Capítulo VI

1.7K 118 15
                                    

🎶 Best Part (feat. H.E.R.) - Daniel Caesar, H.E.R. 🎶

🌱

Agosto, 2024

Se Anne tinha certeza de uma coisa em sua vida, era de que nunca se cansaria de admirar a beleza de Carol. Sua esposa era bonita de qualquer jeito, a Holandesa não conseguia se lembrar de um momento sequer que sua amada não estivesse impecável. Mesmo suada, ofegante e com os cabelos bagunçados como estava naquele momento, Anne tinha certeza que esse era seu estado mais belo. Uma deusa.

Uma deusa manhosa que não queria sair da cama.

- A gente tem que levantar, babe. - Anne tentava convencer, enquanto continuava distribuindo beijos pelo seu rosto e pescoço.
- Não tem não... - Carol respondeu fechando os olhos novamente, e aproveitando o tratamento especial que estava recebendo naquela manhã.
Anne sorriu ao ver que ela fazia um bico com os lábios. Não conseguiu resistir ao impulso de beijá-los, mordendo levemente o lábio inferior, que ela amava tanto. A ação arrancou um suspiro de Carol, que não tardou em aprofundar o beijo. Quando suas línguas se encontraram novamente, a Holandesa percebeu que aquele seria caminho sem volta.
- Amor... já era pra gente ter decido. - Anne interrompeu o beijo, gastando o pouco de resistência que ainda lhe restava.
- Por que vocês têm que ser tão pontuais, hein? - Carol resmungou novamente, se dando por vencida.

Naquela manhã haveria uma cerimônia do governo Holandês para homenagear os atletas medalhistas das olimpíadas, e a presença de Anne era indispensável. Como capitã da equipe de vôlei ela teria algumas responsabilidades durante a formalidade, além de ser a primeira da fila a entrar com sua acompanhante. Acompanhante essa que Anne agora arrastava até o banheiro.
- Você vai primeiro, eu vou separar as roupas da gente. - A Holandesa disse enquanto encarava o reflexo de Carol no espelho do balcão da pia. Ela abraçava a cintura da morena por trás, tinha sido a única forma que encontrou de trazê-la até o banheiro.
- E porque não vamos juntas? A roupa a gente já sabe qual é. - Carol tentou seduzi-la mais uma vez.
- Babe, se eu ficar mais um segundo aqui com você, quem não vai mais querer sair sou eu... - Anne disse, deixando um beijo no pescoço da sua esposa e se afastando. - Prometo recompensar depois.

🌱

A cerimônia de homenagem aos atletas acontecia num grande parque ao ar livre. O dia estava muito bonito e as pessoas se juntavam aos poucos em grupos, reconhecendo seus amigos e familiares. Carol vou as atletas da seleção de vôlei, todas vestidas com terno azul marinho e o broche do brasão do país. Apesar de não ser muito fã de formalidades, ela não podia negar que estava achando muito bonito o reconhecimento do governo e da população com o esporte.

Além disso, tinha o bônus de ver sua esposa toda arrumada de terno...

Havia sido montado um grande palco e cadeiras estavam organizadas pelo gramado, o que chamava a atenção de várias famílias que passeavam pelo local naquele domingo de verão. Carol usava um vestido de mangas longas em tons de laranja, que comprou especialmente para a ocasião. Antes da cerimônia começar, ela fez questão de tirar várias fotos de si mesma, dela com Anne, delas com a família... era um momento de celebração, perfeito para ser registrado. A atleta gostou de ver que não era a única mulher acompanhando outra mulher durante o evento, e que as pessoas pareciam não se incomodar com aquilo, A aceitação da sociedade era com certeza uma das suas coisas favoritas naquele país.

Após subir no palco e participar da formalidade, a morena assistiu o restante da cerimônia sentada próxima à sua família. Anne foi a última atleta a discursar, encerrando o evento, que deu lugar a uma apresentação musical. Logo os conhecidos começaram a se reunir e cumprimentar uns aos outros. Carol não passou despercebida por algumas jogadores Holandesas, que eram sempre muito simpáticas e carinhosas com ela. Além das conhecidas amigas e colegas de time de Anne, as famílias de todos também estavam presentes, o que incluía algumas crianças e até animais de estimação brincando e correndo soltos pela grama do parque.

Todo aquele pequeno caos prendia a atenção da jogadora.

Carol se lembrou de quando ela e Anne cuidaram das gêmeas de Sheilla por um final de semana. No início ela recusou o pedido de Gabi, que queria fazer uma surpresa para a namorada e por isso precisava de alguém para ficar com as crianças. "É muita responsabilidade", pensou. Mas após muita insistência, como sempre, a capitã conseguiu argumentar até ouvir um "sim" derrotado da boca de Carol.
Os minutos iniciais sozinha com as duas crianças lhe causaram algumas palpitações de pânico, mas seu corpo foi confortado quando viu Anne chegar no apartamento e tomar totalmente o controle da situação. Desde aqueles dias ela teve a certeza que a sua (na época) noiva seria uma mãe incrível. As crianças a adoravam e ela sempre sabia como lidar com os pequenos problemas e situações, por mais difíceis que parecessem. Naquele final de semana, as quatro passearam no parque, foram ao cinema e cozinharam juntas. Tudo funcionou muito bem, as meninas eram bastante obedientes, apesar de agitadas. Além disso, elas conseguiram estabelecer algumas regras e a dinâmica deu certo, apesar de Anne sempre ceder mais rápido aos desejos das crianças com o mínimo sinal de birra.

- Babe? - a voz de Anne tirou sua mente daquelas lembranças. A loira estava parada ao seu lado e a olhava com curiosidade. - O que você tá pensando?
- Ah.. nada... só essas crianças e o parque, eu lembrei daquele dia com a Liz e a Nina. Lembra?
Anne sorriu.
- Uai, claro. Como vou esquecer que você fez elas vestirem duas meias em cada pé e quase não dormia de preocupação?
- Anne, tava MUITO frio!! Imagina as meninas ficarem doentes? A Sheilla me matava.
- Não tava tudo isso, amor.
- Você só diz isso porque ainda é acostumada com o clima daqui.
- Quando nossa filha vier pra cá, você também vai fazer ela usar duas meias?
- Mas é claro e aind-

Carol parou de falar quando pensou novamente no que tinha ouvido. Seu coração deu alguns giros no peito.

- Nossa filha? - perguntou, quase sem voz.
- Sim... a gente quer uma filha, não quer? - Carol percebeu um pouco de receio na sua fala.
- Sim... mas... como? Quer dizer... a gente tem algumas opções, mas.. não dá pra simplesmente fazer, né? Assim, até daria pra gerar, mas... você entendeu, não preciso explicar como são feitos os bebês, né? - Carol não conseguia parar de falar.
- Calma, amor. Respira. - Anne riu da afobação da sua esposa. - A gente pensa nesses detalhes depois. O mais importante agora é decidir... é uma mudança radical. Pra sempre.
- Eu quero esse vínculo com você. Pra sempre. Achei que tinha ficado claro quando disse "sim" no casamento. - Carol disse, séria, encarando os olhos verdes que brilhavam à sua frente.
- Então vamos aumentar a família. Pra sempre. - Anne disse, selando seus lábios.

🌱

Amour d'or et du bronzeOnde histórias criam vida. Descubra agora