Capítulo 9.

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     Entramos na casa e eu já virei o olhar para Nejire.

— Sua coxa tá bem?

— Só é desconfortável, mas eu estou bem.

— Se passar mal temos que ir para o hospital — eu disse.

— Sim senhora — ela disse e eu ri. — Eu aceito as bebidas — ela disse virando o olhar para Mirio.

Eu não falei nada, eu estava cansada e com a pele completamente cheia de areia. Eu subi para o banheiro, eu tomei um banho vesti a minha camisola de cetim e desci para o primeiro andar. Eu olhei para Tamaki que estava sentado no sofá olhando para Mirio com as suas feições de julgamento de sempre, e Mirio entrando pela porta principal com duas sacolas cheias de latinhas de cerveja.

Eu não tenho problema com Tamaki estar julgando ele, afinal talvez há um ou dois anos atrás eu estaria julgando Mirio, mas eu não estou. Eu fui em sua direção pegando uma sacola colocando ela em cima da mesa de centro. Tamaki olha para mim me julgando do mesmo jeito que ele juga Mirio.

— Não acho que isso seja uma boa ideia — disse Tamaki.

— Não bebe — disse Nejire.

— Que grossa — eu disse virando o olhar para ele.

Mirio e Tamaki riu. Eu sentei no tapete e eles sentaram também. Eu abri a minha primeira latinha de cerveja com Mirio.

— Como conseguiu comprar? — perguntou Nejire para Mirio.

Eu nem perguntei isso, afinal no Brasil Mirio compraria essas bebidas legalmente sem ter nenhum problema, afinal ele tem dezoito anos. Mas com a pergunta de Nejire eu me lembrei que para comprar bebidas no Japão a idade mínima era vinte anos.

— Eu dou os meus jeitos.

— No Brasil é legal aos dezoito — eu disse enquanto eu tomava um gole da latinha de cerveja. — Mas até que é bem comum que alunos aos dezesseis ou dezessete consigam comprar bebidas em alguns lugares.

— Então por isso você é uma bêbada? — perguntou Mirio e eu quase engasguei querendo rir.

— Eu não sou uma bêbada — eu disse.

— Achei que fosse. Pareceu tão natural você beber — ele disse novamente.

— Não é — eu disse. — Bebe só uma Tama... só para experimentar, vai — eu disse olhando para ele. — Só um gole.

— Isso é coagir — disse Tamaki.

Eu ri, é verdade. Mas, um gole ou uma latinha não pode dar nada de errado, afinal estamos entre amigos. Ele aceitou beber, e eu continuei bebendo muito com eles. Mirio não parece nenhum pouco afetado pela quantidade de bebida absurda que ele está bebendo. Tamaki bebeu apenas uma latinha.

— Verdade ou desafio — gritou Nejire ao meu lado.

Reclamei da dor e tapei o ouvido. Ela riu e se desculpou e agora que eu pensei. Verdade ou desafio com pessoas bêbadas, isso não tinha nem como dar certo. Esse jogo não é do tipo que dar certo nem quando as pessoas estão sóbrias. Eu olhei para ela negando com a cabeça.

— Não — eu disse.

— Pode ser — disse Tamaki.

— Tamaki?!

Ele não está pensando direito? Porque só pode. Verdade ou desafio, Mirio teria que negar isso, mas não. Ele não negou porque ele é o mais sem noção de nós quatro, porque eu pensei que ele não aceitaria. Eu respirei fundo e bebi mais um pouco para me preparar para esse jogo.

Borboletas vão mais embaixoOnde histórias criam vida. Descubra agora