Prólogo

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Daqui de cima, pela janelinha do avião, Nova Iorque parece tão pequena

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Daqui de cima, pela janelinha do avião, Nova Iorque parece tão pequena.

Mas, a cada vez que o avião se aproxima mais da superfície, consigo visualizar melhor os prédios enormes enfileirados em esquinas meticulosamente projetadas, e o retângulo verde chamativo do Central Parque, que é praticamente o cartão postal da Big Apple. Preciso admitir... É uma paisagem digna de tirar qualquer fôlego. E eu estaria deslumbrada, se essa fosse a minha primeira vez na cidade.

Quando o piloto avisa que pousaremos dentro de alguns minutos, começo a ficar ansiosa. A viagem, no geral, foi bem tranquila. Eu até consegui dormir algumas horinhas. Acredito que isso tenha a ver com o fato de que não estou de volta por uma simples visita no fim do semestre, como nos outros anos. Dessa vez, eu vim para ficar, porque finalmente vou assumir os negócios da família.

Essa é uma bagagem e tanto.

Assim que pousamos, fiz todos os procedimentos normais com os quais já estou acostumada. Peguei o restante das minhas malas que despachei na sessão do aeroporto, e com a ajuda de um carrinho, percorri o caminho em direção ao terminal de passageiros, onde provavelmente o Kurt já estaria me esperando. Ele é o motorista oficial da família há mais tempo do que eu sou viva. Se há alguém em que meu pai confia a minha vida, é no Kurt.

Não leva muito tempo para eu esbarrar meus olhos nele. É muito fácil identifica-lo, na verdade. É um dos únicos homens que está usando terno e gravata. Aceno para este, sorrindo, e ele me esboça outro de volta quando me nota.

— Sun! — me cumprimentou, se desfazendo da postura autoritária, quando me aproximei.

— Oi, Kurt! Gostei do bigode — apontei na direção do novo apetrecho em seu rosto.

— Acho que me deixa com um ar mais sério, não? — fez uma pose, e eu ri, concordando.

— Com certeza.

— E então? Como foi a viagem? — perguntou, atencioso, tomando o controle do carrinho por mim. Começamos a caminhar em direção a saída do aeroporto, lado a lado.

— Tranquila. O mesmo de sempre.

— Como se sente estando de volta, uh? — ele continuou, em seguida, não esperando por mim: — Não via seu pai tão feliz em muito tempo, sabia? Ele está contente que você tenha voltado. Para valer.

Se estivesse mesmo, estaria aqui.

Foi o que a Summer de 15 anos quis responder, mas, é claro, eu reprimi essa parte. Não era como se eu já não estivesse acostumada.

Acho que meu pai esteve ocupado com o trabalho desde sempre. Não lembro de muitos momentos em que ele deixou os negócios de lado para me buscar no colégio, ou simplesmente me ajudar no dever de casa. O tipo de atitude simples, que todo pai costuma ter. Ele sempre compensou de outra forma. Com o dinheiro, eu quero dizer. E não acredito que ele se ache um péssimo pai por isso — eu também não acho, até certo ponto. Mas algumas coisas foram negligenciadas em algum momento, por isso. Eu sei que não sou a mesma garotinha de 10 anos que esperava pela sua aparição nas apresentações do dia dos pais da escola, mas, ao momento tempo, não sei até onde sua ausência me prejudicou. Tive algumas psicólogas ao longo da minha vida, e todas elas diziam que meus relacionamentos fracassados eram frutos da relação conturbada com o meu pai.

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