Nova Cidade, Novas Regras - Parte II

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Um novo dia nasceu e mais uma vez a dupla saiu pelas ruas de Kamagasaki numa ronda. Tal qual o centro, os demais prédios da cidade eram baixos, todos abaixo da marca de cinco andares e construídos bem próximos uns dos outros, o que dava a Silent Samurai uma perfeita movimentação pelos telhados, conseguindo acompanhar o voo de SkyFalcon.

Enquanto o Herói Voador passava, os pedestres olhavam e apontavam surpresos em ver um indivíduo voando, enquanto que o Herói Cego saltava de um prédio para outro.

— Eles parecem bem surpresos — disse SkyFalcon.

— Não é surpresa, se heróis já eram tidos como lendas, um sujeito voador então...

— Faz sentido.

Voando pelas ruas de Kamagasaki, o Herói Voador pôde constatar, porém não se surpreendendo, que a cidade estava parada no tempo. Muitos dos anúncios de letreiros e outdoors, ou pelo menos os que ainda legíveis, eram de produtos que não mais se vendiam nas lojas, praticamente todos desbotados e sem cor. Estava sendo uma experiência estranha para ele, acostumado a voar e cruzar os céus ao lado de aeronaves e grandes arranha-céus.

Um prédio mais alto se aproximava da rota dos heróis. SkyFalcon simplesmente guinou para cima, enquanto que Silent Samurai demonstrou grandes habilidades acrobáticas escalando pela lateral da estrutura e usando algumas varandas como pontos de apoio para lançar-se para cima, transpondo a barreira sem problemas.

— Parece ser um padrão, todos os prédios são mais baixos que a delegacia — disse o Herói Voador, pousando ao lado do parceiro.

— É coerente, se as muralhas foram levantadas para manter os presos aqui, não tem sentido que os prédios sejam mais altos, seria fácil de fugir.

— O que explica também as armas automáticas, caso alguém tente escalar.

— Ou voar — completou. — O que me lembra, estamos correndo a manhã inteira. Viu algum sinal de super ser?

— Não, mal e porcamente alguns venatores.

— Você não acha tudo isso estranho? Está muito calmo.

— Sim, não faz sentido, o Major disse que apaga todo tipo de incêndio, e, considerando os hematomas dos bombeiros, duvido que ele falava de combate ao fogo.

O Herói Cego precisava fazer um certo esforço para filtrar a cacofonia de sons e cheiros.

— Mas algo que ele falou é certo, dá para sentir a diferença na cidade conforme nos afastamos do centro.

— Com certeza, o abandono fica mais evidente.

O que diferenciava os prédios dessa parte de Kamagasaki em relação ao centro, como os heróis viriam a descobrir, era a presença de pichações nos muros e no alto de prédios.

— Essa pichação aqui, vi várias delas pelo caminho — disse SkyFalcon, se aproximando de uma parede. — Parece um pé.

— E isso é importante por quê?

— Parece marcação de território.

— Facção do pé? — perguntou Silent Samurai, dando uma risada.

— Ei, não fui eu que fiz as regras — SkyFalcon deu de ombros. — Mas não dá para negar o padrão.

— Se você estiver certo, estamos no território de alguma facção.

— Se não acharmos confusão, ela acha a gente, com certeza.

— Muito bem, falcão, mostre o caminho.

Os heróis se colocaram em movimento outra vez, com o Herói Voador voando acima das ruas e o Herói Cego correndo e saltando pelos telhados. Durante a corrida, a dupla notou que não havia circulação de automóveis, as pessoas caminhavam ou usavam bicicletas para se locomover. Isso revelava que de algum modo o prefeito possuía mais recursos do que deixava parecer.

SkyFalcon e Silent Samurai - KamagasakiOnde histórias criam vida. Descubra agora