Ação e Reação

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— Quem? — O pânico a consumia e não conseguia entender o motivo pelo qual o Hokage estava calmo, pra não dizer apático quando fez essa pergunta. Pelo canto de olho, viu o seu marido e Shikamaru retesarem o corpo em completa surpresa, mas Kakashi não havia mexido um músculo sequer e isso a irritou.

— QUEM?! Quem?! Como assim? Eu estou te falando que alguém vai tentar matar...— Sim, ela estava gritando e desrespeitando o Hokage de todas as formas de tão nervosa e não conseguia acreditar que ele, logo ele, não havia apresentado nenhuma reação.

— Ino, você está me fazendo perder tempo. Tempo esse que Sakura pode não ter. Quem? — Não alterou sequer o tom de voz, mas ela entendeu o corte. Ao seu lado, Sai tentou confortá-la. Olhou para o marido enternecido e aconchegou-se em seus braços. Relutante, virou sua atenção novamente para o rokudaime mais atentamente e então percebeu a mão esquerda, o dedo mindinho e anelar, mais precisamente, tremerem em um tique. E ela era boa conhecedora do cérebro humano e exatamente por isso, arrependeu-se do seu escândalo. Kakashi apenas estava fazendo uso do seu controle emocional para conseguir agir da melhor forma possível.

— Ele não soube dizer quem era. — As palavras finalmente a acharam, pois brigava com a frustração por não saber quem seria o algoz de Sakura.

— Quando? — A voz controlada do Hokage alterou um tom e talvez, apenas ninjas que estavam bastante acostumados a estarem com ele, e ela mesma, conseguiriam perceber essa leve mudança.

— Ontem, hoje, amanhã...a qualquer momento agora. — Usando as mãos como escudo, cobru totalmente os olhos em uma tentativa vã que não a vissem chorar. Droga hormônios! Como um bálsamo de cura, sentiu a proteção dos braços de Sai cobri-la em um terno abraço, um eu estou aqui. Para um homem que tinha dificuldade em entender o sentimento alheio, o seu marido parecia entender muito bem.

— Algo mais que seja relevante? — Um frio invernal veio de lugar nenhum e passeou pelo seu corpo, comprimindo veias e eriçando cada pêlo no caminho. Abraçou os joelhos e olhou para lugar nenhum, depois de segundos percebeu que esse frio se tratava da aura que o antigo mestre assassino da anbu emanava. Apesar de já ter o conhecido como jounin sensei, ouviu uma coisa ou outra de outrora, algo difícil de imaginar, pois sempre o via como gentil, preguiçoso e desinteressado, salvo alguns momentos em combate.

— N-não. — Pelo visto não foi a única a sentir ao ver seu melhor amigo alisar os próprios braços como fazia para afastar o frio.

— Obrigado, Ino. Você fez um bom trabalho. — O frio passou com a partida do hokage. Shikamaru ainda a olhou uma última vez e acenou para Sai, seguindo Kakashi.

Ao chegar do lado de fora do hospital o viu subir em cima dos telhados e voar para Torre a toda velocidade que lhe era permitido, tentou segui-lo mas não era tão veloz quanto Kakashi, no entanto estava tranquilo. Sabia exatamente qual o destino do platinado. O que ele estaria pensando?

O que ele estava pensando? Nada! Estava fazendo tudo o que precisava no automático, seu corpo agia por ele mesmo enquanto a mente estava desconectada.

— Raikage, há um traidor na missão e tentará matar a líder. Estou a caminho de Kumo.

Esse foi o momento que olhou para a porta vendo Shikamaru entrar na sala e ouviu o que era dito.

— Rokudaime, não é uma boa ideia. — Shikamaru tentou alertar mas, nem mesmo lhe deu atenção.

— Você sabe o que precisa fazer na minha ausência. Se precisar use Naruto. — O caminho de Kakashi estava preto no branco, não estava focando em nada na verdade.

Quando estava saindo da sala, algo no seu subconsciente chamou-lhe a atenção e sua mente focou em sua mesa viajando para o dia que trabalhou com Sakura e o inacreditável primeiro beijo deles aconteceu. Essa lembrança o inundou com uma torrente de sentimentos. Sentimentos de medo, sentimentos que passou anos da sua vida tentando bloquear ameaçavam quebrar-lhe a sanidade. Sakura. Sentia-se sufocar, então saiu de lá indo direto para casa, precisava se preparar para a viagem. Planejava sair em menos de 1 hora para aproveitar o horário do trem. Resolveria as coisas por ele mesmo. Não poderia sob hipótese nenhuma perdê-la. Tinha um medo colossal de nunca mais ver o sorriso cheio de vida dela, em escutar sua voz, sentir o cheiro que o fazia enlouquecer. Estava com medo de não mais sentir o seu toque ou de tocar a sua pele. Além de tudo, o maior medo era, que nunca mais conseguir reerguer-se e acabar se perdendo para sempre. Antes ele não tinha esse medo, pois já havia perdido todos que amava, até a chegada do time 7 e agora mais profundamente ao se envolver romanticamente com ela. Não se arrependia em ter deixado Sakura entrar. Em pouco tempo ela havia o feito amar com uma intensidade que nunca imaginou existir, ela o fez sentir-se feliz e sorrir de uma forma que achou que nunca mereceria.

Uma nova chance de amar - kakasakuOnde histórias criam vida. Descubra agora