1 semana depois....
Levanto e vou ao banheiro perto do meu quarto pra mijar, estou zonzo de sono mas percebo que ainda não amanheceu plenamente. Olho pela janela e vejo as portas ainda fechadas, não ouço barulhos das monstruosidades dentro do Labirinto. " Acho que foram dormir mais cedo ", penso. Olho em volta e me lembro de que hoje acaba nossa comida, exatamente no dia que escolhemos para entrar lá dentro e achar a saída ou morrer tentando. Resolvo acordar todo mundo, pois a hora das portas abrirem está próxima.
- É hoje o dia em que sairemos desta merda de lugar! Levantem seus Trolhos! - digo, batendo em algumas portas para fazer barulho. Minho sorri torto pra mim, ainda com a cara inchada de sono.
- Vejo que meu palavreado pegou mesmo! - ele diz sorrindo, e percebo uma pontinha de orgulho em seus olhos quase imperceptíveis por serem pequenos.
- Andem logo, teremos nossa última refeição antes de entrarmos lá. E, quando digo última, quero dizer "última" mesmo! - todos me encaram, como se eu tivesse feito alguma ofensa grave que merecesse punição imediata, mas ninguém se pronuncia. Acho que, no fundo, todos sabem que estou apenas sendo realista.
Vamos para o refeitório depois que todos levantam e comemos o que nos restou de toda a comida que nos enviaram: algumas barrinhas de cereais e fatias de pão. Água não tem nos faltado desde que chegamos por causa do riacho que fica perto do recém-inaugurado "cemitério", mas a comida não é tão fácil de arrumar por aqui. Não temos árvores frutíferas, nem sabemos como plantar sem sementes, além de nossa falta de memória! No momento em que concluo esse pensamento, o alarme toca. O mesmo que ouvimos dentro da caixa, o mesmo que ouvimos quando a comida chegou. "A CAIXA", penso. Corro na direção dela pra saber se estou certo e vejo que alguns garotos tiveram a mesma idéia. Ficamos lá, parados, esperando.
Depois de alguns longos minutos, o alarme para de tocar e ouço um barulho de ferro e correntes sendo travadas. Esperamos de novo. Finalmente, as portas começam a se arrastar, assim que é possível minha passagem, eu pulo pra dentro da caixa e vejo o conteúdo.
- Mais COMIDA! - grito, com alívio perceptível na voz. Alby vem correndo pra me ajudar com os sacos de alimentos. Levamos tudo para o refeitório e despejamos tudo nas mesas. Ele faz as contas e deduz que é o suficiente para mais uma semana.
- Será que vão nos enviar comida uma vez por semana? - pergunto, olhando para o Alby. Ele responde apenas com: - Não tenho tanta certeza. Eles querem que achemos a saída, mas colocam monstros lá, eles querem nos fazer viver em pânico, mas nos dão um certo conforto. Eu absolutamente não entendo esses malditos Mertilas! - todos olham pra ele, sem entender. Ele apenas balança a cabeça e dá de ombros. Ouço um barulho estranho vindo detrás da geladeira e vou verificar, vejo uma criatura que me lembra um inseto, mas... Espere um pouco... Ele está coberto de metal e tem algumas letras gravadas nele! Os olhos de laser do inseto de metal se voltam pra mim e ele começa a subir pela parede, tento persegui-lo, mas é inútil, ele consegue escapar. Olho pros garotos e os vejo me encarando, conto o que vi e Minho se aproxima de mim, diz que viu a mesma criatura dentro do Labirinto. O que será isso? Uma forma de nos monitorar? Talvez. - Precisamos pegar tudo o que der e entrar naquele inferno assim que as portas se abrirem, não quero perder mais nem um segundo aqui! - digo com uma seriedade preocupante. Alby começa a dar ordens para os garotos que foram selecionados como sendo os mais fortes, para fazerem trouxas com os alimentos e os remédios usando os lençóis das camas na sede, eles obedecem. Por algum motivo, acho que escolheram Alby como líder do grupo, talvez porque ele seja o mais racional e tranquilo do grupo, ou por ser o que aparenta ser mais velho dentre os rapazes. Seja como for, eu gostei da idéia de ter ele como um líder e não o Minho.