V - Criando crianças

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Trindade e Jove correram na direção do barulho, enquanto Filó e Mariana amparavam Irma, ao mesmo tempo que esta tentava acalmar a filha, que se assustara com a confusão e estava chorando.

Os homens encontraram as crianças em frente a uma parede coberta de tela de arame. Maria estava sentada no chão, o vestido sujo, os cabelos desgrenhados. Os outros tinham os olhos arregalados.

- O que aconteceu aqui? - questionou Jove, sério mas com calma.

Anterinho foi quem respondeu:

- A gente queria ir no alto, mas Maria caiu...

- Só ela subiu? - o pai da menina continuou.

- Fui mostrar como se faz, eles tavam com medo - a pequena mesmo respondeu, olhando com deboche para os amigos.

Jove se agachou, verificando o corpo da menina:

- Dói alguma coisa, filha?

- Não, eu sou forte que nem minha mãe - ela afirmou, orgulhosa.

- Acredito... - ele não conteve um sorriso.

Enquanto isso, Trindade examinava a tela e notava que parte dela tinha se soltado, o que devia ter provocado a queda. Ao deslizar para o chão, Maria levou junto algumas tábuas que também estavam meio soltas, o que causou o estrondo e deixou uma falha na parede. Por sorte, a menina tinha apenas alguns arranhões.

O violeiro voltou-se para Antero:

- Filho, ocê tá bem?

- Tô... a mãe vai brigar comigo - o menino estava apreensivo.

- Ela ouviu o barulhão que ocês fizeram, deve de estar aflita. Mas ela há de entender que foi só traquinage de criança. O pai vai tá do seu lado - Xeréu abraçou o filho, confortando-o.

Jove pegou Maria no colo e chamou a turminha:

- Vamos, galerinha. Não quero ninguém brincando aqui por perto do paiol. E não entrem na pilha dessa oncinha aqui, falou? - ele concluiu, fazendo um cafuné nos cabelos da filha.


Ao ver Antero e Trindade, Irma largou o carrinho de Madeleine com Mariana e correu até o menino:

- Meu filho! - ela o examinou rapidamente, não encontrando nenhum ferimento, e o abraçou apertado.

Depois olhou para o marido:

- O que aconteceu? Que barulho foi aquele?

- As crianças tentaram subir na parede do paiol, Maria foi primeiro, mas caiu levando umas tábuas.

- Que perigo! - Ela encarou o menino, com a testa franzida e a voz trêmula - Você não pode fazer isso, meu filho, olha o risco que você correu! Podia quebrar um braço, uma perna, meu deus.

- Mas eu nem subi... - o menino murmurou, assustado com a agitação da mãe.

- Porque sua prima caiu, senão tinha subido, né?

- Foi só brincadeira de criança, Irma, não precisa desse desespero todo - intercedeu Xeréu, já meio apreensivo com o descontrole dela.

A ruiva endireitou o corpo, olhando nos olhos do violeiro:

- É assim que você pensa que vai educar seu filho, Trindade?

O homem respirou fundo, não queria entrar em atrito:

- Ele é só um menino, não fez por mal.

- Podia ter se machucado sério! - Irma continuava nervosa, mas tentando retomar o equilíbrio - E ele precisa aprender o que é certo e o que é errado.

Momentos Felizes da família Novaes TrindadeOnde histórias criam vida. Descubra agora