Chasing The Sun | Sevmione

Capítulo 46

"O que há dentro de um homem

Que vai tão mal

Engasgue-se com a culpa que é boa demais para você

Diga uma palavra, eu rirei e o enterrarei

E deixarei você no lugar

Onde você me deixou..."

- Garbage, 'As Heaven Is Wide'.

Muito lentamente, Severus subiu as escadas até o patamar isolado onde ficava o quarto de Dumbledore, atraindo o silêncio frio de suas defesas de Oclumência ao seu redor mais uma vez e deixando que tudo se esvaísse na distância até não tocá-lo mais. Não era como se ele não soubesse que isso aconteceria.

Poppy estava esperando por ele do lado de fora; seus olhos estavam injetados de sangue. "Sinto muito que tenha chegado a esse ponto, Severus."

"A culpa não é sua." Ele puxou a manga da camisa e mostrou-lhe as linhas vermelhas que haviam reaparecido, enroladas em seus pulsos. "Não vejo por que os outros deveriam saber, mas isso teria de acontecer de qualquer forma. Eu sabia disso quando fiz o voto no verão passado." Não ter escolha não era exatamente uma novidade para ele, afinal de contas.

"Você quer que eu fique?"

"Não." Ele sabia que ela não seria capaz de lidar com isso. Além disso, ele queria um pouco de privacidade para uma conversa final com o velho primeiro. "Não deixe a Hermione vir até aqui. Eu não a quero aqui agora. Fique com ela, por favor. Eu lhe diria para tentar fazer com que ela pare de se preocupar comigo, mas acho que estaria desperdiçando meu fôlego."

"Você não disse a ela que isso ia acontecer? Ah, Severus..."

"Ela sabia que era uma probabilidade. Ela só teria se preocupado se eu tivesse confirmado que era uma certeza. Além disso, eu mesmo não tinha certeza absoluta até acordar esta manhã. Desça as escadas com os outros, por favor. Você também, Phineas", acrescentou ele sem levantar a voz. "Não quero que você me observe agora, não desta vez."

Finalmente sozinho, ele respirou fundo e abriu a porta, passando por ela e fechando-a atrás de si antes de se virar.

.

Ele parece tão... pequeno. Severus olhava para seu mestre com uma curiosa sensação de distanciamento; suas emoções em relação a Dumbledore sempre foram bastante complicadas, mas ele sempre o temera até certo ponto, em muitos aspectos mais do que temera Voldemort. Em particular, ele se lembrou da noite em que foi se ajoelhar aos pés do velho e implorar pela vida de Lily; Dumbledore tinha sido inspirador na época, aterrorizante e poderoso, e era fácil ver por que até mesmo o Lorde das Trevas o temia. E agora... agora ele era apenas mais um velho doente.

Seus olhos escuros examinaram a figura deitada na cama de forma desapaixonada. O rosto de Dumbledore estava magro, quase esquelético, e todo o seu corpo parecia encolhido, enfatizando dolorosamente a falta da mão e do antebraço. A escuridão da maldição já havia atingido seu rosto e pescoço, aumentando a coloração amarelada da pele. Severus sentiu um breve lampejo de humor mórbido e de forca; ele está pior do que eu jamais estive. Afastando-o, olhou ao redor da sala e viu Fawkes empoleirada no peitoril da janela aberta; a fênix gorgeava muito suavemente, uma única nota muda, e abaixou a cabeça brevemente em sinal de reconhecimento.

"Severus." A voz de Dumbledore era um sussurro fraco e fraco, mas, embora estivessem afundados e sem brilho, os olhos azuis ainda estavam atentos e conscientes, embora não tão penetrantes quanto antes. Ele podia ver a dor do velho mago e o branco de seus olhos estava cinza; com ou sem voto, obviamente não demoraria muito. O velho tossiu. "Obrigado."