⊱✿⊰ 1. Pétalas de um universo resplandecente

325 19 14
                                    

As flores desabrocharam pela manhã, sendo contempladas, apreciadas por sua beleza única e natural, de suave essência. Havia considerado que assim teria acontecido com todas elas, mas os botões vermelhos entre fios de cabelos compridos da cor relva permaneciam cerrados, e nesse ciclo tardio, a garota continuava observando seu amado, sem conseguir tocá-lo ou sequer senti-lo novamente. As plantas são sábias e também experienciam a dor.

Cosmo se sacrificou. Ela extinguiu sua própria espécie para conservar a nossa, deixando seu legado: uma pequena e delicada semente. Tails a plantou e esta ergueu-se do solo, formando galhos, originando folhas, transformando-se em uma árvore adulta tomada por flores que abrem-se vívidas durante a primavera. E suas raízes, de alguma forma, interligam-se com a floresta, conectando ambos ainda mais profundamente, tanto que com somente vê-lo ao longe, abraçado àquele esplendoroso tronco, um alívio percorre seu corpo, até suas sinceras lágrimas decaírem, o regando de saudade.

E como usufruo de tal íntimo conhecimento? Apenas cruzo os braços e ouço o lamentar da protagonista ao meu lado. Sou o único ser — vivo — em que ela está disposta a desabafar, um ombro conhecido para seu choro traspassar. Cosmo cedeu-me confiança, compreendeu meus motivos e os porquês de haver realizado uma tentativa de exterminá-la no passado. Ela agora sabe, encontrava-me ligeiramente assustado. E depois de perceber que aquela seria de fato a melhor opção, pediu àquele que sempre amou para que disparasse, pois desejava que um alguém especial fizesse por mim o que não teria coragem de realizar sozinha. A missão de vida dela fora concluída após sua morte.

Em diante, escolho fazer companhia a elas — Maria e Cosmo — enquanto ainda há de apreciar o plácido pôr do Sol. Ambas também tornaram-se boas amigas em pouco tempo, fazendo a esverdeada garota repensar de que jamais se sentirá sozinha outra vez, além de conhecer um lado meu distinto ao qual ela julgou quando me conheceu em vida, um lado que podia demonstrar atenciosidade e compaixão.

— Ele ainda se importa com você e isso jamais mudará — comentei para Cosmo sem desviar o olhar sério sobre o raposo apoiado em sua árvore. Ela assentiu em silêncio, enxugando uma possível lágrima com a pequena palma, sempre delicada como uma pétala.

— Você está bem? — Maria pergunta, preocupada com ela.

— Sim, estou. Não sei o que faria sem esse apoio, serei eternamente grata aos dois — a plantinha esboçou um meigo sorriso e recebeu um confortante abraço de Maria. Por outro lado, esse contato não me era possível, mas contanto que ela saiba o quão comprometido estou em auxiliá-la no tudo possível, já está de bom tamanho.

De repente, um traço veloz cruza com algumas árvores, parando ao lado de Tails. Tratava-se de Sonic, que tocou no ombro do mais novo, mas pela distância, apenas via seus lábios moverem-se, não reproduzindo um som compreensível. Olhei para Cosmo, que juntou as mãos abertas, inclinadas ao solo fértil.

— Consigo ouvir o que dizem através das raízes — ela disse, cerrando os olhos — Farei um contato mais direto — então uma fina raiz ergue-se da grama e toca-me na perna, o que por minha tremenda surpresa, ela serviu como uma espécie de condutor e agora podia escutá-los com bastante clareza. Os poderes de Cosmo são realmente impressionantes.

— Vamos voltar para casa, Tails, por favor. Você não comeu nada já tem muitas horas — Sonic franzia a testa, apreensivo. Ouve-se um suspiro:

— Está bem...

— Amanhã venho também, não gosto de ver meu melhor amigo sozinho.

— Não me sinto tão sozinho quando estou aqui — Tails olhou por uma última vez a árvore, depois seguiu caminho à frente.

— Espera, acho que estou vendo... — a feição do azulado virou-se até onde eu estava.

— Aquele é Shadow? — Tails questionou-se, confuso.

— Heh, vou lá dar um "amigável" oi para ele, te vejo mais tarde!

— Não se meta em confusões! — advertiu o outro.

— É melhor eu ir agora — disse às garotas num tom enraivecido. Certamente aquele impertinente e veloz ouriço me alcançaria no meio do caminho, mas tentaria fazer algo para que me perdesse de uma vez e eu enfim pudesse retornar para o costumeiro sossego de casa.

 Certamente aquele impertinente e veloz ouriço me alcançaria no meio do caminho, mas tentaria fazer algo para que me perdesse de uma vez e eu enfim pudesse retornar para o costumeiro sossego de casa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𓆮 千loresta do esquecimento 𓆮Onde histórias criam vida. Descubra agora