III

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Faltando ainda alguns minutos para meia-noite, todos os homens já montavam guarda na longa passagem de pedra do jardim. Carlo, sendo um novato ali, ficou ao final de uma fila indiana formada por homens de terno e sobretudo, perto de Mamma na entrada. Ele era o único que destoava-se de toda aquela formalidade, portando um conjunto básico de camisa e calça, apenas. Logo pôde-se ouvir o som de pneus contra o asfalto.

Quando a porta do carro abriu-se, dois Dobermanns de orelhas eretas e robustos saltaram de dentro. Em seguida, um homem alto e bem vestido saltou do Cadillac preto. Vestia um terno escarlate, justo ao ponto de delimitar suas pernas e braços. A camisa branca com mais botões abertos do que o usual lhe conferia um ar lascivo, deixando à mostra os traços das tatuagens que tinha no peito e pareciam subir por toda a extensão dos braços. Ironicamente, no meio de suas clavículas brilhava uma pequena cruz dourada.

Enquanto caminhava, era recebido por seus homens com cumprimentos educados, lhes retribuindo com um olhar frio e desinteressado. Nenhum daqueles homens recebeu qualquer tipo de tratamento especial. Era suposto que parecesse cansado, mas o rosto irritado e o porte elegante não lhe permitiam expressar tal desgraça.

Seus cabelos brilhavam mesmo à noite, penteados para trás de maneira que não escondia o corte nas laterais. Os dedos longos e alvos, Carlo pôde ver a medida que o outro se aproximava, eram ornamentados por anéis grossos moldados em ouro puro.

E, na lateral de seu pescoço, estava sua marca.

Por um momento, Carlo lembrou-se dos boatos acerca daquele homem, a maneira cruel com a qual, diziam, matava seus inimigos. A tal família carbonizada. Carlo nunca acreditou nesses boatos, e confiava ter feito bem, entretanto, vendo-o tão de perto, Carlo chegava a repensar se fizera uma decisão acertada. De um todo, Park Chanyeol definitivamente parecia capaz de cometer atrocidades.

Ao chegar perto de Mamma, Chanyeol demorou-se num abraço apertado, surpreendentemente, como se fosse um garotinho há muito separado de sua mãe.

Oh Bambino, como rezei por você! - Mamma dizia, ora segurando forte a mão direita do homem alto, ora acariciando seu rosto — Você parece cansado, fico tão preocupada... Venire, venha comer!

Grazie, Mamma! - disse em um italiano carregado, depositando um beijo estalado na testa da senhora, ao segurar seu rosto com as duas mãos. — Correu tudo bem, não preocupe-se demais.

Carlo assistiu àquilo tudo sem dizer palavra. Aquele homem poderia ser afetuoso? Chanyeol estava tão perto de si que podia sentir o cheiro do perfume caro que o maior usava. Então, não soube dizer exatamente, mas Park Chanyeol pareceu-lhe fitar por um momento antes de entrar, e depois, por mais um segundo após sussurrar algo no ouvido de Mamma. Chanyeol poderia querer conhecê-lo.

Snake and Colours | PCY + BBHOnde histórias criam vida. Descubra agora