CAPÍTULO 8 - O CASAMENTO NÃO DEU CERTO

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"Meu marido é um ótimo homem fora de casa. Trata todo mundo bem, é admirado por todos. Mas comigo ele é um capeta", desabafou uma esposa durante nossa sessão de aconselhamento. 

As palavras dela ecoam as de muitas esposas e maridos que se frustram em ver as duas caras de seus cônjuges. Esta síndrome das duas caras na verdade é causada pela falha da pessoa em processar corretamente suas emoções negativas. Quando não descarregamos as emoções de forma útil e positiva, elas vão se acumulando e acabamos jogando tudo em cima do nosso parceiro. Conseguimos segurar as emoções no trabalho porque pensamos que os estranhos não têm a obrigação de aguentar nossas frustrações. 

Mas achamos, erroneamente, que nosso cônjuge, sim, tem a obrigação de nos ouvir e entender, não importa como nos comportemos. Por esse motivo, vomitamos todo o nosso lixo sobre o parceiro, sem aquela consideração que temos com os estranhos. Somos educados com os de fora, mas dentro de casa somos uma peste. Não é preciso dizer que essa atitude vai desgastando o relacionamento, causando profundas feridas, e assim muitos casais vão se distanciando e esfriando no amor.

Entenda uma coisa: a pessoa que você é em casa é quem você realmente é. Pessoas com a síndrome das duas caras costumam se aprofundar ainda mais no erro quando observam o seguinte: em casa, o parceiro está sempre infeliz e vive reclamando do comportamento delas; mas fora, os amigos e colegas todos as apreciam e admiram (porque não conhecem a outra cara). A conclusão a que chegam é: "O problema é meu parceiro. Todo mundo gosta de mim, mas ela/ele não. Tenho que sair desse casamento". 

Porém, o problema claramente não é o parceiro. Se elas o tratassem com a mesma educação e consideração que tratam os estranhos, também teriam a admiração e respeito do parceiro. 

A pessoa que somos em casa é quem realmente somos. Por isso, mesmo se nos divorciarmos daquela pessoa que achamos ser o problema, e nos casarmos com outra que nos parece maravilhosa e nos admira tanto, esta pessoa também começará a ver nossa outra cara e passará a fazer as mesmas reclamações que a primeira. Na verdade, nós é que estamos errados. Muitos não enxergam isso e vão casando e descasando, tentando achar "a pessoa certa". 

O problema não é que não achamos a pessoa certa. 

O problema é que não estamos fazendo as coisas certas dentro de casa com aquela pessoa.

Estamos agindo racionalmente com os de fora, mas emocionalmente em casa, jogando nossas emoções negativas em cima de nosso parceiro.

Por essa razão, há muitos que são um verdadeiro sucesso no trabalho, mas um terrível fracasso no amor.

CASEI COM A PESSOA ERRADA

Quando o relacionamento começa a dar errado e a pessoa não consegue que o parceiro seja do seu jeito — alguém que aceite todo seu lixo emocional e atenda a todos os seus caprichos —, então a conclusão óbvia vem a sua mente: "Casei com a pessoa errada." "O casamento não deu certo" ou "Casei com a pessoa errada" ou "Não somos almas gêmeas" são expressões que nos isentam totalmente de culpa quando o relacionamento destrambelha para o fracasso. O que aconteceu com o senso de responsabilidade? 

Nos velhos tempos, um casamento fracassado era vergonha individual. 

Quando o casal tinha problemas e alguém corria para a família ou amigos reclamando um do outro, o conselho que geralmente ouviam era: volte, converse, e se resolvam. A mensagem era clara: lute por seu casamento. Se o casamento fracassar, o fracasso é de vocês. Hoje, quem dá os conselhos costuma tomar as dores da outra pessoa e dizer: "Como ele ousa fazer isso com você? Você merece melhor, dê um chute nele!" "Tem mulher aos montes por aí, por que você vai tolerar isso? Não deu certo com essa, pega outra! "Quer dizer, a culpa é do casamento que deu errado, ou da outra pessoa por não ser a "certa". 

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