ele olha para o fundo do oceano
espera achar ali a razão do seu tormento
mas não vê nada além do seu reflexo
contido, doloroso e pequenotem medo de mergulhar
e se assustar com a imagem que encontrar
mas sua mãe te dizia "não tema coisas que sabe que precisa"
então ele se joga
mas ao invés de nadar
se afogaele grita, ainda recluso
com a boca entupida
e os olhos vermelhos
ele lembra do seu pai dizer
"só chora quem não sabe se resolver"e ele para. respira o ar que encontra na água
e em minutos ele se transforma
humano algum preveria essa reviravolta
ele nada
sobe
e fogee na areia da praia ele vê a morte
ela diz "menino teimoso, te falei para não me procurar"
ele sorri, maldoso
e, espera, para onde foi aquele garoto medroso?ela se assusta, e agora ela quem está detida
o menino representa a soberania
a ditadura e a falta de ternuraa morte diz "lembre-se de sua mãe, acha que ela se orgulharia?"
ele pensa "isso é uma armadilha"
mas não há tempo, ela vai embora e deixa o garoto para morrer turbulento,
com sua pior pupila
a tirania
ela sorri, cruel
coloca as mãos em seu ombro, e sussurra fiel
"eu te prometo
tortura
agonia
e tristeza"
e diz isso com certa delicadezaele conta que já se afogou, e não tem mais medo do que o machucou
então ela pula e se assusta
minutos antes dele a comer crua
sangrenta
nojenta
e ruim
(é possível que ele ainda ganhe no fim?)e então o garoto se revolta
e passa a adorar a selvageria a sua voltae mesmo diante tanta bagunça, ele sorri vitorioso,
porque agora, ele comandaria o mundo meticuloso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ELÃ
PoetryCompilado de textos de uma mente em movimento, bagunçada e contraditória.