Lumes,

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Abri meus olhos e acordei escuridão

Essa sombra pesada que sussurra no pé do ouvido

Gosmenta como cola

Insuportável como a dor


Sinto meus braços dormentes

Minha perna

Meu corpo



Encaro o escuro acima

E me pergunto o por quê à vida

Acho que nunca soube enxergar

Até que o Sol surgisse

Muito estranho do que dizem, ele é mais sombrio do que parece



Tem um aconchego

Um cheiro

Uma voz

Alguém.



Alguém que a vida, insensível como um escritor

Tirou de mim

Me largando aqui, em um colchão velho

Com o corpo imóvel e sujo



Eu me sinto morta.

Mas sou amaldiçoada com o calor da existência

E o odor da exaustão



É verdade quando dizem que a saudade não mata

Ela não é tão piedosa

Ela aflige, tortura e corrói

A alma que, pelo azar, foi condenada a ficar.

ELÃOnde histórias criam vida. Descubra agora