X - Paz e amor

243 10 13
                                    


- O que você disse? - chocada com as palavras do marido, Irma até parou de chorar.

Trindade continuou com a suavidade que só ele sabia ter:

- Pra ocê pará de falá essas bobage... Ocê é a minha princesa, e só ocê. E continua tão linda quanto no dia em botei meus zóio nos seu pela primeira veiz.

Aquele jeito dele deixou a ruiva mais confusa, porque era difícil brigar com um homem assim. Ela ficou em silêncio por alguns instantes, buscando uma reação, até que as imagens da roda passaram de novo em sua mente e a indignação voltou:

- Você é tonto ou se faz?

Ele ergueu as sobrancelhas:

- Do que ocê tá falando, mulher?

- Vai dizer que não notou que as mocinhas não tiravam os olhos de cima de você? - a ruiva estava quase bufando.

Mas Xeréu continuava sem compreender e tranquilo:

- Elas tavam apreciando as moda...

Irma levantou um pouco o tom, se segurando para não gritar por causa das crianças:

- Ah, Trindade! Você acha mesmo que eram as modas que elas estavam apreciando?

- Se tinha algo mais, eu não me apercebi mesmo. Tava só tocando minha viola e ajudando o Tibério com a cantoria - ele afirmou sem se alterar.

A mulher o encarava como se quisesse sacudí-lo:

- Não é possível... Elas te olhavam como se você fosse um doce na vitrine da padaria!

Só então Trindade pareceu incomodado, falando de um jeito aborrecido, mas sem levantar o tom:

- Mulhé, que jeito é esse de falá de mim?

- Vai dizer que não notou nada mesmo? - ela estava começando a acreditar que o marido era inocente, mas ainda tinha dúvidas.

- Eu tava animado com o tanto de gente me ouvindo tocá. Nem lembro da última vez que toquei pra um público tão grande - ele respondeu de um jeito tão puro que Irma até ficou comovida. Mesmo assim ainda olhava para ele com raiva, e o violeiro continuou - Nosso fio tava do meu lado! Ocê acha mesmo que se eu fosse aprontá, me assanhá pra alguém, ia fazê na frente do menino?

- Ah, então você pensou em fazer, né? - a mulher arregalou os olhos, como se tivesse pego Xeréu no flagra.

O marido olhou bem nos olhos dela:

- Claro que não... Só falei isso pra mostra o bissurdo do que ocê tá pensando. Eu não tenho zóio pra outra mulher, porque a mais bonita, mais cheirosa, mais formosa, já é minha. Ô, princesa... quando foi que lhe dei motivo pra duvidá do meu amor?

- Nunca - ela reconheceu meio encabulada.

- Então, pra quê essa insegurança? Vem cá - ele puxou-a para seus braços e a beijou com paixão.

O beijo foi ficando mais quente, e Irma começou a desabotoar a camisa dele.

- Acho que preciso de um banho, to com o suor todo do dia.

- Você sabe que eu gosto assim... - ela respondeu de um jeito malicioso.

- Sei.. - ele deu um sorriso atrevido, que demostrava que também tinha lembrado das aventuras no galpão - Mas vô me senti melhor banhado. Ocê não qué vim comigo?

O olhar dela estava cheio de vontade, mas a ruiva hesitou:

- As crianças podem acordar...

- Elas tão ferradas no sono, passei no quarto delas primeiro. Antero, então... deve de tá sonhando com a roda. Ele tava lindo, né? - Trindade abriu um largo sorriso.

Momentos Felizes da família Novaes TrindadeOnde histórias criam vida. Descubra agora