𝐋𝐚𝐠𝐫𝐢𝐦𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐜𝐫𝐨𝐜𝐨𝐝𝐢𝐥𝐨 → ᴊᴀsᴘᴇʀ ʜᴀʟᴇ / ᴡʜɪᴛʟᴏᴄᴋ'

· • 01 • ·

• Maxinne · Presente •
♪༺༻✧༺ •♡• ༻✧༺༻♪

Chutei a porcaria do pára-choque em descontentamento, era inevitável não sentir raiva na minha situação atual e para minha (in)felicidade meu irmão estava da mesma maneira. Diferente de mim, o moreno estava salivando de raiva e quase espumava pela boca como um cachorro de rua nervosinho. O pneu da nossa Kombi hippie que eu apelidei carinhosamente de Caminhão Monstro estourou, deve ter ficado bem careca depois da longa viagem que fizemos até aqui. Atravessar o país no antigo carro preferido de nosso avô foi bem difícil, ainda mais quando não se tem nenhum pneu reserva do reserva — sim, até o reserva tinhamos usado na nossa jornada. Encarei meu irmão analisando seus movimentos, não parecia saber muito o que fazer nessas situações.

— Vou ligar para Charlie, ele pode ajudar. — Praguejou Callyster procurando o celular nos bolsos de sua jaqueta de couro, foi outro presente que o vovô deixou antes de morrer.

— Não! — Me desesperei saindo de perto do carro e indo na sua direção, assim que parei na sua frente segurei seus braços e encarei ele no fundo dos olhos. Eram verdes e brilhantes, assim como os meus. — Mal chegamos, não podemos depender das outras pessoas para tudo. Sabe que se usarmos as pessoas de muleta vamos nos foder, não é?! Se lembra das últimas vezes? Temos que mudar.

— A cidade está próxima, posso arranjar um pneu e voltar antes do anoitecer. — Sorriu acolhedor segurando meus pulsos para me fazer afrouxar o aperto, em seguida olhou para o lado vendo a paisagem. — O sol vai demorar para se pôr, até lá, pode vigiar a kombi?

— Claro, vou tentar escrever algo por enquanto. Quem sabe eu consigo me distrair. — Dei um toca aqui com ele e me virei na direção do carro, abri a lateral dela e entrei, me joguei e fiquei deitada no meio de um monte de almofadas e cobertas. Meio que transformei o interior da parte traseira da kombi num quarto, talvez seja mais confortável que um.

Procurei meu bloco de notas no meio de toda bagunça demorando uns dez minutos até encontrá-lo entre dois travesseiros no canto. Gosto de escrever músicas, isso alivia o meu estresse e ajuda meu irmão. Ele tem uma banda de rock, no caso tinha antes de nós nos mudarmos. Quem sabe os garotos não apareçam em fork's no futuro, eles são birutas e bem capazes de realizar uma façanha dessas fugindo de casa. Meu irmão é baterista, eu toco contrabaixo, tínhamos um guitarrista, um tecladista e um cantor que estava aprendendo um pouco de violão. Era uma banda completa, vou sentir saudades de participar de campeonatos de bandas e shows. Tentava me expressar no papel com algumas notas musicais de uma música que venho trabalhando ultimamente, contudo, o ronco alto de um carro me alertou para que eu voltasse para realidade.

Me sentei de supetão e joguei o bloquinho em algum canto junto da caneta, ainda estava com a lateral da Kombi aberta e assim pude ver um carro lindo, nunca fui muito fã de coisas caras então não faço idéia de que marca ele seja. Assim que parou do lado da minha van o vidro se abaixou revelando duas pessoas, que na hora eu senti serem diferentes. Meus instintos de lobo se reviraram dentro de mim como se me dessem um sinal de alerta, eles não eram humanos, só se pareciam mesmo. Ao que parece, perceberam que também sou diferente. Os olhos dourados se arregalaram na minha direção, pareciam ver uma assombração em forma de pessoa. Um sentimento surgiu em meu peito como se eu já conhecesse eles, mas me contive numa careta receosa e confusa.

— Precisa de ajuda? — Um cara tão branquelo quanto um pedaço de gesso pergunta ao abaixar o que faltava do vidro, estava sorrindo tentando parecer agradável e a mulher ao seu lado fazia o mesmo que ele.

— Não.

— Certeza? Você deve ser a nova garota que Bella mencionou, vai ficar com Charlie não é? — A mulher que tinha olhos extremamente bonitos perguntou, parecia estar coberta de paz de espírito.