42 - Crise

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Natasha POV.

Eu não sabia o que estava acontecendo comigo.

Aquela névoa de confusão ainda estava ali; me atormentando, me cegando.

Ao mesmo tempo que tudo era muito claro para mim, tornava-se tão escuro que eu mal me compreendia. Eu não queria pensar em filhos, isso era claro. Não queria pensar, falar ou ter. Não queria passar por tudo que fui submetida uma vez no passado.

O passado fazia-me sofrer, porque, ao pensar em filhos, só vinha o meu a cabeça.

Seria tão simples, em uma conversa, esclarecer com a minha namorada o que vinha me afastando dela. Mas então, um novo medo surgia: o medo do que aconteceria depois. Ficaríamos juntas? Mesmo que os nossos planos fossem diferentes, estaríamos juntas?

Óbvio que eu não queria que Wanda, a pessoa mais importante da minha vida, abrisse mão da vida que planejou por mim. Por tantos anos ela foi privada das próprias escolhas, seguindo a risca o que a própria mãe traçava para a vida dela. Agora que, finalmente, o controle pertencia a ela, era tão injusto eu quebrar suas expectativas.

No entanto, enquanto eu me encorajava a ter uma conversa decente com Wanda, íamos "empurrando com a barriga", como estávamos prestes a fazer naquele dia, depois de Laura nos convidar para um jantar em sua casa.

-Natasha! - a voz de Laura soou animada e seu olhar avaliou Wanda ao meu lado. Era claro que nosso afastamento já estava evidente para todos do nosso convívio, inclusive para a minha empresária. - Wan, que bom que veio!

-Obrigada pelo convite! - minha namorada a respondeu com simpatia, diferentemente de como foi durante todo o percurso de carro até lá. Eu até tentei ter algum tipo de conversa casual ao questionar sobre o seu dia, mas ela parecia cada vez mais impaciente com a situação que estávamos vivendo.

-Entrem... - a mulher deu espaço para que entrássemos na casa que já estivemos algumas vezes.

Como sempre, a casa da minha empresária estava muito organizada - organizada demais para uma casa que moravam dois pestinhas. -, e bastante cheirosa. O lugar, como eu bem me lembrava, era amplo e confortável para a sua família de quatro pessoas. Sem exageros, mas bem elegante. O próprio reflexo de sua dona.

-Tia Naaaat! - o grito alto, agudo e doce soou. Mal pude raciocinar de onde vinha, mas, mais rápido que o meu raciocínio, foi a velocidade que uma garotinha correu até mim e se pendurou nas minhas pernas. - Você veio!

-Claro que vim, você me chamou.

Lila, a mini Barton e a minha favorita, com seus oito anos de idade, era uma garotinha incrível. A conheci quando ela tinha por volta dos cinco anos, e, desde então, nos tornamos grandes amigas. Não tínhamos tantas oportunidades de estarmos juntas, porque a minha rotina não permita tanta flexibilidade, mas, em todas as oportunidades que Laura proporcionou, Lila sempre foi muito receptiva.

-Tia Wan! - quando notou que eu não estava sozinha, a garotinha se agarrou a Wanda, que tinha um sorriso lindo nos lábios.

-Olá, lindinha. - minha namorada disse, acariciando os fios castanho e lisos da pequena.

Cooper, o garotinho de doze anos de idade, chegou logo em seguida, muito mais tímido e contido que a irmã. Aquele carinha era outro grande amigo meu. Ele era mais distante, tanto por conta da sua personalidade, quanto pelo fato de estar quase que um pré-adolescente. Ainda assim, eu o amava e tinha um grande carinho pelo garoto.

Quando Laura nos levou até a cozinha, notei Clint terminando de servir a mesa, muito concentrado com o seu avental de cozinheiro no corpo, assobiando a melodia de alguma música. Ele tomou um grande susto quando Lila, com toda aquela sua personalidade, anunciou a nossa chegada.

Best Part - Wantasha Onde histórias criam vida. Descubra agora