Seguiram rumo aos vinhedos, passeando pelos corredores aromatizados sem pressa. Chanyeol vez ou outra apanhava pequenos cachos de nebbiolos, amontoando-os nas mãos de Carlo, mandando que experimentasse. Este, por sua vez, mantinha o olhar sobre os campos mais afastados, onde pinheiros e carvalhos pintavam o areal em tons de canela e verde-pálido.
Mantendo o galope lento, notou que já haviam saído da propriedade assim que viu as casas menores, à certa distância, espalhadas pelo terreno. Já estavam longe o suficiente da residência maior. Os moradores, notou Carlo, eram todos trabalhadores daqueles campos. Colhiam e produziam praticamente tudo o que estava na cozinha de Mamma. Alguns animais pastavam bem mais à frente, um ou outro perdido do bando sendo perseguido por um cão barulhento, enquanto a boca de Carlo experimentava o sabor esmaltado das bolinhas aveludadas. Rhaziel estava adiante deles, liderando o percurso; atento a cada milímetro da propriedade, testando a sorte — ou azar — de qualquer desconhecido que tentasse pisar ali sem permissão.
"Poderia eu a levar um tiro, se apressasse as coisas", pensou Carlo, escondendo seu nervosismo ao ter se imaginado em outras circunstâncias.
Chanyeol esporeou seu cavalo, afastando-se de Carlo alguns metros. Desgostando da ideia de manter o capo cavalgando sozinho, mas acima de tudo, cumprindo sua falsa função, Carlo fez o mesmo, parando ao lado do cavalo de pelos escuros.
— O que achou? — Chanyeol proferiu.
— É um lugar bonito. — Carlo disse, sem motivos para mentir.
Chanyeol teve que reformular sua pergunta.
— De Rhaziel, eu perguntei.
—Eu deveria pensar algo dele? Bem, penso que... — enrubesceu, sem nem mesmo entender porquê — ...ele faz o melhor para lhe proteger, apesar da cara horrível. — Carlo respondeu, instaurando um silêncio desconfortável que foi quebrado pelo riso fraco de Chanyeol.
— Só isso? Trovo buono...
Chanyeol repuxou os cantos da boca. Em seguida, desviou desse assunto e falou de coisas corriqueiras, como a produção de vinho ou o quanto aquela vinícola era antiga. Sem querer, Chanyeol comentou sobre sua mãe. Revelara o quanto ela gostaria de estar ali em meio às plantações. O quanto sentia sua falta, porém, só era perceptível pelo tom de sua voz. Carlo compreendeu o apreço que Chanyeol dava àquele lugar ao comentar sobre sua mãe, fazendo notável que aquilo o atingia. Chanyeol, afinal, possuía um ponto fraco. Carlo o sentiu fortemente, desatento a esse detalhe, e começava a lembrar de sua própria família. Por conta disso, prometeu a si mesmo que ligaria para casa assim que retornasse.
