Cap. 1 Alby...

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Acordo desnorteado em plena escuridão. A dor em minhas têmporas é intensa. Dor. Sinto pontadas em meu cérebro, é como se pequenas facas entrassem e saíssem da minha cabeça aleatoriamente. Não consigo me lembrar de nada além de informações substanciais de uma existência que, não sei ao certo se foi real. Lembro-me de algumas coisas relacionadas à minha vida, mas não me lembro de nomes ou rostos. Isso me deixa frustrado. Quem sou eu? Nem mesmo sei meu nome.
Passo a mão sobre a cabeça conforme sinto uma pontada excruciante. Tento me levantar, estou um pouco zonzo. Onde estou? Sinto a superfície fria como metal, e então ouço os barulhos de algo se movendo, estalidos e cliques de metais e correntes, presumo. Algo me diz que não estou sozinho, pois ouço respirações entrecortadas, gemidos e soluços.
De repente, sinto um solavanco que me empurra para baixo, estamos nos movendo para cima. Um elevador. Como posso saber disso se não me lembro de nada? Faço um esforço sem precedentes para me levantar, a velocidade do elevador desestabilizadora. Com essa sensação de movimento rápido associado à dor que sinto, acabo ficando enjoado. Tento - sem sucesso - segurar seja lá o que for que tenho no estômago, pois não sei para onde estou indo, não sei se há comida, apenas sinto que não vou gostar. Afinal, por que outro motivo teriam que me desacordar para me enfiar em um buraco, do qual não sei o destino? Não faz o menor sentido. Acabo pondo tudo pra fora ali mesmo. De repente, ouço uma voz abafada e desnorteada começando a surgir no compartimento.
- Quem está aí? - Pergunto, sem saber se deveria - afinal, quem me colocou aqui fez com que não me lembrasse de nada, por que, seja lá quem fosse, se lembraria? - Tem alguém aí?
Ouço um grunhido e, então, alguém responde.
- Não me lembro de nada. Onde estou? Quem é você? Que cheiro é esse?... - Então ouço som de ânsias de vômito ecoando pelo compartimento, o cheiro e o som são tão desagradáveis que tenho de lutar para manter o que restou em meu estômago, dentro dele. A sensação passa e recomeço o interrogatório.
- Você sabe para onde estamos indo? Digo. Mas então me lembro que ele - supus que fosse um garoto, pelo tom de voz - disse que não se lembrava de nada. Ouço mais vozes vindo daqui e dali, ecoando e formando um coro de lamentações interminável, perguntas sem respostas enquanto o elevador se move.
Não sei se era impressão minha, mas parecia que aquele buraco não ia acabar nunca, o elevador não parava de subir e parecia que estávamos ali há uma eternidade. De repente, a velocidade aumenta e o solavanco é inevitável, uma luz que ora fica vermelha ora fica Verde - ainda não sei como me lembro o nome das cores, é enlouquecedor - começa a iluminar sutilmente o lugar e percebo que há pelo menos uns 10 garotos no local. Garotos? Por que somente garotos?
- O que diabos está acontecendo aqui?. Outra voz masculina ecoa no lugar, é mais nervosa e parece estar querendo explodir. - Quem são vocês?
- Calma aí cara, estamos todos no mesmo barco aqui. Fica tranquilinho aí no seu canto. - Digo, tentando não me estressar com aquele cara, minha cabeça já está doendo o suficiente para arrumar uma confusão em um espaço tão pequeno.
A luminosidade aumenta um pouco e vejo que estamos chegando próximos a uma porta acima de nossas cabeças, mas também posso ver alguns traços dos rostos dos garotos, o mais velho - suponho eu - deve estar na casa dos 25 anos. Minha suspeita se confirma, somos apenas garotos, nenhuma garota. Acho que o objetivo de quem nos colocou aqui não inclui nos reproduzir. Um alarme alto ecoa por todo o túnel do elevador e a velocidade é tão absurda que tenho a impressão de que.. Ah, droga! Vamos bater. Peço a todos os que estão acordados e em pé que se segurem para diminuir o impacto, eles obedecem. O elevador vai se aproximando cada vez mais, chegando mais perto da porta grande de metal e, finalmente, a 5 centímetros da porta, ele para fazendo com que todos caiam esparramados pelo chão.

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