Capítulo 23

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Capítulo 23
Victoria Rose

Sinto alguém atrás de mim e antes que eu pense me viro pronta para golpear quem quer que seja, mas uma mão forte segura meu pulso e meu punho fechado para no ar.

Meus olhos quase saltam quando vejo Rael na minha frente.

— Se pensou em tentar me acertar acaba de falhar.

Diz e puxo meu braço de volta o encarando.

— O que faz aqui?

— Nada. Vim tomar um ar, não posso?

Respondo.

Ele fica em silêncio então pega o meu outro braço o erguendo.

Droga!

Digo mentalmente quando ele olha para a maçã na minha mão.

— Veja o que temos aqui... lanche da madrugada?

Não respondo e ele sorri.

— Isso não estaria acontecendo se você tivesse descido na hora do jantar quando chamei.

— Eu não estava com fome.

— O caralho que não estava.

— Quero voltar para o meu quarto.

— Quer, mas não vai! Senta aí.

Ele liga a luz da cozinha e abre a geladeira tirando algumas coisas de lá e colocando sobre o balcão.

Dou outra mordida na minha maçã tentando saber o que ele está pretendendo fazer.

— O que está fazendo?

Pergunto e não obtenho resposta, mas vejo ele fazendo tudo.

Sanduíches?

Ergo as sobrancelhas surpresa ao vê-lo montar os sanduíches e encher um copo com suco.

Ele desliza o prato com os sanduíches pra mim quando estão prontos e o olho em questionamento.

Rael... Fez isso para mim?

— O que é? Come de uma vez.

Resmunga e largo a maçã já acabada e pego um sanduíche do prato comendo ainda desconfiada com a sua atitude.

— Não fica fazendo essa cara, não quero você desmaiando de fome pelos cantos e me trazendo mais problemas do que já traz.

Hum... por um momento achei que ele estivesse preocupado comigo, mas eu já deveria saber que isso não faz o estilo do Rael.

— Eu não disse nada.

— Mas pensou!

Retruca.

Eu confesso que ainda não compreendo esse homem.

— Eu quero saber do meu pai.

— Já disse que não fiz nada com ele e se você quer que se mantenha assim é melhor começar a andar na linha.

— Como eu sei que não está mentindo pra mim?

Semicerro o olhar.

— Vai ter que confiar na minha palavra.

Confiar na palavra dele? Eu ouvi isso mesmo?

— Eu te dei tudo o que você queria, estou aqui cedendo a sua chantagem, te entreguei toda a minha investigação...
E agora? O que vai ser?

— Você vai estar aqui e fazer o que eu mandar até a hora que eu quiser, simples.

Ele diz seriamente e quero acabar com tudo isso agora e sair correndo pra longe desse lugar.

Mas tem muito em jogo.

Levanto e coloco o prato vazio na pia juntamente com o copo.

Quando me viro ele já está na minha frente impedindo minha passagem.

— Com licença?

— Sabe Victoria... eu não costumo ser tolerante com as pessoas, não tenho paciência pra isso e quem entra no meu caminho não continua vivo...

Ele está me ameaçando?

— Vai me matar também? Como os outros que atravessaram o seu caminho?

Indago.

— Se eu quisesse te matar já teria feito isso. Não acha?

— Eu não sei, não conheço você.

— Você é esperta sereia.

— Não me chame assim.

— Sereia.

Sussurra outra vez e eu sei que é só pra me provocar.

— Eu vou para o quarto, sai da minha frente.

— Acho que você se lembra... que eu lhe disse que você deveria me pagar de alguma forma.

— Eu já não estou pagando o suficiente sendo mantida nesta casa contra minha vontade? Sofrendo ameaças de você? O que mais você quer?

— Tudo. Quero tudo de você.

Ele toca o meu queixo e para o meu espanto se aproxima demais.

Rael vai me beijar?

Viro meu rosto quando a boca dele está perto o suficiente para tocar a minha.

Isso parece deixa-lo com raiva pois ele segura meu rosto com força me obrigando a encara-lo.

— Me solta!

Mando, mas ele me ignora e me beija.

Tento de todas as formas afasta-lo, porém ele me segura e sou obrigada a ceder.

E novamente sinto aquela sensação que sempre senti quando nos beijamos, mas desta vez tenho raiva o suficiente para morder seu lábio.

— Argh! Você me paga por isso.

Ele se afasta resmungando.

— Não se atreva a me beijar de novo.

Limpo minha boca, mas ele me pega outra vez e me beija.

— Eu te beijarei quantas vezes eu tiver vontade e você vai gostar disso.

— É assim que você consegue as coisas? Forçando?

— Nunca te forcei a ficar comigo e você costumava aceitar muito bem os meus beijos enquanto estávamos em Mônaco.

Diz e ergo os ombros.

— Eu aceitava porque tinha que fazer isso para conseguir o que eu queria, mas eu odiava todas as vezes.

Não odiava não, mas ele não precisa ficar sabendo disso certo?

— Odiava certo?

— Sim.

Assinto.

— Era tudo fingimento?

— Com certeza! Agora com licença, eu não tenho vontade de estar tendo esse tipo de conversa com você.

Dessa vez consigo deixar a cozinha sem que ele me impeça e subo as escadas rapidamente com o coração aos pulos.

Eu não costumo me assustar com nada, mas enfrentar Rael sempre me causa um pouco medo.

Faço o meu melhor para manter a coragem e parece funcionar, mas ao lembrar que estou diante de um homem da máfia surge um medo.

Eu não conheço Rael Carter, ele pode ser capaz de qualquer coisa.

Em Mônaco ele agia de um jeito, mas aqui claramente age de outro, quer mostrar que é dono de tudo, que ele quem manda e que eu não posso fazer nada.

"Você deve me pagar de algum jeito certo? Se não for com a vida será de outra maneira."

Lembro das palavras dele e sinto as idéias martelarem na minha mente criando diversos cenários e possibilidades.

O que o Rael realmente pretende eu não sei, mas eu não vou continuar aqui pra ter essa resposta.

Tenho que fazer alguma coisa, tenho que dar um jeito de escapar dele.

[...]

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