II.

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Você percebeu ultimamente que estava muito difícil manter uma conversa relativamente grande e significativa com Aki Hayakawa.

Não é segredo para ninguém que você o admira, mesmo que  tente não demonstrar muito. É estranhamente difícil você tirar seus olhos do mais alto quando ele está trabalhando, ainda mais quando ele parece extremamente concentrado. Você se pega muitas vezes com o rosto pousado na palma da mão enquanto vocês dois trabalham, admirando Aki.

Você gosta de olhar para ele, gosta de passar os olhos em seu peitoral e notar as subidas e descidas da respiração calma do homem. Gosta de olhar suas mãos calejadas do trabalho. Gosta de como a voz dele passa pelos seus tímpanos quando ele fala com você.

Você se sentia frustada por ter se afastado nos últimos dias, mas era muito trabalho e isso atrapalhava vocês dois de manterem um contato diário.

- Sabe [Nome], se eu não conhecesse suas ambições, diria que você não serve para caçar demônios. - Aki finalmente havia quebrado o silêncio implantado no pequeno beco onde vocês estavam escorados enquanto observavam o demônio das rosas no outro lado da rua.

- Nós não podemos deixar Deus fazer o trabalho todo sozinho. - Você sorriu e subiu o olhar para ele, mas logo depois redirecionou-se ao pequeno demônio, que parecia estar se aproximando.

- Eu não sou religioso, mas você tem um ponto. - Aki finalmente se movimentou e foi correndo lentamente até o meio da rua, puxou uma pistola do bolso esquerdo de trás da calça de alfaiataria e atirou no pequeno demônio cor vermelho-sangue em sua frente. - Não é legal deixar os velhos fazerem todo o trabalho pesado.

Você riu com a piada de Hayakawa e logo correu para onde ele estava e analisou se o demônio estava realmente morto.

- No fim, quem faz o trabalho pesado é você. - Hayakawa sorriu com a sua colocação.

- Pelo menos assim nós conseguimos conversar. - Aki acendeu um cigarro e andou no meio da rua pouco movimentada, deixando você sozinha.

- Sabe Aki, se for pra me deixar aqui sozinha, o que adianta a gente conversar? - Você disse um pouco alto e correu para alcançar o mais alto.

Ele de repente parou e lhe abraçou desleixadamente somente com seu braço esquerdo. Você sentiu seu corpo quente.

- Eu senti sua falta. - Você sussurrou, Hayakawa era seu único amigo na agência e ficar longe dele te deixava com uma sensação ruim na boca do estômago.

- Me desculpe. - Ele te soltou. - Quando eu entrei na agência, minha prioridade nunca foi ter amigos, mas agora eu tenho você.

- Bom, eu não esperava ouvir algo assim vindo de você. - Você desceu o olhar, envergonhada.

- Nós não temos nada pra fazer agora, quer ir pra minha casa comer alguma coisa? - Aki dizia com o rosto virado.

- Parece uma boa idéia, vamos.

OK, definitivamente não foi uma boa idéia.

Você estava prestes a entrar num lugar relativamente íntimo de Hayakawa e isso lhe deixava um pouco sentida.

Aki tirou o blazer e logo em seguida te ajudou a tirar o seu também, você sentiu sua cabeça girar.

O cheiro dele te deixava com uma sensação de tontura e não ajudou nadinha quando vocês dois decidiram assistir um filme, mas os olhos dele estavam sobre você.

- Não me olhe assim.

- Assim como? - Ele se aproximou.

- Desse jeito ai.

- Não vou saber se você não me explicar.

Você não conseguiu pensar quando sentiu sua mão firme em seu joelho e seu rosto já na frente de seu campo de visão.

- Eu tenho uma pergunta, [Nome]. - Ele voltou para o seu lado do sofá e começou a brincar com a ponta de seus dedos.

Você ficou em silêncio aproveitando o toque.

- Me diga porque suas mãos estão geladas sempre que eu toco nelas. - Ele falou baixinho e deixou um selinho na pontinha do seu dedo indicador.

- Sabe Aki, é um costume seu deixar sensações estranhas em mim quando nós estamos juntos, minhas mãos geladas devem ser uma delas. - Você passou a língua nos lábios rapidamente.

- Você é uma mulher estranha, [Nome], mas eu gosto do jeito que você me olha. - Ele colocou as duas mãos em seu rosto e, de repente, Coraline não parecia ser um filme digno de sua atenção.

Você sentiu os lábios dele pressionando contra os seus, sua respiração estava mais ofegante e você sentiu um apagão.

Naquele momento era só você e ele, ele e você.

Você já tinha dado alguns beijos em certos momentos da sua vida, mas o de Aki parecia diferente. Tinha mais endorfinas e tal.

Depois de toda essa explosão química que estava tendo dentro de você naquele momento, quando Hayakawa se afastou, você sentiu que poderia ter durado mais.

- Preste atenção na Coraline, [Nome].

E lá estava ele, o homem que agora tinha um significado diferente para você.

𝐀𝐊𝐈 𝐇𝐀𝐘𝐀𝐊𝐀𝐖𝐀 𝘪𝘯 𝘤𝘪𝘨𝘢𝘳𝘳𝘦𝘵𝘴Onde histórias criam vida. Descubra agora