Capítulo 15

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Capítulo 15
Victoria Rose


Meus olhos parecem pesados quando os abro e encaro o teto.

Um teto escuro...

Os acontecimentos retornam a minha mente meio confusos, mas lembro do aeroporto.

Eu estava indo viajar, o aeroporto estava vazio e então... tudo sumiu.

— Bom dia querida.

Uma voz soa e olho para o lado.

Minha visão não parece clara quando observo o dono da voz.

Onde estou? E quem é...

Arregalo os olhos quando reconheço a figura vestida de preto e quase morro de susto.

Sento sobre a cama e olho ao redor desesperada.

Como vim parar aqui?

Me pergunto, mas no fundo sei que ele quem me trouxe aqui e que provavelmente não foi por um motivo agradável.

Rael cruza os braços e me estuda como se fosse um experimento.

Ele fez aquilo no aeroporto e deu um jeito de me trazer.

Tenho certeza agora.

— Você é muito corajosa Rose ou prefere Victoria? Eu gosto de Victoria é mais expressivo...

Ah, merda!

— Você sabe.

— Eu sei de tudo. O que achou? Que eu nunca descobriria?

— Esperava que não descobrisse.

Sussurro mais pra mim do que pra ele.

— Mas descobri! Não adiantou nada toda a sua farsa.

Fico calada pois estou em desvantagem aqui e o modo como ele me olha está me causando mais medo do que nunca porém tento esconder isso.

— O que me surpreende mesmo é a sua coragem de me investigar, usar outra identidade só para revirar minha vida... Ninguém nunca fez isso!

— Como soube?

— Eu já estava desconfiado, depois da viagem a Mônaco isso só se confirmou.

Já desconfiava? Mas como...? Fiz tudo tão certinho.

— Da primeira vez foi um desmaio e eu nunca desmaio, não faço idéia de como você fez pra isso acontecer, mas fez! Foi inteligente... A segunda vez eu tive certeza do que fez, me dopou.

Ele me encara com frieza e mantenho minha expressão tão serena quanto consigo.

— O que vai fazer comigo?

— Vamos por etapas. O que você queria saber sobre mim? Já sei que trabalha com os palermas do governo.

— Não sei do que está falando.

Respondo e ele desata a rir, mas em passos rápidos paira sobre mim segurando o meu queixo.

— Você foi descoberta e ainda ousa mentir pra mim? Sabe que eu posso te matar não sabe?

— Sim, eu sei.

Afirmo.

— E por quê brinca com o perigo?

— Porque o meu destino será o mesmo dando ou não a resposta para você.

— Você pensa demais e pensa da forma errada minha querida.

Ele acaricia o meu rosto me analisando antes de ir até a porta.

— É uma pena Victoria, eu estava começando a gostar de você.

Quando ele sai ouço o barulho da fechadura e sei que a porta foi trancada.

Droga!

Ele vai me matar.

Levanto da cama e afasto as cortinas das janelas vendo seguranças do lado de fora.

Alguns no jardim e outros próximo do portão de entrada.

Olho pra mim mesma reparando que estou vestindo uma camisola de seda preta que não faço ideia de como veio parar no meu corpo.

Bom... isso é o de menos, preciso escapar daqui antes que o Tigre volte pra fazer churrasquinho de Victoria.

Observo o quarto onde se encontra apenas uma cama, um armário e uma porta que provavelmente é o banheiro.

Como vou sair daqui?

Todos acham que eu saí de férias pra ficar fora de vista então ninguém vai me procurar ou se comunicar comigo por pelo menos dois meses.

Droga! Se eu ao menos pudesse entrar em contato com Quinn ou Liws.

Sento no chão do quarto agora assustada com a realidade.

Ninguém vai vir por mim e pior que isso o Rael vai me matar.

Vai me matar.

O pensamento se repete na minha mente várias vezes e não sei por quanto tempo fico assim, mas quando percebo alguém está entrando no quarto.

É uma senhora.

Ela deixa uma bandeja e sai do quarto tão rápido quanto entrou.

Continuo no mesmo lugar sem fazer nenhuma menção de me mover.

Não consigo ter fome e também do que me adiantaria comer? Rael planeja me matar mesmo.

Encosto a cabeça na parede pensando no problema que me meti.

Liws e Quinn me alertaram quanto ao Rael e eu não os escutei, fui teimosa e pensei apenas no sucesso da missão quando deveria pensar no risco que eu estava correndo.

Suspiro e encosto a cabeça na parede fechando os olhos tentando me desligar de tudo.

Costumava funcionar quando eu era jovem, quando eu tinha algum problema ou uma situação difícil eu só me concentrava e desligava a mente como se desligasse um computador.

Eu havia parado com isso afinal os problemas não iam embora quando eu abrisse os olhos e com certeza não vão embora agora, mas é uma forma de me sentir melhor.

Ouço coisas, ouço a tranca da porta e não sei quanto tempo passo ali, mas sou arrancada da minha tranquilidade quando uma mão dá tapinhas no meu rosto.

Vejo Rael e o encaro.

— O que está fazendo? Lina me disse que não comeu nada o dia todo.

— Estou sem fome.

Respondo.

— Para de bancar esse teatro comigo, se acha que vai me comover está enganada.

— Não é tudo sobre você.

— É sobre como morrer de fome? Está dando uma ótima aula.

Ele sai do quarto e volta a trancar a porta então levanto e caminho meio tonta até a cama, deitando um pouco.

A porta se abre novamente e a mesma senhora volta a entrar com uma nova bandeja.

Essa é a Lina de quem Rael tanto fala? Bem... ela foi a única que me viu aqui então só pode ser.

Ela me olha com pesar e se aproxima.

— Eu lhe trouxe um lanchinho da noite, tente comer um pouco sim? Vai acabar se sentindo mal desse jeito.

Quando ela deixa o quarto olho para a bandeja pensando no quanto estou sendo idiota por estar sendo fraca enquanto meu inimigo ri as minhas custas.

Meu pai não me criou para agir como uma covarde.

Alcanço a bandeja e pego um sanduíche comendo como se fosse a melhor coisa do mundo.

Rael não vai me ver derrotada, isso não vai acontecer.

[...]

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