Cap. 4 Alby...

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Vejo os garotos desesperados, correndo de um lado para o outro. Estão em choque, assim como eu! Me deixo cair por terra, em absoluto terror pela cena. Não consigo acreditar, por que estão fazendo isso conosco? O que querem de nós? Começo a gritar e ponho as mãos na cabeça tentando abafar os outros. Espere.... As portas estão fechadas... Será que quem nos enfiou aqui tbm teria se preocupado em fechar os muros para que ficássemos seguros? -se é que estamos seguros. Tenho um momento de lucidez e penso em compartilhar meu pensamento com eles, tentar acalma-los.
- Esperem! Vocês não acham que quem nos trancafiou aqui tbm não se preocupou com a gente? Pensem bem, por que esses muros fecharam instantes antes desses monstros aparecerem? Vocês não estão raciocinando direito, eu entendo vocês mais do que ninguém, isso dá medo, com certeza! Mas sair gritando por aí não vai adiantar, vamos esperar até amanhã e torcer pra que essas criaturas não consigam atravessar ou escalar esses muros, enquanto isso, podemos nos esconder no prédio. O que me dizem? - digo, percebo que eles se acalmaram um pouco e consideram a ideia.
- Ótimo, então. Tomara que esteja certo, não quero ter de empurrar ninguém pra me safar dessas coisas! - Diz o asiático, com tom de ironia.
- Vou fingir que não ouvi sua voz. - respondo e ele abaixa a cabeça.
Vou na frente em direção ao prédio, o pôr-do-sol já findou e precisamos de abrigo. Peço a um garoto alto e forte que verifique a caixa para ter certeza de que não deixamos nenhum alimento lá dentro. "Pelo menos temos água", penso, há um riacho pequeno, então vai levar pelo menos uns 3 ou 4 dias para estarmos mortos.
Faço todos entrarem e se acomodarem, o garoto volta e meus olhos ficam perplexos de ver que ele achou algumas latas de feijão e frutas. Vai servir pra hoje. Distribuo a comida igualmente para todos, muitos desejando repetir, mas a comida é pouca e já não vai sobrar nada.
- Amanhã precisamos dar um jeito de sair daqui o quanto antes! - Diz o garoto loiro e magricela. - Pelo que percebi, essas coisas vão sair à noite, depois que os muros se fecharem. Só espero estar certo. Alguém conseguiu ver o que há atrás daquelas paredes de concreto, além das criaturas?
Tudo o que ouço são respostas negativas e cabeças balançando de um lado para o outro. Mesmo daqui de dentro, conseguimos ouvir os gritos horrendos das monstruosidades, fazendo com que alguns se arrepiem e tremam. Decido mudar de assunto para fazê-los desviar a atenção dos gritos.
- E, então, alguém já se lembrou de alguma coisa de sua vida antes daqui? Nome? Pais? Namorada? Qualquer coisa? - pergunto. De repente um garoto no fundo levanta a mão e diz:
- Tudo o que consigo me lembrar até agora é meu nome. Me chamo Abraham. É só isso!
- Alguém mais? - Pergunto. Aos poucos, o burburinho vai ficando mais alto, eles começam a falar os seus respectivos nomes, mas... apenas isso. Nada mais.
Um clarão me passa pelos olhos e então a informação chega até meu cérebro.... Meu nome é Alby. Que sensação estranha de prazer e desespero por não lembrar nada além disso. O asiático se chama Minho - que raio de nome é esse? - e o loiro magricela é Newt.
- Ótimo, rapazes. Continuem se esforçando para se lembrar, quem sabe não conseguimos sair logo daqui se lembrarmos de alguma coisa antes de virmos parar aqui! Agora que já nos conhecemos, podemos tentar dormir, estou exausto. - digo, me encaminhando para o andar de cima.
Entro em um dos quartos e vejo uma cama, me jogo nela, ouvindo o ranger da madeira. Parece limpo e arrumado. Será que alguém passou por aqui antes de nós? Acho que não. Me viro de lado e penso nos acontecimentos do dia enquanto ouço os lamentos das criaturas que devem estar sedentas por sangue.
Demora um pouco mas eu consigo dormir, já que Minho se dispôs a montar guarda com outros dois garotos - Pelo menos alguma atitude sensata. Pego no sono e deixo que ele me leve a outra dimensão, até que alguém me sacode aos gritos: " As portas estão abrindo! "

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