Cap. 7 Alby...

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Fiquei espantado com a cena, o que foi que acabou de acontecer aqui? Meu Deus! Agora está comprovado, querem mesmo nos matar! Não sei o que dizer ou o que fazer, a não ser olhar para o corpo totalmente desfigurado do garoto e seus órgãos espalhados pelo chão. Olho ao redor e vejo garotos vomitando aqui e ali. A cena é espantosa, não é para qualquer um. Resolvo me pronunciar.
- Acho que devíamos pelo menos mostrar algum respeito, já que ele veio parar aqui conosco. Alguém pode me ajudar a encontrar um lugar em que possamos enterrá-lo? - digo olhando em volta. Minho se oferece para ajudar, é claro.
Achamos um canto mais profundo na pequena floresta escura, lá cavamos um buraco para pôr os restos do rapaz, um dos outros garotos pega um dos lençóis e outro o ajuda a retirar os restos do chão e enrolar no lençol - eles quase vomitam em cima do cadáver, mas resistem -, os outros se encaminham para a floresta para ajudar no enterro. Fico impressionado com o quanto ficamos solidários uns com os outros mesmo sem nos conhecer, acho que esse lugar nos uniu de alguma maneira, mesmo sem memória. Isso me dá um instante de paz.
Depois de aberta a cova, os garotos mais fortes erguem o embrulho e o colocam no fundo do buraco, depois que eles saem de lá outros jogam a terra com ajuda de pás improvisadas. Os rapazes que o conheciam dizem algumas palavras e se despedem. É uma pena, eu não conhecia ele muito bem, apenas de vista desde que chegamos, mas acho que foi melhor assim - já é tristeza suficiente saber que estamos presos em uma merda de Labirinto, com monstros à espreita toda noite, e ainda, pessoas de quem vc gosta morrendo. Acho que devemos ter feito algo muito ruim para terem nos colocado aqui, algo muito ruim mesmo! Que tipo de pessoas somos? Será que cometemos algum crime imperdoável e fomos postos aqui para pagarmos? Mas.. Então pq nos mandariam comida, tirariam nossas memórias, deixariam apenas os nomes e fechariam as portas a noite? Isso não faz sentido algum. De qualquer forma, ainda precisamos investigar o que aconteceu com esse garoto, descobrir o que ele viu lá em cima. Será que foi a saída? Será que ele ficou tão entusiasmado com a ideia de estar livre que esqueceu de tomar o devido cuidado? Mas... pensando em retrospecto, ele pôs os braços sobre o rosto, parecia estar tentando se proteger de alguma coisa, o que será? Isso não está me cheirando bem.
Os garotos se revezam e fazem a refeição, apesar de o clima não ser dos melhores, todos comem sem reclamar. Organizo uma nova reunião e peço para comparecerem depois do almoço, todos, sem exceção. Eles são pontuais e, por isso vou direto ao assunto, sem floreios.
- Estou decretando a partir desse momento, PRECISAMOS ACHAR A SAÍDA DESTE MALDITO LUGAR! - digo, aos berros. - Não quero que mais ninguém morra neste inferno, e se para isso precisamos entrar naquela droga de Labirinto, então que assim seja! Vamos durante o dia tentar achar uma saída, em um grupo pequeno para não nos arriscarmos tanto. E, assim que acharmos, todos vão tbm. Não quero perder mais um dia sequer que não seja tentado escapar dessa merda. Quem está comigo? É agora ou nunca! - dou meu ultimato.

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