Capo tinha seus cabelos ainda úmidos e caídos sobre seus olhos. Abaixo de sua cintura, uma toalha branca como marfim circuncidava seu quadril. Apenas. Diante de uma visão tão íntima, de descobertas sobre o corpo do outro que até então eram impensáveis, Carlo sentiu seu coração acelerar por alguns segundos, seu rosto enrubescendo sem que o quisesse. Mesmo assim, Carlo permaneceu com um semblante fleumático e pose tranquila.
— O senhor deseja mais alguma coisa? — perguntou.
Chanyeol caminhou até seu quarto de roupas, o menor logo atrás. Aproveitando o momento, Carlo deu uma boa olhada ao redor. Poderia, enfim, descobrir algo útil. Olhando de relance, viu uma porta pequena e escura, de maçaneta dourada e entalhada em madeira. Não deveria ser uma coincidência.
— Eu estava no meio de meu banho.
— Perdão por interrompê-lo dessa maneira, senhor. — Carlo disse, fazendo uma breve mesura. — Estou saindo.
— Você não sairá sem minha permissão. — Chanyeol olhou para ele duramente — Escute.
Carlo o encarou devidamente, escutando-o com atenção.
— Amanhã, quando for conhecer a propriedade, apresente-se ao Rhaziel. Avise que é o novato e — Chanyeol suspirou — não aja bruscamente.
— Sim, senhor. Algo mais?
— Caso Rhaz faça algo desagradável ou insolente, conte-me — Chanyeol falou, próximo demais para quem não tinha roupas no corpo —, por favor.
Sua voz sussurrante veio para abalar qualquer estado de concentração que Carlo possuía naquele momento. Sua voz parecia um convite para um Carlo que não havia nascido ontem. Talvez estivesse pensando demais e, rapidamente, desviou seu olhar para o lugar que intencionava invadir. Carlo só não se deu conta de que transmitiu o que pensara pelo olhar.
— Por que olha tanto para lá?
Carlo se sentiu atônito. Tentou alguma palavra para dissimular o que lhe havia lhe entregado, mas não conseguiu pensar em nada que não fosse matá-lo em seguida. Mas, inevitavelmente, abriu sua boca para dizer:
— Tenho apenas... curiosidade.
— Se este é o caso — disse, sério —, pegue as chaves e descubra.
Carlo hesitou, estava de frente para a chance de sua vida. Então, o outro continuou:
— Se eu não puder confiar em você, gostaria de começar a pensar nos meios dolorosos de matá-lo.
O capo deu dois passos à frente, pegou uma das mãos de Carlo e pôs a pequena chave em sua palma pálida e a fechou. Estava ali, finalmente.
— Você pode sair. Agora.
— Não vou decepcioná-lo, senhor.
Carlo inspirou profundamente. Precisava sair dali. Colocando uma mecha dos cabelos brancos atrás de sua orelha, virou-se rapidamente e, por causa disso, não pôde ver Chanyeol sorrindo, fitando sua figura, de costas, ir embora.