29- A Dádiva do Perdão

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Natasha POV.

Eu já tinha um discurso pronto e decorado com o único propósito de ser totalmente sincera e verdadeira com Wanda. No entanto, as palavras sumiram e minha voz falhou quando seus olhos verdes estavam tão focados em mim e a qualquer mínimo movimento meu. Era eu, ela e a verdade. Não tinha para onde fugir e, honestamente, eu não queria fugir. Queria ficar e fazê-la perceber que eu era necessária ali, mesmo que eu sentisse medo.

-Natasha, você está bem? - diante ao meu transe e minha falta de palavras, Wanda questionou, realmente preocupada com o meu estado.

-Sim. Eu só... eu só preciso falar. - comecei meio incerta, voltando a encarar seus olhos. - Wanda, eu...

-Eu acho que não é uma boa idéia. - Wanda me interrompeu, dando as costas a mim ao se afastar. Ela parecia um pouco receosa e preocupada com os próximos minutos.

-Por favor, me escute... - pedi, prestes a implorar aos seus pés pela oportunidade de falar e ser ouvida. Precisava disso. Mesmo que Wanda me rejeitasse, precisava ao menos tirar aquele peso das minhas costas.

-Natasha...

-Por favor?

Wanda respirou fundo e voltou a me encarar. Agora, seus olhos pareciam ainda mais intensos e sua pupila dilatada. Eu tentava compreender o que a janela de sua alma me dizia, mas parecia impossível. Era um misto muito complexo de sentimentos e eu sequer sabia lidar com os meus próprios.

-Pra que? - sua voz acusatória me surpreendeu. - Pra você me machucar de novo? Quer que eu fique, te escute e me deixe levar? Quer que eu me apaixone outra vez e tenha meu coração quebrado? - a cada palavra, ela se aproximava ainda mais de mim. Confesso que, além da surpresa de suas palavras tão magoadas, estava com medo de ela simplesmente começar a me estapear ali. De qualquer forma, eu merecia. - Não. Obrigada. Não quero mais isso. Não quero participar da sua bagunça.

-Wanda...

-Você não tem noção de como me machucou.

O peso daquelas frase me atingiu de maneira quase que insustentável. Eu queria me ajoelhar ali, pedir por seu perdão e dizer-lhe que todos os dias eu me arrependia de ter a machucado. Nunca quis despertar sentimentos negativos nela. Ter trazido tantos gatilhos à tona era o motivo da minha maior vergonha.

-Me perdoa... - minha voz soou baixa, quebrada.

-Perdão? - Wanda soltou um riso que arrepiou os pêlos do meu corpo. - Você quer o meu perdão? Então você o tem. Mas, por favor, me deixe em paz. - sua voz soou enjoada, como se ela realmente não me quisesse ali. - Vá viver sua vida l...

De repente, meus ouvidos pararam de a ouvir, simplesmente porque eu não queria perder a coragem. Pela primeira vez eu resolvi ser corajosa e colocar as cartas na mesa. Não podia me deixar levar pelas palavras repletas de mágoa que Wanda dizia. Eu a entendia. Entendia de onde vinha toda aquela dor, mas queria fazê-la entender que eu ansiava por merecer o ser perdão. E, acima de tudo, lutaria com unhas e dentes por uma nova oportunidade de fazer tudo diferente.

Nunca, em toda a minha vida, alguém me completou como ela fez. Talvez antes eu não tivesse essa visão, mas agora, depois de lidar com a sua ausência, eu aprendi a valorizar a sua companhia. Sentia falta do seu carinho. Da sua voz. Do seu toque. Sentia falta de tudo, até mesmo das pequenas discussões.

Porque, uma luz lá no fundo, deixava bem claro que eu não estava mais só apaixonada por Wanda Maximoff. Não era comum se arrepiar tanto com apenas um olhar. Não era comum pensar o dia todo em alguém. Aquilo já tinha deixado de ser paixão há muito tempo.

Agora eu estava a amando.

E foi uma certeza tão avassaladora e certeira que...

-Eu te amo. - não contive aquelas palavras, fazendo-a se calar no instante em que me ouviu. Wanda travou, enquanto eu sentia o peso de dez caminhões deixarem as minhas costas.

Best Part - Wantasha Onde histórias criam vida. Descubra agora