e tua tez molhada acanha o meu âmago
e és tão difícil de se olhar, quando sinto teu afago.
me dói as pernas ao te notar tão alheio
às comoções que insistem em me agitar
e eu posso culpá-lo por não estimar meu toque leve?
durante as noites só sinto fome da sua pele
enquanto tu deves dormir saciado,
em ti já existe esse calor no peito, já está satisfeito
mas ela não sou eu
no olhar dela não enxergas devoção, apenas a exultação.
e talvez gostes, afinal quem sou eu
a ditar os mandamentos da sua paixão?
mas vós não amas ser desejado?
ou prefere fazê-la sentir o próprio ser, ser admirado?
eu sinto egoísmo, inveja e ira
porque só olhas para ela como se a nomeasse a escolhida
e dói no peito, apressa minhas palpitações e machuca minhas mãos
ah, se ela soubesse o quanto a desprezo
jamais ousaria me olhar com tamanha calmaria
mas no fim do dia
tomei uma pílula, da qual alimentei todos vocês
e nessa noite eu dormi tranquila
sabendo que o dia de amanhã não haveria
mas vocês tiveram pesadelos e foram sugados dos próprios apegos (desejos)
e esse trio não mais despertou
mas só um de nós dali suspirou.
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ELÃ
PoetryCompilado de textos de uma mente em movimento, bagunçada e contraditória.