24- Tempestade

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Natasha POV.

As horas longe de casa, onde parecia um campo minado real, deixaram-me mais reflexiva do que eu costumava estar. Ultimamente, eu andava bem alheia a realidade, sempre viajando em meus próprios pensamentos. Mas, estar a sós por um tempo considerável, contribuiu bastante para a minha paz de espírito e, pela primeira vez em dias, eu me senti um pouco sensata com a decisão que estava prestes a tomar.

No último mês, a casa que costumava estar sempre barulhenta, se tornou silenciosa. Yelena e Kate, que tornavam um simples diálogo em festa, estavam sempre presas no quarto. Ao adentrar a porta principal da casa, notei que isso não tinha mudado, porque me deparei com aquele silêncio ensurdecedor.

Mas, para a minha surpresa, Yelena estava sentada no sofá da sala com um copo de whisky em mãos e uma expressão indecifrável.

-Ei. - ela disse com certo receio ao notar minha presença. O último mês não melhorou a nossa convivência. Pelo contrário, estávamos sempre nos evitando pelos cômodos da casa.

-Oi. - sorri de maneira amigável em sua direção, assim tentando parecer mais passível. - Trouxe algumas coisas.

Yelena parecia me analisar enquanto eu deixava aquelas diversas sacolas de grife sob o sofá. Ao segurar especialmente apenas uma da Apple, minha irmã sorriu negando com a cabeça, fazendo-me sorrir também ao notar que ela também estava em paz.

-São AirPods Max. - revelei, antes mesmo de entregar a sacola em suas mãos. - Tem um pra você e outro pra Kate. Assim vocês podem viajar nos finais de semana em paz, sem Carol e eu as incomodando.

-Tá tentando se redimir? - Yelena questionou, parecendo divertida ao bisbilhotar a sacola que a entreguei.

-To conseguindo? - perguntei, num risinho.

-Sabe que tem algo muito melhor a ser feito ao invés de distribuir presentes, não sabe? - se antes Yelena sorria, sua expressão voltou a ser séria.

-Eu sei, eu sei. - assumi, levantando as duas mãos em sinal de rendição. - Eu... eu... me desculpa?

-Você pode fazer melhor que isso, Romanoff. - minha irmã arqueou uma sobrancelha, parecendo se divertir com a minha redenção. Revirei os olhos ao constatar isso.

-Eu fui uma babaca, ok? - comecei, desviando o olhar por me sentir culpada. - Me desculpa por ter tocado em você aquele dia com agressividade, quando você é a pessoa que mais merece meu cuidado e carinho.

Yelena suspirou, fazendo o caminho até a adega local e preenchendo seu copo com Whisky, apenas para fazer o mesmo com um limpo que havia ali.

-Tudo bem. - minha irmã, por fim, comentou ao me entregar o copo com o líquido escuro e forte. - Acho que fui rígida demais. Deveria ter pegado mais leve.

-Eu mereci. - assumi aquela responsabilidade, me pondo de pé quando vi Yelena caminhar até a área externa de casa. Repeti seus movimentos ao vê-la se acomodar no sofá externo oval que havia sido posicionando na varanda da casa. - Na verdade, preciso te dizer algo.

-Eu também. - Yelena tinha a mesma expressão indecifrável de quando a vi pela primeira vez na noite, deixando-me em alerta. - Diz você primeiro.

-Não. Diz você. - joguei para ela a responsabilidade.

-Você primeiro. - ela deu o ultimato, com aquela expressão que denunciava que não abriria mão da sua palavra. Suspirei, acostumada a ceder para Yelena.

-Acho que essas horas gastando me fizeram bem. - comecei, respirando fundo em seguida. - Aliviou bastante do que venho sentindo e, consequentemente, me senti mais disposta a tomar uma decisão referente ao que vem acontecendo na minha vida.

Best Part - Wantasha Onde histórias criam vida. Descubra agora