HOSEOK: o dentão pra cima

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TODOS OS DIAS QUANDO ACORDO, olho pela janela do meu quarto e me pergunto:"Estou seguindo o rumo correto?", "Qual o sentido disso tudo?", "Como o planeta Terra ainda aguenta os seres humanos?", "Será que existe vida após a morte?"...

— JUNG HOSEOK, NÃO VOU REPETIR! Levanta essa sua bunda da cama e vá tomar banho para ir à escola! — minha "doce" e querida mãe esbraveja da cozinha.

— Estou indo para o banho, general. Repito! Estou indo para o banho, general. Câmbio, desligo! — brinco, ainda me espreguiçando na cama.

De volta ao meu mundo real, percebo que ainda estou preso nessa droga de puberdade.

Ando pensando ultimamente que crescer é algo exaustivo. E que existem certos momentos na vida em que precisamos ser fortes e agirmos rapidamente, para não sermos atropelados pela locomotiva das incertezas juvenis ou, no meu caso, pisoteado por uma determinada menina abusada e sem noção alguma do perigo.


O INFERNO SÃO OS OUTROS
Trilha Sonora: I Feel Like I'm Drowning - Two Feet

Naquela manhã, planejei todas as minhas atividades pendentes do grupo de ciências — organizar as pastas de inscrições para a feira do meio ambiente, escolher novos recipientes para o curso de montagem de terrários e anexar a lista dos novos membros aprovados para o semestre —, porém meu dia não acabou muito bem.

Confusão parece uma palavra bem adequada para definir o resto do dia.

Mal cruzei o refeitório da escola quando uma voz nefasta pronunciou meu nome aos berros. Eu sabia de quem se tratava, Cassandra Melbourne, a razão de todos os meus ataques de pânico. MALDIÇÃO! MIL VEZES, MALDIÇÃO!

— JUNG HOSEOK, PENSE RÁPIDO! — ela abre um grande sorriso e juro que, por instantes, posso enxergar os dois chifres na sua testa e seu tridente a tiracolo, a verdadeira personificação do Capiroto.

— Você não teria coragem? — a provoco. E só agora me toco da asneira que acabei de cometer.

— VEREMOS! — Cassandra fala de maneira incisiva. Seus dedos brincam com uma pequena bola de beisebol e seus olhos faíscam chamas vermelhas.

Engulo em seco e sinto meu estômago embrulhar. Antes que eu possa dizer qualquer outra coisa, ela atira sem piedade o objeto em minha direção.

Adeus mundo cruel, penso comigo mesmo. Pai, mãe, se estiverem lendo esse meu último relato, saibam que os amo muito, tomem conta direitinho do Bazinga (meu gato), plantem uma árvore em minha homenagem e doem todos os meus órgãos.

— DROGA! MEU VESTIDO NOVO! — Rebeca exclama furiosa, e eu constato imediatamente que não morri.


RECAPITULANDO A CENA ANTERIOR EM CÂMERA SLOW MOTION

Eu estava prestes a levar uma bolada estratosférica, até que meus reflexos foram ativados como uma espécie de superpoderes. Abruptamente, larguei minha bandeja e agarrei a bola com total precisão. Lamentavelmente, meu copo com refrigerante voou ao encontro da Rebeca. Em segundos, havia uma mancha gigantesca no seu vestido branco como a neve.


— Você está bem, Beca? — pergunto nervoso. A adrenalina ainda estava alta, mas não o bastante para afugentar meu medo.

— Ela vai ficar ótima! — Cassandra responde, cruzando os braços. — Já você...

— Por quê? — interrompo, sem nem sequer me incomodar em conter a irritação da voz.

Daydream (BTS)Onde histórias criam vida. Descubra agora