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☆Astrid on☆

Nessa madrugada, mesmo cansada e sem forças, minha mente diz para retirar o vírus do computador de Jake logo, viro para o lado e aqui está meu garoto hacker, deitado com seus braços me envolvendo, odeio estar mentindo para o garoto que amo, odeio guardar segredo dele.

Saio da cama e vou até meu quarto buscando o tal pendrive, o encontrei no meu banheiro, guardado na minha maleta de maquiagem. Sinto uma textura diferente no fundo da maleta que não reconheço, mas ao puxar o objeto me dou conta do que é... uma arma. Puxo a válvula de recarga e há uma pequena bala lá... não é nada bom.

Pego o celular espião e encontro a seguinte mensagem do chefe: "atire em Nymos. Não se preocupe, a bala não irá mata-lo."

Eu... eu não vou fazer isso, já chegaram no limite, não importa, vou dar um jeito nisso.

Vou esquecer da existência dessa arma e não vou usa-la. Guardo ela em uma caixa e coloco no meu baú com chave, ninguém irá mexer lá.

Vou para o quarto de Jake pensando no que eles podem fazer com ele, matar, torturar, manipular. Eu não quero que nenhuma coisa assim aconteça com ele, preciso dar um jeito de salvar todos. Chegando no quarto dele, vou para sua mesa e plugo o pendrive pequeno e cinza sem graça no notebook dele, depois de 20 segundos, como mandado, retiro ele e coloco por trás do pé do guarda-roupa, depois eu pego.

Me deito na cama e cubro meu corpo com o lençol, Jake está de barriga para baixo, um braço por debaixo do travesseiro e o outro colado ao corpo, seu rosto está virado para onde estou, me aconchego ao seu lado, preciso aproveitar enquanto ele ainda me ama, antes que ele não queira nunca mais saber de mim.

-Sinto muito Jake.- Sussurro olhando para seu belo rosto e seu cabelo emaranhado com umas poucas mechas sobre seu rosto. "Sinto muito" ou "Me desculpe" essas palavras tem saído muito de meus lábios ultimamente, mas ainda não é o suficiente.

Acordo calmamente segurando uma mão, antes disso eu tive um sonho desconfortável, mas não me recordo, o que é bom. Abro os olhos lentamente e conforme me adapto a luz posso ver Jake sentado na cama ao lado de Pietro, os dois analisando com os rostos neutros cada movimento que eu faço. Será se já sabem? Por favor, que não seja isso.

Apoio minhas mãos sobre o colchão e empurro meu corpo permitindo-Me sentar.

-Você está bem, Astrid?- Pietro pergunta com seus olhos fixos em mim.

-Estou, foi apenas uma chuva.- Minto, quem dera fosse apenas uma chuva.

Me lembro de exatamente cada acontecimento, de quando consegui ver alguém me seguindo, quando estava naquela prisão solitária, nas mensagens e na noite anterior. Jake me olha como se quem tentasse montar um quebra-cabeça, sua voz sai melodiosa no intuito de conseguir uma resposta.

-O que estava fazendo andando na chuva?- Seus olhos rodeiam cada traço meu.

-Gosto da chuva. Ela tira meus males, por um momento sempre que sinto a chuva fria, esqueço de tudo, isso é... maravilhoso, calmante.

-Como está se sentindo agora?- Jake retorna a perguntar, uma pergunta tão simples que nem ao menos consigo responder.

- Minha cabeça dói muito.- Não tinha notado a dor até uns segundos atrás, é como se o assovio do vento ainda ecoasse em meus ouvidos, como marteladas melodiosas e ritmadas ao mesmo tempo que é insuportável.

Coloco meu polegar na têmpora e os outros dedos na testa- como se isso fosse resolver algo- sibilo sentindo a dor agonizante e Pietro me entrega o termômetro e três comprimidos. Não acredito que á algumas semanas atrás retornei a tomar esses malditos remédios, remédios para amenizar a dor e me acalmar, o outro provavelmente é pra minha dor de cabeça. Jake me passa o copo de água que trouxe ontem e me entrega. Com cada gole de água me forço a colocar pra dentro cada um desses remédios brancos e sem cor. Com o termômetro meço minha temperatura e ela está normal.

The Key - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora