Chasing The Sun | Sevmione

Capítulo 6

"Muitos são os obstinados que se empenham no caminho que escolheram, poucos os que se empenham no objetivo"

– Friedrich Nietzche.

Hermione não havia dormido bem naquela noite, o que não era de se estranhar, já que estavam muito perto de serem pegos por Umbridge. Em retrospecto, tinha sido uma coisa estúpida de se fazer, o que só aumentava seus pensamentos incômodos e confusos sobre o padrinho de seu amigo; o que eles estavam fazendo era perigoso e ele deveria estar encorajando-os a serem cuidadosos, ajudando-os a pensar bem nas coisas, e não simplesmente incentivando-os cegamente. Ela não gostava muito de pensar assim, parte dela ainda queria ser a garotinha que tinha total confiança nos adultos ao seu redor para fazer o que era melhor. Crescer não era muito divertido, na verdade.

Ver Snape no café da manhã não ajudou em nada; ela estava tentando esquecer a lembrança do que Sirius havia feito durante metade da noite. Toda vez que olhava para ele, sentia-se quase culpada, o que não fazia sentido; ela não havia participado de nenhum tipo de bullying e, embora admitisse tê-lo xingado algumas vezes, isso tinha sido completamente justificado no momento e nunca tinha sido malicioso. Ela nunca o chamou de qualquer um dos nomes desagradáveis que o resto da escola lhe deu - ocasionalmente, pensar nele como um bastardo não contava, já que ele era um - e ela até tentou não rir do incidente com o Boggart. Então, por que ela estava se sentindo culpada por coisas que haviam acontecido muito antes de ela nascer?

Talvez porque as pessoas envolvidas não se sintam culpadas, ela percebeu lentamente; ao pensar no incidente com o Boggart, ela se lembrou de que havia se sentido um pouco desconfortável com isso na época. Não era exatamente profissional encorajar uma classe a rir de outro professor, e não tinha parecido nada normal o Professor Lupin fazer isso. A escola inteira estava zombando de Snape por causa disso; Hermione tinha vergonha de perceber agora que era a primeira vez que ela parava para pensar em como ele deveria ter se sentido em relação a isso. Ela sempre achou que era errado desrespeitar um professor, mas nunca havia parado para pensar que talvez isso pudesse ter magoado os sentimentos dele.

E, certamente, Sirius nunca pareceu se importar. Ela olhou novamente para o professor de Poções ao longo da mesa da equipe, lembrando-se de como Harry e Ron haviam rido ao aprenderem o apelido Snivellus; ela conhecia os valentões e sabia que não havia dor no mundo que se comparasse a um apelido de infância malicioso. Claramente, os Marotos sobreviventes não se sentiam culpados por suas ações, sempre ignorando qualquer menção à sua rixa, e Dumbledore também havia dito a Snape para superar isso, como se ele não tivesse permissão para ficar com raiva - na verdade, agora que ela pensava nisso, Dumbledore havia se juntado à piada sobre o Boggart; Harry e Ron havia contado a ela sobre o chapéu no biscoito de Natal. Isso também não era justo.

Toda a sua visão do mundo estava sendo virada de cabeça para baixo. Ela só conhecia o verdadeiro papel de Snape há alguns meses; mal chegava a outubro e, mesmo assim, de repente, estava vendo tudo de forma diferente, só porque subitamente percebeu que seu mestre de Poções era um ser humano e que as coisas não eram o que pareciam. Era um sentimento estranhamente solitário, porque ela sabia que seus amigos ainda eram jovens o suficiente para não ver isso.

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Mais tarde, ao falar sobre até onde Umbridge estava disposta a ir em Encantamentos, ela pretendia levantar o assunto, mas sua coragem lhe faltou. Irritada com sua própria fraqueza, ela decidiu discutir o assunto no intervalo e reuniu seus pensamentos da melhor forma possível enquanto os meninos comemoravam a formação do time de Quadribol - eles realmente ainda eram jovens, ela percebeu com um sorriso um pouco triste. Como se o Quadribol fosse importante quando o mundo estava indo para o inferno.

"O que há com você, Hermione?" perguntou Ron, tirando-a de seus pensamentos enquanto observava a chuva escorrendo pela janela.

"Só estou pensando..."