Cap. 2 Minho...

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As portas se abrem, fazendo com que todos dentro do elevador coloquem as mãos sobre os olhos - após ficar tanto tempo na escuridão, é claro que ficamos quase cegos diante da Luz. Olho ao redor, todos espantados, acho que vou ter que ir primeiro - bando de boiolas -, dou um impulso pra sair tapando a cara.
-Vocês não vêm? - Olho pra baixo, todos me olham, incrédulos. - Tá bem, uma hora vcs vão morrer de fome e sede ai dentro! - falo com um sorriso de ironia no rosto.
Aos poucos os garotos começam a sair. Finalmente paro para dar um olhada ao redor.... Meu Deus! Como isso é possível? Onde viemos parar? Estamos no meio de um quadrado perfeito, com muros gigantes de pedra nos cercando e, bem no meio desses muros, há aberturas tão altas que quase se perdem de vista. O que será isso? Há algo atrás das portas, deveria dar uma olhada, mas não agora, estou faminto!
- Alguém aqui se lembra de seu nome? Sabe como viemos parar aqui? Viram comida no elevador? Ah, que merda! - chuto a grama.
- Cara, como consegue pensar em comida agora? Estamos no meio do nada, num lugar totalmente desconhecido, e vc pensa no seu estômago? - Diz o cara que estava fazendo perguntas no elevador.
Agora percebo um pouco das características dos garotos que vieram parar nesse raio de lugar comigo. O garoto que acaba de falar é negro e alto, é quase que careca e bem carrancudo, tem um outro que me chama muito a atenção, ele é alto e bem magro, tem os cabelos louros e ondulados, tão pálido quanto às nuvens que estão no céu ensolarado. Há mais alguns caras conosco, mas nada em especial.
- Você está ficando louco? - pergunto, raivoso - Estamos no meio do nada se você não percebeu, vamos sentir fome alguma hora e estamos em um número razoável aqui. Desculpe se tentei pensar em como não acabarmos morrendo de fome ou comendo uns aos outros! - Esse cara me irrita. - Alguém se lembra de alguma coisa, merda?
Ouço apenas respostas negativas, então decido explorar o local. Vejo uma pequena construção, um lugar com mesas e cadeiras - lembrando um refeitório - tem uma cozinha também. Vejo uma floresta em um dos cantos do espaço em que nos encontramos e no outro vejo algo que lembra um celeiro.. - Ah.. cara, os outros garotos estão pirando com a amnésia, até que estou achando engraçado não me lembrar de nada, sem preocupações com quem deixei pra trás, uma namorada chata e pais que querem controlar sua vida... Pais! Será que estão sentindo minha falta?
Fico próximo à uma das portas que dão pra um extenso corredor, não consigo ver mais do que isso, a altura dos muros me deixa com tontura só de imaginar estar lá em cima, decido não entrar lá ainda, por que, algo me diz, que não vai ser tão fácil sair daqui.
- Temos de arrumar abrigo para a noite! - grito para os outros - Ah, não. Podemos ficar nessa "casa" aqui. Vou entrar primeiro pra ver se está segura seus bundoes. - Todos me encaram, alguns com expressões de desgosto e raiva no rosto. Entro e vejo alguns móveis velhos espalhados aleatoriamente. Subo as escadas de madeira mau feita, e encontro alguns quartos lá em cima, cada um com uma ou duas camas e criados-mudos ao lado delas.
Escuto um estrondo e o chão todo treme, olho pela janela e vejo os outros caras correndo pela clareira até a uma das portas entre os muros. Que merda está acontecendo agora? Desço correndo e saio do prédio, corro o mais depressa que posso até o encontro deles.
- O que vocês fizeram agora? Não podem ficar 5 minutos sem mim, que já arranjam problemas? - resmungo.
- Não fizemos nada, estávamos apenas olhando perto da cozinha quando ouvimos o barulho. Fique calmo, estamos no mesmo barco aqui, japa! - exclama o rapaz magro e louro. Ele realmente me chamou de japa? Espero estar errado, mas mesmo assim, acho graça. - Espere, as portas! Estão se movendo!
- Não seja idiota, isso é impossível! - dou de ombros. Olho para as portas e.. Fico pasmo de ver que é verdade. Como? Não pode ser!

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