O vampiro

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Faltavam 3 dias para a lua cheia. Eddie simplesmente proibiu Steve de abrir a janela.

- Eddie, eu sei que você tem sensibilidade com o Sol, mas não é pra tanto...

- Só não abre, ok? - pediu abraçando os próprios joelhos na cama.

Steve caminhou até ele, sentando-se em sua frente e segurando sua mão.

- Que tal tomarmos café agora?

- Estou sem fome.

- Eddie, quando foi a última vez que você comeu alguma coisa?

- Bem...

- Steve, Eddie! - a senhora Harrington bateu na porta. - Vou dar uma saidinha, volto daqui a pouco, ok?

- Ok mãe! - respondeu Steve. - Ei, Eddie - tocou seu rosto.

- Steve... - o seu corpo tremia. - Você confia em mim?

- Claro que confio. Você quer me contar alguma coisa? - perguntou preocupado.

Eddie pediu que ele não fizesse barulho e falasse baixo. Aquelas atitudes do Munson estavam realmente o assustando. Ele não era assim.

- Eu não sou como um ser humano normal...

- Eddie, para de graça.

- Steve - segurou seu pulso com força. - Não é brincadeira.

O Harrington que já estava assustado com as atitudes do Munson, agora parecia de fato apavorado.

- Eddie...

A campainha tocou repentinamente, fazendo com que o Harrington saísse daquela realidade. Ele deixou Eddie no quarto e foi atender. Pensou que fosse sua mãe, ela provavelmente havia esquecido a chave de novo, porém se surpreendeu ao ver Will Byers e Jane Hopper.

- Bom dia, o que fazem aqui? Tá muito cedo para estarem na rua a essa hora.

- Aonde está o Eddie? - perguntou Will baixinho.

- No quarto, por que?

Jane puxou ele para fora de casa e pediu que fala-se baixinho.

- Steve, você precisa ter cuidado com o Eddie - disse ela.

- Por que? O que tem o Eddie?

Will retirou algumas fotos da bolsa.

- Em Hawkins há outros bairros próximos a este. E lá aconteceram algumas mortes como as de Nancy e Mike. Olha, todos com a mesma marca no pescoço e a pele seca e enrugada.

- Deve ser alguma doença.

- Não, Steve. Olha, encontramos um livro nas caixas de fantasia e jogos do Will - retirou o livro da bolsa. - Hawkins sempre foi alvo de muitas lendas. Dizem que a muitas décadas atrás, a cada ano que se passava, uma criatura mitológica aparecia repentinamente para se alimentar. Olha - Jane havia conseguido alguns jornais da época. - 1827, corpos desaparecem durante uma semana e aparecem jogadas em um rio cheio de musgo sem os órgãos e as pontas dos dedos. 1828, mortes repentinas com os olhos sem cor. Alguns anos depois, 1889, corpos encontrados na floresta com as ossos quebrados. 1890, olhos queimados.

- Jane, Jane! Para! Pelo amor de Deus. Isso claramente é notícia sensacionalista! Vocês estão lendo coisas demais...

- Estamos? - disse Will retirando um livro de fantasia e terror. - Frankenstein, Steve? Acho melhor vocês não deixarem mais a janela aberta quando saírem para caminhar no bosque em dias nublados, ou... Funerais repentinos.

- Por acaso você e o Eddie... Tem um caso?

- O quê!? - Steve exclamou indignado. - Olha, já chega. Eu não quero ouvir essa palhaçada, ok?

- Steve, você pode ter uma espécie de vampiro dentro de casa! - falou ela vendo-o se afastar.

- Vão pra casa e esqueçam essa história.

Ele fechou a porta na cara dos dois irmãos tentando raciocinar o que estava acontecendo. "Eu não sou como um ser humano normal". Se isso for verdade... Não, não, não pode ser verdade! Pensou ele. Mas era óbvio que ele sabia que aqueles dois estavam certos, porém não queria acreditar... Ou talvez, ele não queria que machucassem o Munson.

- Eddie... - chamou por seu nome após adentrar o quarto e não o ver ali.

Desceu as escadas e procurou-o por toda parte. Na sala, na cozinha, no quintal...

Quando estava passando pelo corredor para ir ver se ele estava no banheiro, porém parou ao ver a porta do porão meio aberta. Ele sabia que ninguém era permitido de desceu lá embaixo a não ser seu pai e de vez em quando sua mãe, na maioria das vezes para deixar lanches ou entregar alguma coisa para ele.

Suspirou fundo levando a mão até a porta, a empurrando e lentamente colocando um pé no degrau da escada.

Não escutou barulho algum, mas por conta de estar escuro e apenas as pequenas janelas iluminarem o local, fazia com o Harrington sentisse um friozinho na barriga.

Foi descendo os degrais e lentamente sua visão foi tomava por um corpo deitado sobre uma cadeira velha, sua estrutura era gorda e alta, havia um bigode, duas marcas no pescoço, a pele seca e enrugada feito uva passa. Sua boca estava roxa e havia sangue em suas roupas e um pouco ainda escorrendo de sua boca e pescoço.

Seu pai estava morto.

Steve subiu apressadamente as escadas com a respiração ofegante. Não estava preparado pra aquilo. Eddie de fato era um vampiro e estava caçando. Ele não estava se alimentando de comida humana, estava se alimentando da própria carne humana. Bebendo vinho como sobremesa, saciando-se do sangue das pessoas de Hawkins.

- Steve? - Eddie saiu do banheiro vendo-o parado no meio do corredor, respirando alto com os olhos parados. - Ei, está tudo bem?

O Harrington virou-se para ele assustado.

- Você...

- Eu...?

- Steve, Eddie! Cheguei! - era a senhora Harrington. Ela havia voltado do mercado e estava cheia de compras nas mãos. - Aonde estão vocês!? Me ajudem! Rápido!

Os dois permaneceram em silêncio, indo ajudar a mulher que estava atarefada com a casa e preocupada com o marido que não dava notícias a dias.

Após terminarem de ajudá-la, Eddie e Steve subiram para o quarto que ainda estava com a janela fechada.

- Steve, quem era aquela hora na porta? - perguntou Eddie.

- Ninguém... - ele respondeu sentando-se em sua cama.

- Eram aqueles pirralhos, não eram? - se aproximou - O que eles disseram?

- Eddie, não era nada demais.

O Munson subiu pra cima dele, ficando em seu colo com as pernas em seu quadril.

- Steve... Eu sei que eles sabem sobre mim. E você também.

- Então me contam. Me fala a verdade, Eddie! Me diz o que tá acontecendo, o que é você... Me fala aonde você vive e o que faz aqui... por favor.

O Munson estava receoso sobre isso, mas sabia que não era culpa sua.

- Eu conto, mas isso nos colocará em risco. 

The cynical eyes - SteddieOnde histórias criam vida. Descubra agora