Aki Hayakawa é um mistério que não pode ser resolvido. Pode ser estudado, pode ser investigado, mas nunca resolvido.
Ele é um pensamento recorrente em sua cabeça que você simplesmente não consegue lidar e mesmo vocês mantendo um relacionamento amigável (ou algo do tipo) todos os dias você descobre algo diferente sobre esse homem que - de certa forma - te assombra. Hayakawa sempre consegue fazer com que seus olhos fiquem presos nele como um imã.
Na última batalha que vocês tiveram, lutaram contra o demônio da rejeição, no meio do misto de sensações do confronto, você percebeu que Aki é um homem forte e sensível, que não tem medo de se arriscar se for para proteger seus próximos, e isso fez você sentir um calorzinho no peito.
Infelizmente houveram muitas baixas durante a luta e todo mundo do esquadrão de Aki - exceto você e ele - morreram.
O clima naquela rua de Shibuya era melancólico e sangrento, mesmo com a queda do demônio de volta para o inferno, você não conseguia sentir a sensação de vitória.
E se você estava assim, Hayakawa estava três vezes pior.
Ajoelhado no asfalto rachado, mesmo que gravemente ferido, a dor de Aki era claramente psicológica, ele estava sangrando e mesmo assim era notável que a dor era a morte dos companheiros.
O seu estado também não era dos melhores, você estava em pé na calçada, manca e sangrando, mas ver o Aki lhe deu um impulso de correr o mais rápido possível para acolher todos os sentimentos que estavam à flor da pele nele.
Você se abaixou o abraçou pelo pescoço, sussurou um "Está tudo bem agora, acabou." mas Hayakawa não conseguia reagir com clareza.
Seu mundo desmoronou quando sentiu as lágrimas quentes dele em seu ombro e os soluços baixinhos que saíam dele.
Desde esse dia, seu relacionamento com ele ficou estranho, você tentava se aproximar e conversar com ele, mas Hayakawa se fechava para o mundo.
Você tentou fazer um ato doce, comprou um colar prata com uma estrelhinha pra ele, durante a pausa do almoço, você deixou a pequena caixinha na bandeja do homem. Ele até sorriu por um breve momento quando abriu, mas logo em seguia colocou no bolso do terno e se levantou da cadeira.
Isso te magoou um pouco, mas o sorriso curto e leve que ele deu lhe deixou uma sensação estranha de conforto, mesmo sabendo que vai ser difícil quebrar essa barreira.
ᓚᘏᗢ
Ok, isso saiu do controle.
Hayakawa bateu na porta de sua casa, o relógio indicava que eram 2h37 da madrugada.
Sua casa é alguns andares abaixo da casa de Aki, mas você nunca recebeu uma visita dele assim (nunca recebeu nenhuma visita dele no geral).
Ele parecia tenso e estava com um travesseiro nas mãos.
- Oi? - Você abriu espaço para que ele entrasse
- Oi, desculpa. - Hayakawa entrou e se sentou no sofá. - É sério, me desculpa, eu acho que não consigo passar essa noite sozinho.
Você se acomodou ao lado do homem.
- Eu sonhei com aquele dia. - Aki começou uma afirmação enquanto sentava em seu sofá e você entendeu na hora o que ele estava dizendo. - Eu não quero me sentir sozinho daquele jeito de novo.
- Você não vai, eu estou aqui com você. - Palavras reconfortantes saíram de sua boca e logo você sentiu os ombros de Aki relaxarem ao redor de sua mão.
- Obrigado, é sério. - O olhar de Hayakawa logo se acalmou, mesmo com a expressão pesada em seu rosto.
- Sabe, Aki. - começou. - Você não devia tentar lidar com tudo sozinho.
Algo nele pareceu diferente quando você disse isso, ele virou o corpo totalmente pro lado que você estava no sofá e passou o dedo indicador pelo seu.
- Me diga. - Você segurou a mão dele. - Me diga o que realmente está em seu coração.
O homem desmoronou em seu busto e te abraçou pela cintura, você passou a mão na nuca dele.
- Eu quero ser forte, [Nome]. - O rosto dele se levantou na altura do seu. - Eu quero ser forte e proteger você, porque você me protegeu no meu momento mais vulnerável.
Você sentiu o sangue subir para as suas bochechas.
- Tch, pare de falar coisas assim com a cara lavada. - Você desviou o olhar e o clima pesado se dissipou. - Quando for se confessar assim ao menos me beije antes. - Você sorriu por um milésimo de segundo até notar o que tinha dito.
Hayakawa levou as mãos ao seu rosto e se aproximou devagar, você sentiu a maciez dos lábios dele por alguns segundos até ele se afastar e te abraçar com um certo preciosismo.
- Eu odeio o sentimento de solidão. - Ele te apertou um pouco mais forte. - Então fique comigo esta noite.