspiro profundo, como se Tamlin estivesse se preparando para dar uma longa palestra — Existe um agitamento crescente. Entre a fronteira entre as cortes... ...e também entre a do véu. — ele engolira em seco, ao pronunciar a parte final.
— Isso é perigoso? — acredito que meu receio se fez nítido na minha feição, pois Tamlin me dera outro de seus sorrisos compassivos e acolhedores.
— Não. Por enquanto. — ele confessou. Eu podia sentir um tom de receio, porém camuflado em esperança, em sua fala.
Suspirei profundamente. Agora eu reconhecia de onde vinha aquele medo em seu olhar mais cedo.
Uma nuvem de desconfiança pairava por sobre aquele mundo e minha presença ali era só um reforço a isso tudo.
— O que minha presença aqui tem a ver com tudo isso? — perguntei, receosa, limpando a garganta. Eu sabia a resposta.
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𝐀 𝐒𝐨𝐦𝐛𝐫𝐚 𝐀𝐥é𝐦 𝐝𝐨 𝐕é𝐮
خيال (فانتازيا)O M U N D O M I S T E R I O S O D A S F A D A S V I S T O P O R D E N T R O Além dos mitos humanos, das suas histórias macabras sobre os fae - seres poderosos, que habitaram sua terra há muitos anos atrás - existe a verdade que se oculta por t...