Como estou ainda de vigia quando as portas começam a se mover, corro para lá o mais rápido possível, a fim de verificar se as criaturas ainda estão lá. Os dois rapazes que estavam comigo na noite também seguem em meu encalço. Paro próximo a uma das portas, vejo que mais caras estão se dirigindo às outras portas - afinal, são quatro lados nessa prisão onde nos encontramos. As portas começam a se movimentar e me preparo para o combate, mas..... misteriosamente, as coisas não estão mais lá.
- Será que se esconderam atrás das paredes para nos emboscarem? - pergunto, mas sem resposta. - Vou verificar!
Entro no corredor escuro, pois ainda não raiou o sol completamente, pego um pedaço de madeira que encontro no chão e sigo, sem fazer barulho. Prossigo, o mais cuidadoso que consigo, e, então, chego ao fim do corredor, mas.... espere... tem uma curva que dá para outro lugar, e outra que dá para outro... Vou seguindo sem saber ao certo aonde vou e tomando cuidado com um possível ataque das criaturas. Espere um pouco... Eu acho que conheço esse padrão de muros e corredores.. Mas como é possível, se não me lembro de nada? Descubro que tenho certeza da minha ideia quando chego a um corredor sem saída.... Ah, mas que merda! Isso é um Labirinto! A droga de um maldito Labirinto!
Ouço um barulho de metal rastejando pela hera, olho ao meu redor mais não vejo nada, preparo-me para o ataque do que esteja lá, mas nada vem para acabar com meu sofrimento. Então, vejo um pequeno objeto com uma luz vermelha saindo de seus olhos robóticos e me encarando, é bem pequeno e feito de metal como imaginei. Ele fica parado ali, me olhando. Se parece com um inseto, um besouro talvez. Faço menção de me aproximar para verificar o que é, mas a criatura sai rastejando pela parede do muro, que parece ainda maior daqui de dentro, mas, antes que ele se perca da minha vista, eu consigo ver.. Mas não acreditar.... Vejo pequenas letras gravadas no corpo da coisa, elas formam um palavra que me causa arrepios de terror... Elas formam a palavra: C.R.U.E.L.
Ouço um alarme vindo da clareira e gritos de garotos - pelo menos não me distanciei tanto da saída, mas preciso me aprofundar mais nesse Labirinto para saber mais sobre o que está acontecendo aqui. Chego a saída rapidamente, fazendo o caminho contrário ao que fiz para entrar, alguns dos rapazes me esperam.
- Muito corajosos vocês são, eu poderia ter morrido sozinho naquele buraco, muito obrigado! - digo, com ironia. - O que diabos está acontecendo agora? Que raio de barulho é esse? - olho para os rapazes, eles estão tão apovarodos que nem conseguem se mexer. - A caixa! Merda! Tinha me esquecido dela!
Corro até lá, os rapazes se empilham em volta do perímetro. As portas de metal que se abriram para sairmos, se encontra totalmente fechada e o barulho não para. Procuro Alby para conversar a respeito do Labirinto, mas não o encontro - não o suporto, mas ele foi o que me pareceu mais sensato aqui. De repente, o alarme cessa e as portas começam a se movimentar. Por dentro explodo em um misto de sensações, fico aliviado e abismado ao ver o conteúdo da caixa: Mantimentos e remédios.
Os garotos ficam loucos e quase se atiram uns em cima dos outros, eles estão famintos. Avisto Alby, ele já se apressou em seu discurso sobre a importância do racionamento e uso inteligente.... Balela! Não me interessa essa parte burocrática da coisa.
Ele termina e o chamo para conversar em particular, conto a ele tudo o que vi e o que penso. Ele organiza uma reunião aberta na sede para que eu possa contar a todos ao mesmo tempo. A reunião começa e fico de pé para falar.
- Como todos já perceberam, eu não sou muito amigável e nem cauteloso com palavras, mas o que venho dizer a vocês hoje é algo muito sério, talvez a coisa mais séria que já disse na minha vida. - todos me encaram, alguns debocham, mas eu não ligo, continuo. - Acho que sei o que devemos fazer para sair daqui, mas não vai ser nada fácil. Temos que atravessar aquelas portas e achar a saída do....do Labririnto!