Briga

2.7K 217 128
                                    


Aquela sexta amanheceu ensolarada, os terrenos de Hogwarts nunca estiveram iluminados por raios de sol tão bonitos antes. Na torre da grifinória os alunos se levantavam, prontos para mais um dia, se sentindo contagiados pelo bom tempo. Harry Potter se levantou e sentou-se a beira de sua cama no dormitório, coçou os bonitos olhos verdes e se espreguiçou na tentativa de espantar o sono.

O moreno buscou por seus óculos, os colocou em seu rosto e se encaminhou para o banheiro. Depois de fazer suas necessidades e sua higiene tomou um banho revigorante, se arrumou e desceu para o salão comunal de sua casa onde seus melhores amigos, Rony Wesley e Hermione Granger, o esperavam. O ruivo estava em pé ao lado de uma poltrona, onde Hermione estava sentada. Harry percebeu que Rony havia acabado de contar algo muito engraçado porque sua amiga estava com o posto vermelho, os lábios abertos emitindo uma risada contagiante. Quando se aproximou Rony se virou para ele e disse:

- Você demorou cara, eu já ia subir para ver se você não tinha desmaiado no banheiro. É serio.

- Desculpa Ron - Harry respondeu, coçando a nuca - Admito que estava com preguiça e fui meio lento para me arrumar e descer. Mas agora já estou melhor.

- Bom... - Hermione falou, se levantado da poltrona - Hora do café da manhã. Vamos?

Os meninos acenaram positivamente e saíram do salão comunal, seguindo a garota.

Draco Malfoy entrou no salão principal com um sorriso no rosto. Havia tido uma das suas melhores noites de sono em Hogwarts e acordou de ótimo humor. Quando o loiro atravessou as grandes portas do salão principal vários olhares se voltaram para ele. Malfoy sempre soube que era muito bonito e conseguia, com maestria, usar tal beleza a seu favor. Funcionava com todos. Ele se aproximava com um sorriso bem charmoso e um olhar intenso de desejo se deixando levar pela vontade de possuir o corpo de quem quer que fosse.

Assim que se sentou na mesa das cobras o loiro observou que o trio de ouro havia acabado de entrar. Rony Wesley, o pobretão ruivo que só possuía coisas de segunda mão pois seus pais não prestavam para comprar nada descente para o filho, Hermione Granger a sangue ruim que se achava uma bruxa brilhante quando, na sua opinião, ela era na verdade apenas regular e ele... O verdadeiro motivo dos desejos sexuais mais profundos de Malfoy, Harry Potter.

Draco notou os cabelos rebeldes que tanto sonhava em tocar. Quantas vezes já se imaginara puxando aquele cabelo para atacar aqueles lábios. O maior sonho do herdeiro Malfoy era ter Potter em seu colo e poder apertar sua bunda, tão forte e depois se afundar nela sem dó ouvindo o grifinório pedindo para ele ir mais forte. Tão gostoso, tão certo.

Infelizmente Harry Potter era, além de seu sonho sexual mais quente e profundo, seu maior inimigo na escola. Sempre fora assim, os dois, sempre se provocando e brigando. Já estavam no sexto ano e nada havia mudado, ainda se comportavam como se estivessem no primeiro. O loiro suspirou vendo os três amigos se sentarem na mesa dos leões, sem tirar os olhos de Potter.

- Não olhe agora mas Malfoy está te comendo com os olhos - Rony disse para Harry, e suspirou - De novo. Ele precisa realmente para de fazer isso. É irritante de verdade.

- Não ligue Ron - Harry respondeu para o melhor amigo - Ele quer exatamente isso, provocar para nos deixar irritados e arrumar confusão. É só ignorar.

- Eu realmente acho que esses olhares que ele vem te lançando nos últimos anos já excederam o limite do bizarro Harry - Hermione disse, em um tom controlado e sensato - Se não fosse tão estranho imaginar diria que ele tem uma atração sexual latente por você. Sério.

- Vocês se deixam levar pela imaginação muito fácil - Disse Harry, desconversando - Eu e o Malfoy? Mais fácil eu comer feijõezinhos de todos os sabores com gosto de cera de ouvido para o resto da vida do que ter qualquer coisa com ele!

Apesar da intensidade de suas palavras Harry sabia que estava mentindo para os melhores amigos e para si mesmo. Já fazia um bom tempo que notara seu desejo por Malfoy crescer cada dia mais. Sempre que brigava com o loiro e ele o olhava com aqueles olhos azuis acinzentados brilhando de raiva o moreno sentia suas pernas bambearem. Tinha certeza de que quem via de fora podia jurar que eles exalavam tensão sexual. E como ele queria poder concretizar tudo que imaginava com o loiro na privacidade de sua cama, embaixo de suas cobertas. Quantas vezes não havia desejado o corpo de Malfoy ali, ao lado do seu, com o loiro beijando seu pescoço. Sentia arrepios só de lembrar do quão fértil podia ser sua imaginação.

Ao final do café os três amigos se levantaram e correram apressados para a aula de feitiços, que seria a primeira do dia, cientes de que par de olhos azuis acinzentados acompanhava cada um de seus movimentos.

Após o almoço Harry andava distraído pelos corredores pensando na aula de transfiguração que começaria dali a alguns minutos. Estava tão absorto nos próprios pensamentos que não notou quando alguém deu um esbarrão forte em seu ombro. O moreno caiu no chão e quando levantou seu olhar para saber quem o havia empurrado deu de cara com Draco Malfoy.

O loiro estava lhe lançando o olhar de desdém de sempre, nada de novo. Quando Harry estava se preparando para perguntar a ele o porquê do esbarrão o loiro disse, em um tom de clara provocação:

- Devia realmente trocar esses óculos Potter, iria lhe poupar muito aborrecimento. É irritante ter você no meu caminho em cada corredor dessa escola. Agora, por exemplo, estou tendo o desprazer de lhe dirigir a palavra e me atrasando porque você simplesmente não consegue enxergar direito.

Draco observou que Harry o olhava, chocado com sua audácia. Sabia perfeitamente que a culpa não era do grifinório, havia sido ele que deu o esbarrão, de propósito. Precisava aproveitar cada chance que aparecia para interagir com o moreno que só o desprezava. Sua fala, entretanto, continha um apelo desesperado. Estava, mais uma vez, pedindo para Potter enxergar direito. Enxergar através de sua arrogância, de sua prepotência e do seu desdém e observar o desejo e os sentimentos que escondia atrás de facetas e sentimentos tão deploráveis.

Porém, ao invés de fazer o que o loiro tanto desejava em seu intimo, Potter se levantou e respondeu a provocação como sempre, para o deleite e desespero de Malfoy. Olhando nos olhos do sonserino, o grifinório disse:

- Me desculpe Malfoy, eu realmente poderia ter prestado mais atenção. Mas como você mesmo disse, eu tenho um sério problema de visão sabe? Simplesmente não consigo enxergar quem é irrelevante para mim.

- Eu entendo Potter - respondeu o loiro, cheio de si - E obrigado por afirmar indiretamente que eu tenho relevância na sua vida, afinal se eu bem reparo, você está sempre me enxergando. Até demais para o meu gosto.

Assim que terminou de falar Draco notou, curioso, que as bochechas de Harry coraram levemente diante de suas palavras. O moreno pareceu desconcertado por um momento, o que atiçou a curiosidade do sonserino. Porém, antes que pudesse dizer qualquer coisa, se assustou com Harry puxando a própria varinha do bolso de suas vestes. O loiro não podia acreditar, Potter queria mesmo duelar com ele? Ali, no meio do corredor?

Revirando os olhos pensando que essa era uma atitude idiota e bem grifinória, Draco também puxou sua varinha. Pronto para atacar o outro. Podia gostar dele mas não iria deixar sus sentimentos permitirem que fosse humilhado em um duelo. Começou então, a lançar feitiços sobre Potter que desviava com muita habilidade, o loiro sabia que o colega era bom duelista mas ficou impressionado ao constatar tal fato na prática.

Após alguns minutos num duelo que parecia não levar a lugar algum Draco, na clara intenção de parar a briga e resolver seus problemas com Potter de forma amigável, acabou por baixar a guarda e foi atingido no peito por um feitiço certeiro do grifinório. O loiro sentiu o copo voar longe e então uma dor forte na cabeça. Potter correndo a seu encontro com o rosto tomado por preocupação foi a ultima coisa que o sonserino viu antes de se entregar a escuridão.

Ala Hospitalar - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora