Sexto conto: Estela

26 8 4
                                    

ESTELA

A cidade de Xalapa¹ no México, é cidade natal da jovem Estela Benites, de 14 anos, que vivia com seus avós desde que nascera.

Naquela tarde, a menina estava indo com duas amigas da escola, até o mercado central, onde sua avó tinha uma floricultura. Adorava aquela época do ano, pois estavam quase se aproximando das duas últimas semanas de abril e logo iria ter início o Festival da Primavera. As tradições florais da cidade eram mostradas em todo seu esplendor, enquanto os floristas concorriam pelo melhor arranjo do ano e Estela sempre ficava empolgada com a possibilidade de ajudar com os arranjos de flores para sua avó.

— Ai, Estela! Não acredito que usted* nos convidou para ajudar nos arranjos para o festival! — Disse Ana, uma das amigas que a acompanha.

— Nem consegui dormir direito, pensando nisso, Aninha! Até fiz alguns desenhos, pra ajudar, Estelinha! — Falou Carmem — Olha! Fiz estes aqui! — Alcançando um bloco de desenhos, na direção da amiga.

Estela sorriu, pegando o bloco e agradecendo em seguida.

— Vou guardá-lo na bolsa e ver com calma em casa, está bem? Estou tão empolgada quanto vocês, amigas! Queria muito que a vovó ganhasse este ano. — Sorriu, ao pensar.

A jovem adorava passear pelas estreitas e agitadas ruas da cidade. Ouvir as suaves melodias dos músicos ambulantes, sentir o aroma do café, era para ela uma felicidade muito além do que podia explicar. Estava no seu sangue, nas memórias de seus ancestrais Astecas.

As três iam conversando sobre assuntos variados, tanto sobre o festival que se aproximava, as roupas típicas que estavam planejando fazer idênticas, para celebrarem juntas, os meninos da escola e provar um nieve* de garrafa (sorvete) sabor limão.

— Estelita? Já sabe quais as flores que usará?

— Estou ainda pensando, Ana. Vovó gostaria que eu usasse as azaleias azuis, que ela tanta ama, mas estive pensando em colocar também as nossas delicadas belas-noites² vermelhas e brancas. — Falou, olhando na direção das amigas. — O que vocês acham? - Sorriu.

— Mas sua avó tem rosas perfeitas! E as orquídeas premiadas dela? Por que você usaria logo estas, que são tão sem graça? — Disse Carmem, parando para prender seu cabelo num rabo de cavalo.

— Meninas! Vocês duas deveriam me incentivar e não serem contra! — Falou, fazendo uma careta.

— Olha só, señorita*. É melhor apressar o passo, antes que acabe todos os nieves* de garrafa que tem no mercado! — Carmem disse, antes de sair correndo pela ladeira estreita, rindo das amigas, que ficaram para trás.

O passatempo favorito dos jovens de Xalapa era passear pelo mercado central ou sentar em inúmeros parques e praças que havia na cidade. As três compraram seus sorvetes e ficaram na praça, olhando as pessoas que iam e vinham absortas em suas vidas. De vez em quando uma avistava alguém conhecido e acenava, alegremente. Estela adorava a presença das duas amigas e não saberia viver sem aquela paz e felicidade que sua cidade lhe oferecia. Estava sorrindo, ao pensar no quão amava tudo aquilo e daria sua vida pelas pessoas que amava.

— Ei! Está pensando em quê, Estelita?

— No quanto amo vocês, Ana. — Disse, sem encarar.

— Ownn... Nós também te amamos, mi hermosa*!

As três amigas se abraçaram, antes de irem até a floricultura de dona Rúbia, avó de Estela.

O Festival das Flores, tão esperado pela população de Xalapa, enfim chegou e com ele, muitos turistas, movimentando as ruas, que exploravam os sinuosos becos e monumentos históricos. Era sempre uma concentração de pessoas de vários lugares do México e do mundo também. Para quem vinha de outros lugares do país, a cidade era considerada "Atenas de Veracruz'' um ambiente místico que inspirou inúmeras lendas entre os moradores.

CONTOS ACRÔNICOSOnde histórias criam vida. Descubra agora