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Novembro

tick-tock


Draco decidiu fazer uma besteira durante o jantar. Tolo: corajoso por algumas definições, idiota por conta própria. Ele não tinha planejado isso, o que era pior. Simplesmente explodiu depois de infeccionar e se espalhar sob sua pele por tanto tempo. Um olhar de soslaio de seu pai irritou uma ferida que Draco tentou evitar. Nem mesmo a farta sopa de alho-poró que sua mãe delirava tão dissimuladamente em uma tentativa de controlar as gentilezas poderia distraí-lo de coçar a crosta.

"Eu não estou interessado em um noivado," ele disse, o sangue correndo para seus ouvidos.

Sua mãe terminou sua colher de sopa, colocando-a suavemente sobre a porcelana.

Draco balançou a cabeça - para si mesmo, só para si - e ousou seguir em frente.

"Eu só queria ser claro. Depois da conversa que tivemos alguns meses atrás. Há uma menina. E não vou abandoná-la por causa de um acordo político.

Na visão periférica de Draco, ele viu a postura de seu pai endurecer, uma força imponente na cabeceira da mesa. Na frente de Draco, sua mãe se inclinou, uma curiosidade cautelosa tomando conta.

"Quem é ela, querido?" ela perguntou, dobrando intencionalmente o guardanapo de pano e colocando-o sobre a mesa, sinalizando o fim de sua refeição.

A mandíbula de Draco flexionou. Sua mãe pressionou.

"Temos um legado a defender. Qualquer boa dama entenderia isso. Tenho certeza de que quem quer que seja, ela tem um legado próprio a considerar."

Draco riu, explodindo de um lugar de ironia. O legado de Hermione seria maior e melhor do que qualquer um deles já foi.

"Se você soubesse", disse ele, arriscando um olhar casual para o pai. "Eu não vou dizer quem ela é para que você tente pagá-la, ou qualquer plano que você já tenha em mente." Draco não sabia se pretendia se dirigir a sua mãe ou a seu pai com essas palavras, ou talvez ambos em algum estranho conjunto. Apesar de todas as suas falhas, eles trabalharam bem como uma unidade, reagindo aos problemas de maneira semelhante e eficiente.

"Evidentemente não fui claro, Draco."

Seu coração caiu com as palavras de seu pai. Calmas e frias, elas o cortaram com uma eficiência brutal que dizia eu te fiz, eu sei como te desfazer. E ele fez. Seu pai pode não saber mais tanto sobre Draco, mas ele sabia as partes que importavam, as partes que ele ajudou a construir.

Draco cerrou o punho sob a mesa, a coluna rígida enquanto fazia contato visual com sua mãe.

"Você não tem escolha aqui," Lucius continuou. "Se os Greengrasses não tivessem rescindido nosso contrato, você ainda estaria se casando com aquela garota, independentemente da bagunça que você fez. Seus deveres para com esta casa não são opcionais.

Draco costumava desfrutar das refeições com sua família, uma rotina familiar de café da manhã e jantar que os unia: duas vezes ao dia, todos os dias.

Isso era tudo o que ele conseguia pensar enquanto seu pai expunha, com clareza excruciante, exatamente o que se esperava de Draco. Costumava ansiar pelos jantares com os pais, quando podia contar-lhes sobre o seu dia, talvez gabar-se de um novo truque que executara numa vassoura. Sua mãe lhe fazia perguntas, o idolatrava. Lucius implicaria orgulho, ou orgulho-adjacência se Draco tivesse a notícia certa para compartilhar, talvez suas pontuações em poções. E seus pais conversavam entre si, mais do que suas prisões domiciliares, mais do que sua aversão ao Ministério. Mais do que o estado de um mundo que os havia deixado para trás.

Começo e Fim/ Beginning and End (TRADUÇÃO PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora