No morro

01

                                                                    Luana Oliveira, 20 anos (lua)

Essa vida de professora, um inferno aff, juntei todos os meus livros, cadernos e meu estojo em cima da mesa, joguei minha bolsa na mesa e comecei a arrumar.

Eram quase dez da noite e eu queria muito ir pra casa, apenas a minha sala estava com a luz acesa, acho que tem somente eu nessa escola, olhei pra janela e daqui dava pra ver as luzes do morro.

Dar aula em um morro tem seus defeitos sim, mas eu gosto do meu trabalho sabe, mesmo tendo que passar por mil coisas, como por exemplo aturar deboche, mas eu passo isso por amor, me entende?

Minha turma tem 20 alunos, as vezes acho isso pouco mas ai lembro das outras turmas que se tem 10 alunos tem muito.

Eu moro algumas ruas antes do morro, mesmo assim consigo sentir a criminalidade e a adrenalina.

Eu sou professora daqui por amor mesmo, porque sei que ainda sim, eu posso mudar o futuro de algum aluno, nem que seja de um mesmo.

Mas enfim, quando terminei de guardar o meu ultimo caderno, escutei alguns passos e em seguida, uma pessoa assobiando.

Virei no susto, vendo um moreno alto, com cara de bandido e isso se confirmava com o fuzil nas suas costas, a camisa no ombro, pistola na cintura e outras coisas.

Nos encaramos por um tempo e ele foi se aproximando.

Lua: Oi, boa noite...-falei colocando a mochila nas costas- acho que errou o caminho.

Lobo: Porque acha isso?-perguntou com uma voz grossa.- por eu ser bandido?-concordei-pouco papo e mais atividade!-passou os dedos pelo meu rosto.

Lua: Pode desencostar ai?-encarei os olhos dele e empurrei ele.

Lobo: Sou o dono do morro sabia? Nem te dei moral pra tu vim me encostar!

Lua: Nem eu-ele me encarou.

Lobo: Tenho que repetir quem sou?-neguei.

Lua: O dono do morro eu acho, estou certa?-puxei minha cadeira e sentei.

Lobo: Sim-respondeu olhando em volta-porque tu da aula aqui? Sem bosta nenhuma pra tu, aposto que nem ganha dinheiro!

Lua: Porque cuidar dos moradores se tem alguns que te denunciam?

Lobo: Na moral, tu e muito saidinha!-sorri.

Lua: Posso ir pra casa agora? Fome.

Lobo: Vim saber do meu filho, como ele ta e pa.

Lua: Veio numa hora ruim, quem sabe outro dia- me levantei e fui saindo mas ele me puxou.

Lobo: Eu vim hoje, eu quero pra hoje!- segurou meu rosto deixando nossos rostos quase colados.