Cap. 10 Alby...

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Faço os rapazes se organizarem de acordo com a capacidade de cada um, ordem de tamanho e desenvoltura para seguir na frente, os mais "fracos" no meio, eu vou atrás com Newt para supervisionar a retaguarda. Quando dou por mim estamos na frente da entrada Norte do Labirinto... É aterrorizante saber que estamos prestes a entrar lá e encarar a morte de frente, tento pensar que a recompensa será a saída desta droga de vida que nos deixaram. Estou com medo!
Olho para Minho que está na equipe dianteira com outros dois rapazes, ele retribui o olhar com um assentimento de cabeça, como se dissesse "Hey, vamos lá, não é hora de voltar atrás!", e creio que ele esteja certo - mesmo sem saber se, de fato, ele quis dizer isso.
Newt está em pé ao meu lado, está mais pálido que nunca, mesmo assim me encara com um sorriso forçado e dá um tapinha em minhas costas. Eu retribuo com a minha cara amarrada de sempre, ele olha pra frente. É isso, chegou a hora!
- Hoje entraremos lá para ter de volta nossas vidas, nossa liberdade! - eu grito bem alto, para que todos escutem. - Hoje vamos pra casa!- ouço gritos de guerra vindo desse grupo tão pequeno que passei a liderar, grito também e dou o Ponta pé inicial. Eles começam a correr atrás de Minho - que é o mais experiente no Labirinto dentre nós -, vejo rostos pálidos pelo medo, outros determinados, mas o silêncio é o que reina entre nós, apesar de estarmos correndo. À medida que entramos, as paredes ficam cada vez maiores e amedrontadoras, mas não nos faz parar. As sombras aumentam consideravelmente, ficamos na luminosidade parcial, continuamos avançando, uma esquina, depois outra, sem saber o que procurar para achar a saída, olhamos cada canto obscuro, cada ângulo que se forma nas curvas das paredes... É exaustivo, os garotos se revezam para carregar os alimentos, paramos algumas vezes para beber água e comer.

....

Já se passaram 5 horas desde que entramos no Labirinto, ainda não encontramos nada, a não ser paredes e mais paredes de concreto cobertas de hera. Estamos muito cansados, alguns resmungam que não conseguirão mais dar nem um passo, Minho insiste para que continuemos, tenta nos impulsionar do modo dele, mas não dá muito certo. Ele para e se senta ao lado de Newt que põe a mão sobre seu ombro em gesto de consolo. Eu me sento, ponho as mãos pra cima, me rendendo ao que fizeram conosco, não sei se merecemos estar aqui, não sei porque estamos aqui, mas para algo bom é que não é. Estou sentado, perdido em meus pensamentos, quando Newt levanta de um pulo e começa a apontar pra uma das esquinas, olho rapidamente e vejo uma lâmina afiada jogada ao chão mas quase que metade atrás da outra parede... Mas que diabos será isso agora? Faço sinal para todos ficarem em guarda, vou caminhando até o objeto, sorrateiramente. Quando chego perto da lâmina está escuro demais pra poder enxergar o que tem por trás dela. De repente, ouço um gemido horrendo que me tem sido familiar nos últimos dias, é isso, só podia ser! Uma das criaturas não fora dormir e ficou nos aguardando para o banquete! Que merda!
- Corram, agora! - grito para o resto do grupo, eles não questionam e pegam o que podem antes de começar a correr. - Andem, rápido! Um deles está aqui! - sem que eu perceba, a criatura se põe de pé diante de mim em questão de segundos, fico horrorizado com a imagem grotesca da coisa: corpo de lesma, cheio de lâminas espalhadas nos lugares dos braços, gosmenta, fedorenta, quase vomito ao ver de perto, mas isso não é a atitude mais correta a se tomar numa hora dessas. Saio correndo pra me afastar, Minho está ao meu encalço com um pedaço de madeira que eu não sei onde ele arrumou. Ele espanca o bicho como se sua vida dependesse apenas disso - o que é, de fato, minha única certeza -, ele continua a bater e não se deixa vencer pelo cansaço. Olho pra coisa, vejo uma pequena garra se abrir e uma agulha sair de lá, espirrando um líquido amarelo de dentro. " Veneno!"penso na hora, não sei nem de onde veio isso, mas tenho um pressentimento horrível e sei que não é coisa boa. Grito para o Minho se esquivar da agulha, ele se abaixa e gira o corpo na direção contrária da coisa, enfia o pedaço de madeira na cabeça da monstruosidade e corre na minha direção, sem pestanejar, eu vou correndo na direção oposta à coisa, os outros garotos já estão bem a frente de nós.
Sem querer, enquanto tentamos escapar da criatura antes que ela se recomponha e venha nos atacar, eu penso em como vamos fazer pra lembrar o caminho da Clareira de volta, balanço a cabeça para afastar o pensamento, agora não é hora de pensar, é hora de correr, e correr muito.

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