O vampiro

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Edward Munson, estava longe de ser uma criatura horrenda como dos livros. Ele era apenas um garoto. Um garoto que almejava por amor e toque físico. Ele sabia que o mundo dos humanos era tão perigoso quanto o seu, afinal, o ser majestoso que reinava era tão cruel quanto um homem. Mas, mesmo assim, ele acreditava que poderia conhecer as pessoas de alma, e não as de carne e sangue. Steve era alma pura. Em momento algum ele pensou em machuca-lo. O seu sangue estava protegido dentre suas veias e nunca sairia de lá, a não ser se o pedisse.

- Que lugar horrível! – exclamou o Harrington enquanto era agarrado por Eddie, esse que sobrevoava os céus daquele lugar com Steve nos braços.

- Precisamos achar o portal sem sermos notados pelo rei!

- Quem é o rei!?

- Você não vai querer saber – respondeu em um tom mais baixo.

Entre arvores e montanhas, aquela sombra gigante sem feição ou massa palpável surgia com fome de medo. Ele era gigante e transmitia pavor em quem o via.

Steve segurou-se ainda mais em Eddie, apavorado.

- O que é aquilo?

- O Devorador de mentes.

Os gritos dos Demobats foram ouvidos novamente por eles, e não pareciam nada calmos. De fato, não seria fácil encontrar o portal, pois ele ficava após a toca do Devorador, o que resultava em morte certa.

Ficaram em uma zona neutra. Não havia saída. De um lado, os Demobats. Do outro, o Devorador de mentes.

- Steve, se segura.

O Harrington, que já estava segurando forte o corpo do Munson, garantiu que ficasse ainda mais próximo, assim não havendo perigo algum de cair.

Fechou os olhos e apenas sentiu o vendo batendo em sua cara. Sabe-se lá para onde Eddie estava indo, mas sabia que estava dando muitas voltas e ultrapassando por lugares estreitos, pela maneira com que suas enormes asas se encolhiam.

De fato, uma aventura e tanto, porém o medo ainda prevalecia.

Eddie parou bruscamente, sobrevoando parado e Steve, ainda assustado perguntou:

- O que houve? – seus olhos ainda estavam fechados. Não obteve respostas. – Eddie, o que houve!? – ele continuou calado. – Eddie...

O Munson pousou no chão, deixando com que Steve soltasse seu corpo lentamente.

Então, ele finalmente abriu os olhos.

- Eddie... que lugar é este?

- Isso aqui... são os tuneis.

- Tuneis? – um som aterrorizante ressoou de lá de dentro. – Eddie, estou com medo.

- Relaxa, é fácil sair daqui, só precisamos fazer com que aqueles monstrinhos não nos encontrem.

- E o Devorador? E os Demobats?

- Demobats?

- Aqueles morcegos gigantes.

- Despistamos eles. Agora, se segura, fecha os olhos e se prepare, quando você menos esperar, estaremos juntos novamente.

- Como assim juntos novamente? – sentiu ele o segurar. – Eddie? Eddie!


Do outro lado, quanto a Lua já deixava o centro dos céus para se despedir da escuridão de Hawkins, Dustin e Robin continuavam na tentativa de acordar Steve. Ele continuava imóvel.

- Dustin, estou desesperada – falou ela chorando. – Esse idiota é meu melhor amigo e eu não posso viver sem ele.

- Tudo bem princesa, para de drama. Ele apenas deve estar tendo uma crise ou sei lá. Já já acorda.

- Crise!? Qual é Dustin, quando você ficou tão babaca assim?

O Henderson estava tão nervoso quanto a Buckley, e isso o fazia dizer coisas estupidas para amenizar a situação. Apenas queria acreditar que aquilo não era uma maldição dos deuses e fingir que era algo totalmente natural.

Mais alguns minutos de espera e o olho de Steve, esse que estava revirando-se a tempos, se abriu em suas belas írises castanhas.

- Harrington! – Dustin saltou pra cima dele com um sorriso enorme na cara. – Finalmente, finalmente! Porra, o que aconteceu?

- Steve! – Robin tocou seu rosto, o abraçando logo em seguida. – Você está bem?

- Caralho, a gente achou que você havia morrido porra!

- Quando você começou a falar tanto palavrão? – ele resmungou se desequilibrando um pouco.

- O que aconteceu com você? Hey, calma, senta aqui – a garota o ajudou a sentar-se no pé da arvore.

- É difícil explicar...

- Tudo bem, vamos pra casa agora. Está tarde e você precisa descantar.

- Ok...

Steve deu uma breve olhada para cima, tendo a visão, mesmo que embaçada pela tontura, de um morceguinho pendurado em um galho de árvore.

Sorriu pequeno e deixou que seus amigos o levassem pra casa. 

The cynical eyes - SteddieOnde histórias criam vida. Descubra agora