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♤Vinnie on♤

Estou preparando um lanche na cozinha quando Chaira chega, indo diretamente para onde me encontro, no pé do fogão. Chaira e eu temos quartos separados na casa, apesar de as vezes optarmos por dormirmos juntos.

-Bom dia, amor!- ela cumprimenta depositando um beijo doce em meus lábios.- Levantou cedo hoje.

De fato, passei a noite verificando se todos tinham ido embora e meus pensamentos estavam a mil.

-Não consegui dormir.

Seu semblante está neutro quando ela fala:

-Precisamos e conversar.

Ela se afasta sentando na cadeira da mesa e eu vou na direção dela, confuso. Paro e me sento na cadeira na frente dela.

-Aconteceu alguma coisa?

Chaira morde os lábios, nervosa antes de falar.

- Mamãe está doente, eu e minha prima temos que voltar para casa.

Sinto como se tivessem disparado uma flecha contra meu peito. Não sei se consigo ficar sem ela.

-Mas, logo agora que as coisas estão ficando mais calmas. Não pode esperar mais? Sua mãe não pode vim para cá?

-Mamãe não está bem para viajar. Meu vôo foi marcado para esta madrugada. Eu sinto muito.- Seus olhos estão marejados, e a essa altura, os meus também estão. - Você pode me visitar.

- O que vai acontecer com nosso relacionamento?

-Não há outra escolha, a não ser nos separarmos. Não podemos nos prender um ao outro, estaremos distantes de mais.

Pego sua mão por cima da mesa e deposito um beijo nas costas de sua mão.

-Irei sentir sua falta.

-Também irei.- Chaira envolve seus braços a minha nuca com alguns soluços e retribuo o gesto envolvendo sua cintura com um braço e afagando seus cabelos com a mão do outro braço.

...

Quando acordei, minha doce Chaira já houvera partido. Me sinto como se tivessem tirado um grande pedaço de meu coração, como se faltasse uma parte de mim, e isso, dói muito. Estou sem ânimo pra levantar ou mesmo conversar, ela foi a primeira pessoa que amei e nunca vou deixar de ama-la, mesmo que ela me esqueça.

Pretendo ficar deitado, quem sabe ela passe por essa porta a qualquer instante, tudo é possível.

-Vinnie, já são duas da tarde, você precisa sair desse quarto.

A voz de Pietro vaga enquanto a porta é aberta. Quando falo, minhas palavras saem arrastadas, quase que um sussurro.

-Não estou afim, Pietro, vou esperar ela chegar para comermos juntos.

Pietro puxa minha coberta adruptadamente me fazendo encara-lo.

-Enquanto a nossa irmã?

Não serei util em meu estado deplorável, eles dão conta sem mim.

-Deixe que aquele cretino arrume a bagunça que ele causou.

-Vai mesmo deixar que Jake resolva essa bagunça? E se ele só a colocar em mais perigo ?

Ele tem razão, aquele imbecil pode foder mais a nossa vida, mas não ouso dizer.

Os olhos castanhos de Pietro me encaram com uma fúria avassaladora quando ele começa a falar.

-Você está assim por causa daquela garota não é? Aquela agente mexeu com sua cabeça...

Acho ter ouvido algo estranho, então ecoo a palavra.

-Agente?

Os olhos de meu irmão pesam agora, como se sentisse uma culpa.

-Ela era a espiã, ela é do FBI.

-Não. Não não não, você está brincando.

-Não é suspeito ela ter beijado Jake? Não é suspeito a câmera ter pegado no ângulo exato? Não acha estranho o fato de ela ter saído de duskwood pouco tempo do esquadrão que estava aqui ter recebido uma intimação do chefe superior? Não achou estranho o fato de Astrid estremecer sobre aquele nome?

A dor antes se mistura a uma raiva, o sentimento de ter sido traído. Como não cheguei a ligar os pontos? É claro que ninguém me amaria.

Sinto um gosto salgado na boca, lágrimas escorrem pelo meu rosto, lágrimas furiosas e pesadas, lágrimas amargas.

-Ela enganou todos nós. Se não fosse o Richy, eu nunca teria descoberto. Ele viu Astrid conversando com uma garota e achou estranho o comportamento entre elas, liguei um ponto aqui e outro ali e bam.

-Eu achava que ela era normal, que ela realmente estava apaixonada por mim...como eu pude ser tão cego ?

-Não se culpe, ela é uma estúpida e que bom que já foi. Você vai encontrar algo melhor.

Pietro toca meu ombro mostrando estar ali.

.....

Dias depois depois estou com Pietro em casa quando seu celular toca em seu bolso e no quarto toque ele já atende com um olhar curioso, que em poucos segundos muda para um pouco amedrontado.

-Com Richy e Jessy na oficina.- Ele responde para a pessoa do outro lado da linha e coloca no viva-voz.

-Eles querem que joguemos o jogo deles e infelizmente não temos escolha.- Jake fala do outro lado da linha.

-Como assim?- pergunto não entendendo.

-Uma corrida, precisamos ser rápidos. Eles estão indo de encontro com ela. Não temos muito tempo.- Jake parece estar surtando e neste momento, também estou.- Estou a seis quilômetros de distância e eles estão a cinco. Vocês precisam tentar ultrapassa-los, ou enrola-los o suficiente para Astrid fugir.

Uma voz robotizada diz agora entre a linha:

-CAROS COMPETIDORES. É COM GRANDE ALEGRIA QUE DECLARO: QUE COMECEM OS JOGOS.

A ligação é cortada e eu e Pietro descemos as escadas pegando o carro e logo partimos.

...

Assim que entramos na garagem e viramos em direção ao escritório, damos de cara com Mathias apontando um revólver para a cabeça de Astrid.

-Maldito! Solte-a!- Ordeno em fúria.

-Vejo que seu temperamento não mudou nada.- Ele diz calmamente e se vira para Pietro.- Oi Pietro, vejo que o ódio também te afetou um pouco.

-Largue-os e não entregaremos vocês - Pietro fala cautelosamente esperando que Mathias o obedeça.

-O jogo só começa quando todos os jogadores estiverem no tabuleiro. - O homem que o ajudou diz em um sorriso de pura malícia um pouco distante de nós, não tinha percebido a sua presença até agora, apontando um revólver para Jessy e Richy sentados ao lado de onde Darius se encontra de pé.

Pietro porta uma arma sob a camiseta larga, decidimos que ele ficaria com ela, caso contrário, eu já teria atirado.

-Sentem-se, Jake não irá demorar muito.- Mathias fala com os lábios retorcidos em um sorriso maníaco.

-Mathias! Por favor! Deixe-nos em paz.- Astrid branda com puro terror em sua voz.- Ao menos Jessy e Richy, eles não tem nenhuma ligação com isso.

Ele encara as duas figuras no sofá, mas é Darius quem responde.

-Como posso saber que eles não irão buscar ajuda assim que sumirem de vista? Ninguém sairá daqui até termos o que queremos. Até lá...

Ouvimos o barulho de uma moto e então ficamos em silêncio... Pietro e eu vamos até a garagem, nenhum dos dois nos impede.

The Key - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora