VIII.

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Aki Hayakawa é um mistério que não pode ser resolvido. Pode ser estudado, pode ser investigado, mas nunca resolvido.

Ele é um pensamento recorrente em sua cabeça que você simplesmente não consegue lidar e mesmo vocês mantendo um relacionamento amigável (ou algo do tipo) todos os dias você descobre algo diferente sobre esse homem que - de certa forma - te assombra. Hayakawa sempre consegue fazer com que seus olhos fiquem presos nele como um imã.

Na última batalha que vocês tiveram, lutaram contra o demônio da rejeição, no meio do misto de sensações do confronto, você percebeu que Aki é um homem forte e sensível, que não tem medo de se arriscar se for para proteger seus próximos, e isso fez você sentir um calorzinho no peito. 

Infelizmente houveram muitas baixas durante a luta e todo mundo do esquadrão de Aki - exceto você e ele - morreram.

O clima naquela rua de Shibuya era melancólico e sangrento, mesmo com a queda do demônio de volta para o inferno, você não conseguia sentir a sensação de vitória.

E se você estava assim, Hayakawa estava três vezes pior.

Ajoelhado no asfalto rachado, mesmo que gravemente ferido, a dor de Aki era claramente psicológica, ele estava sangrando e mesmo assim era notável que a dor era a morte dos companheiros.

O seu estado também não era dos melhores, você estava em pé na calçada, manca e sangrando, mas ver o Aki lhe deu um impulso de correr o mais rápido possível para acolher todos os sentimentos que estavam à flor da pele nele.

Você se abaixou o abraçou pelo pescoço, sussurou um "Está tudo bem agora, acabou." mas Hayakawa não conseguia reagir com clareza.

Seu mundo desmoronou quando sentiu as lágrimas quentes dele em seu ombro e os soluços baixinhos que saíam dele.

Desde esse dia, seu relacionamento com ele ficou estranho, você tentava se aproximar e conversar com ele, mas Hayakawa se fechava para o mundo.

Você tentou fazer um ato doce, comprou um colar prata com uma estrelhinha pra ele, durante a pausa do almoço, você deixou a pequena caixinha na bandeja do homem. Ele até sorriu por um breve momento quando abriu, mas logo em seguia colocou no bolso do terno e se levantou da cadeira.

Isso te magoou um pouco, mas o sorriso curto e leve que ele deu lhe deixou uma sensação estranha de conforto, mesmo sabendo que vai ser difícil quebrar essa barreira.

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Ok, isso saiu do controle.

Hayakawa bateu na porta de sua casa, o relógio indicava que eram 2h37 da madrugada.

Sua casa é alguns andares abaixo da casa de Aki, mas você nunca recebeu uma visita dele assim (nunca recebeu nenhuma visita dele no geral).

Ele parecia tenso e estava com um travesseiro nas mãos.

- Oi? - Você abriu espaço para que ele entrasse

- Oi, desculpa. - Hayakawa entrou e se sentou no sofá. - É sério, me desculpa, eu acho que não consigo passar essa noite sozinho.

Você se acomodou ao lado do homem.

- Eu sonhei com aquele dia. - Aki começou uma afirmação enquanto sentava em seu sofá e você entendeu na hora o que ele estava dizendo. - Eu não quero me sentir sozinho daquele jeito de novo.

- Você não vai, eu estou aqui com você. - Palavras reconfortantes saíram de sua boca e logo você sentiu os ombros de Aki relaxarem ao redor de sua mão.

- Obrigado, é sério. - O olhar de Hayakawa logo se acalmou, mesmo com a expressão pesada em seu rosto.

- Sabe, Aki. - começou. - Você não devia tentar lidar com tudo sozinho.

Algo nele pareceu diferente quando você disse isso, ele virou o corpo totalmente pro lado que você estava no sofá e passou o dedo indicador pelo seu.

- Me diga. - Você segurou a mão dele. - Me diga o que realmente está em seu coração.

O homem desmoronou em seu busto e te abraçou pela cintura, você passou a mão na nuca dele.

- Eu quero ser forte, [Nome]. - O rosto dele se levantou na altura do seu. - Eu quero ser forte e proteger você, porque você me protegeu no meu momento mais vulnerável.

Você sentiu o sangue subir para as suas bochechas.

- Tch, pare de falar coisas assim com a cara lavada. - Você desviou o olhar e o clima pesado se dissipou. - Quando for se confessar assim ao menos me beije antes. - Você sorriu por um milésimo de segundo até notar o que tinha dito.

Hayakawa levou as mãos ao seu rosto e se aproximou devagar, você sentiu a maciez dos lábios dele por alguns segundos até ele se afastar e te abraçar com um certo preciosismo.

- Eu odeio o sentimento de solidão. - Ele te apertou um pouco mais forte. - Então fique comigo esta noite.

𝐀𝐊𝐈 𝐇𝐀𝐘𝐀𝐊𝐀𝐖𝐀 𝘪𝘯 𝘤𝘪𝘨𝘢𝘳𝘳𝘦𝘵𝘴Onde histórias criam vida. Descubra agora