Foi a viagem de elevador mais longa e desconfortável que a dupla de heróis teve na vida. O destino era o quarto andar, onde ficava o gabinete do chefe de polícia Saito Hajime. Um silêncio sepulcral ocupava o pequeno espaço. SkyFalcon estava com os braços cruzados e olhando emburrado para o chefe de polícia, que encarava a porta do elevador.
— Se acalma — murmurou Silent Samurai.
— Estou calmo.
— Sky, se o seu poder fosse visão de calor, já teria fulminado a cabeça do chefe Saito.
— Não seria má ideia, esse cara deixou um criminoso ir embora pela porta da frente.
A conversa entre os dois foi interrompida pelo sino agudo do elevador.
— Vocês dois ainda têm muito o que aprender — disse o chefe Saito, saindo do elevador, sem nem se dignar em olhar para os heróis.
O trio seguiu para a última sala do andar. Após atravessar uma porta dupla, chegaram a um escritório amplo e bem iluminado, com uma bela visão de toda Kamagasaki. Longe das ruas, era possível esquecer perfeitamente o caos. Apesar do tamanho, não havia muita coisa decorando o ambiente: um pequeno sofá para receber visitantes, uma estante repleta de arquivos de antigos casos e, o que mais chamou atenção de SkyFalcon, a presença de um vaso de plantas que estava próximo a janela, vistoso e bem cuidado.
Sentado no que deveria ser o lugar do chefe de polícia, encontrava-se o prefeito.
— Já não era sem tempo. — Diferente da outra vez que o viram, o prefeito Koshi não parecia nada amistoso.
— Senhor prefeito? — surpreenderam-se os heróis, mas o prefeito ergueu a mão, silenciando os dois.
— Alcatraz já foi solto?
— Sim — respondeu o chefe de polícia, postando-se ao lado da janela. — Saiu pela porta da frente.
— E o Homem de Lata?
O prefeito estava tenso, e ficou mais irritado ainda quando o chefe de polícia balançou a cabeça negativamente.
— Imbecis! — O prefeito apontou o dedo acusadoramente contra os heróis, espumando de raiva. — Têm alguma ideia do problema que causaram?!
— É só o que dizem o dia todo — respondeu o Herói Cego.
— Só fizemos nosso trabalho.
— Calados! Só falam quando eu der permissão para falar! — esbravejou ele. — Vocês não estão aqui há menos de dois dias e conseguiram destruir o equilíbrio que eu lutei tantos anos para conseguir.
— Eles estavam extorquindo um cidadão inocente, era para termos feito nada? — A calma na voz de Silent Samurai irritou mais ainda o prefeito.
— Vocês fazem o que eu mandar vocês fazerem.
— Está nos confundindo com as putas que você contrata — respondeu o Herói Voador. — Somos heróis, não seus empregados.
— Meça suas palavras ao falar comigo, topetinho. — O prefeito tentou levantar a voz, mas a mesma saia cada vez mais fina. — Vocês abandonaram suas agências particulares quando ganharam aquela licitação. O Estado financiará a sua agenciazinha por um ano, e isso faz de vocês funcionários públicos. Como prefeito de Kamagasaki, vocês trabalham para mim!
— O que você disse, seu porco covarde?! — SkyFalcon deu um passo à frente, e o prefeito se encolheu por um momento.
— É isso mesmo! — Apesar da covardia, o prefeito se recompôs e continuou apontando o dedo para o herói. — É isso que você ouviu, vocês trabalham para mim!
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SkyFalcon e Silent Samurai - Kamagasaki
BeletrieIsolada do mundo há décadas, Kamagasaki criou nas suas ruas e becos uma sociedade vítima do mal e da extorsão das gangues locais: os Lâminas e os Corredores. Depois de anos sem heróis para defender o povo da cidade-prisão, SkyFalcon e Silent Samurai...