XII - Família feita de amor

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Trindade caminhou por horas, procurando em cada moita e árvore. O sol começava a nascer quando ele chegou numa prainha, e viu o Velho recostado numa árvore com uma criança dormindo em seus braços.

- Fia! - o violeiro correu até eles, com as lágrimas caindo. Quando chegou, abraçou a menina apertado - Minha princesinha! Ocê tá bem?

- A menina tá perfeita, só um tanto cansada - respondeu o velho, com um sorriso terno.

Xeréu olhou para o encantado com gratidão:

- Ocê cuidou dela, Véio...

- Mas é claro que eu ia cuidá. Seus fio são como meus neto de coração.

Madeleine despertou com a conversa:

- Pai...

- Tô aqui, fiota... Vô te levá pra casa. Sua mãe tá doida de preocupação - o pai falou ainda emocionado

- Meu irmão não gosta de mim... - a menina fez um beicinho.

Trindade acariciou os cabelos da pequena:

- Gosta sim. Ele só tava com ciúme daquela viola, e cuidado também. Quando ocê tivé a sua, vai entendê.

O olhar de Mad se iluminou:

- Eu vou ganhá uma viola?

- Mas vai sim, quando chegá a hora. E vai sê uma violeira danada, como esse Pantanal nunca viu - Xeréu prometeu, com um sorriso cheio de carinho.

- Eu quero! - ela vibrou, pendurando-se no pescoço do pai, que beijou os cabelos da menina, aliviado.


Um pouco depois, ele entrou na cozinha da fazenda trazendo Madeleine no colo.

- Minha filha! - Irma pegou Mad dos braços dele, beijando a garotinha em várias partes, abraçando todo o corpinho dela.

- Tô bem, mãe... - a menina ficou até assustada com o jeito que a mãe avançou sobre ela.

Antero abraçou a cintura de Filó, soltando um suspiro aliviado.

- Viu? Nossa Senhora do Pantanal e seu pai trouxeram sua irmã de vorta. Agora tá tudo em paz - a morena acarinhou as costas do menino.

- É.. - ele concordou, ainda meio trêmulo.

Irma sentou-se com a filha no colo, deu mais um abraço apertado, e perguntou com cuidado:

- O que aconteceu, minha pequena? Onde você estava esse tempo todo?

- Me escondi no buraco de uma árvore e dormi, daí o Velho me achou, me levou pro barco dele - Mad contou sem entender a gravidade do que tinha acontecido.

- Num disse que o Véio ia protegê a menina? - Juma, que até então só observava quieta, não resistiu ao comentário.

- Ele disse que nossos fio são como neto pra ele - contou Trindade num tom emocionado. Exausto, o violeiro já estava sentado e com os braços apoiados na mesa.

Filó percebeu o estado do compadre e já se agilizou:

- Ocê deve tá varado de fome. Vô passá um café fresquinho, tem bolo que assei há pouco, as chipas são de onti, mas ainda tão boa - ela botou as travessas na frente dele.

- Tô mesmo, Filó. Não como nada desde onti, só pensava em achar minha fia - ele serviu-se de um pedaço generoso de bolo, e deu uma mordida grande - Nossa, eu tava precisado disso - falou ainda de boca cheia, e já cortando um pedaço de queijo também, que a comadre acabara de colocar na mesa.

Momentos Felizes da família Novaes TrindadeOnde histórias criam vida. Descubra agora